José Carlos Correia falava na sessão de encerramento da 1.ª Conferência Internacional sobre Políticas de Drogas nos PALOP, que decorreu quarta-feira e hoje na Cidade da Praia e que contou com a presença de especialistas dos "cinco" (Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe), Portugal e Brasil.
Segundo o mesmo responsável, as ideias e as boas práticas defendidas 
na conferência, organizada pelo Governo cabo-verdiano em parceria com a 
organização não-governamental portuguesa Agência Piaget para o 
Desenvolvimento (APDES), indicou serem cinco os pilares que devem 
prevalecer na gestão futura da questão.
Sintetizando, o ministro cabo-verdiano defendeu que, para que as 
políticas comuns tenham sucesso, terá de haver "dignidade" no apoio ao 
tratamento dos toxicodependentes, "pragmatismo" assente em experiências 
devidamente comprovadas cientificamente e "reforço" da ação concertada 
entre os PALOP.
José Carlos Correia destacou ainda a necessidade de as políticas 
terem de ser ainda "engenhosas na prevenção" e "firmes no combate" ao 
narcotráfico e, acima de tudo, criar parcerias entre os diferentes 
governos e as organizações da sociedade civil.
Lamentando a ausência do Governo guineense na conferência - a 
Guiné-Bissau esteve presente, porém, através de várias ONG -, José 
Carlos Correia indicou que, por essa razão, ficou impossibilitada a 
assinatura, na Cidade da Praia, de um protocolo de ação conjunta entre 
os PALOP para o setor.
A segunda conferência, disse à agência Lusa o diretor executivo da 
APDES, José Queirós, deverá realizar-se em fins de 2015, previsivelmente
 em Angola, para que os PALOP possam apresentar-se a uma só voz na 
sessão especial da Assembleia-Geral das Nações Unidas sobre as Drogas, 
marcada para 2016.
A conferência contou também com a presença de três ex-Presidente: 
Jorge Sampaio (Portugal), Fernando Henrique Cardoso (Brasil) e Pedro 
Pires (Cabo Verde).
Paralelamente à conferência, os membros associados dos PALOP, 
Portugal e Brasil da União dos Juízes de Língua Portuguesa (UIJLP), 
presente no encontro, assinaram a "Declaração da Praia", um memorando 
sobre Políticas de Drogas e Direitos Humanos, que os compromete em atuar
 de acordo com os princípios que devem nortear a prevenção e tratamento 
adequado do "flagelo das drogas".
Nesse sentido, será constituído, em breve, um grupo de trabalho, no 
quadro da UIJLP, para análise, troca de experiências e discussão dos 
problemas das drogas, elaborados documentos que uniformizem os 
procedimentos corretos e equitativos, boas práticas e jurisprudências e 
criar um sistema de registo de monitorização dos tribunais.
O documento prevê que as associações de juízes de Angola, Brasil, 
Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe 
criem uma "agenda UIJLP" sobre Políticas de Drogas e de Direitos 
Humanos, para que se possa assegurar a proteção dos tribunais lusófonos,
 avaliando o impacto legislativo e jurisprudencial.

 
 
Sem comentários:
Enviar um comentário