A Guiné-Bissau não recebe nem pode enviar correio para o resto do mundo desde o fim dos voos diretos da TAP, a 11 de dezembro, disse hoje à agência Lusa o presidente e diretor-geral da empresa pública postal, Lino Silva.
"Há 13 caixas de correspondência acumulada no aeroporto" a que se 
juntam "outras duas" no edifício dos Correios da Guiné-Bissau (CGB) e os
 volumes crescem a cada dia que passa. 
Segundo o responsável, em Lisboa acumulam-se também encomendas, que incluem medicamentos e documentos. 
Parte do correio oriundo de Portugal chegará a Bissau num cargueiro 
que já deixou Lisboa e que deverá atracar no porto guineense no domingo,
 sublinhou Lino Silva. 
Todas as cartas e encomendas com todo o tipo de materiais circulavam 
entre Bissau e Lisboa nos três voos semanais da transportadora aérea 
portuguesa, explicou aquele responsável. 
Era também a partir da capital portuguesa que era reexpedida toda a correspondência guineense destinada ao resto do mundo. 
Segundo Lino Silva, os CGB já contactaram outras linhas aéreas (Air 
Senegal e Royal Air Maroc) em busca de uma alternativa, mas "ainda não 
houve respostas". 
Conceição Carvalho, técnica de laboratório no Hospital Simão Mendes, 
em Bissau, deixou de receber reagentes e outros materiais hospitalares 
para fazer análises clínicas necessárias para tratar doentes. 
A empresa portuguesa fornecedora "não consegue enviar nada: os 
correios não se comprometem" a entregar as mercadorias em Bissau. 
"Estamos a trabalhar com o que temos em armazém, quando se acabar temos um problema", sublinhou. 
Num dos países mais pobres do mundo, o principal drama é de quem 
"recebia medicamentos pelos correios", enviados por familiares 
portugueses, acrescenta Conceição Carvalho. 
A Farmácia Moderna, que trabalha exclusivamente com medicamentos 
oriundos de Portugal, recorria ao serviço de transporte aéreo e regista 
um atraso que chega a mês e meio na reposição de alguns produtos. 
"Ao virem de barco demoram muito mais tempo" o que provoca uma 
"rutura com algumas consequências, que podem ser graves, dependendo da 
situação clínica das pessoas que os compram", explica o proprietário, 
Pedro Abreu. 
Antes, até era possível receber medicamentos urgentes em poucos dias,
 graças aos três voos semanais da TAP, agora, outras companhias aéreas 
dão prazos demasiado vagos, "até um mês ou dois", para fazer entregas em
 Bissau. 

 
 
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