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Joseph Pulitzer

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Piratas atacam ao largo de Angola

Um petroleiro parece ter sido desviado ao largo da costa angolana, disseram os seus proprietários. A confirmar-se isso significa que piratas estão a actuar em zonas até agora livres de pirataria, um desenvolvimento que poderá ter efeitos negativos para as companhias que operam em Angola.


 O petroleiro MT Kerala navegava com bandeira liberiana e perdeu contacto com os seus proprietários, a companhia Dynacom sediada na Grécia, no passado dia 18.

O navio tinha sido visto a última vez a apenas sete milhas náuticas (12,5 Kms) da capital angolana Luanda.

A Dynacom disse numa declaração suspeitar que piratas assumiram controlo do navio.

A confirmar-se isto será o primeiro caso nesta zona e o ataque mais ao sul da Nigéria e do Golfo da Guiné onde pia rataria tem vindo a aumentar.

Até agora o ataque mais ao sul tinha sido registado ao largo do Gabão o ano passado. Já este ano registaram-se dois ataques pirata ao largo da Guiné Equatorial.

Fontes de segurança citadas pela agência Reuters disseram que o MT Kerala estava carregado com gasóleo.

Petroleiros capturados por piratas nigerianos são geralmente libertados após o combustível ser transferido para pequenas embarcações para posterior venda. Às vezes os piratas exigem também pagamento para libertar a tripulação.

Peritos fazem notar que devido á pirataria ao largo da Nigéria os custos de seguros para companhias de navegação e de petróleo subiram grandemente nos últimos tempos. Há receios que se os piratas passarem a actuar mais para o sul o mesmo poderá acontecer com companhias que operam em Angola.

A Reuters cita Ian Millen, director de intelligence da companhia Dryad Maritime  como tendo dito que a confirmar-se o desvio do navio, isto constitui uma ameaça a uma zona até agora considerada segura.

Millen disse que um rebocador de natureza suspeita foi visto na semana passada ao norte das águas territoriais angolanas e foi visto a movimentar-se em direcção à Nigéria.

Esse rebocador foi visto a 17 de Janeiro perto da zona onde o MT Kerala se encontrava.


 Piratas fazem da África Ocidental a segunda região mais perigosa do mundo

O Bureau Marítimo Internacional anunciou que devido ao recrudescer da pirataria no passado, o Golfo da Guiné tornou-se em região mundial mais perigosa, com actos de pirataria quase que a triplicar ao largo da Nigéria.

O negócio de pirataria na costa da Nigéria está em crescendo e o Bureau Marítimo Internacional recenseou 27 ataques no ano passado comparados aos 10 registados no ano anterior.

Os mares da Africa Ocidental fazem agora parte dos mais perigosos do mundo, a seguir a Somália que apesar da redução drástica de pirataria em cerca de 70 por cento no ano passado.

O Director do Bureau Maritimo Internacional Pottengal Mukundan diz que os ataques nos mares da Africa Ocidental são muito diferentes em relação dos que ocorrem na costa da Somália. Na Somália as pessoas são retidas como reféns para pagamento de resgates, diz ele. Na África Ocidental, tudo anda a volta de produtos que os barcos transportam.

“O mais sério desses casos são aqueles em que os barcos petroleiros são capturados para serem roubados partes do seu carregamento. E essa operação leva cerca de 7 a 10 dias, depois a embarcação e a respectiva tripulação são libertadas. E para roubar os carregamentos, os piratas capturam os barcos e conduzem-nos a um local pré-determinado onde um outro, de menor dimensão se encontra a espera e o produto é transferido de um barco para o outro.”

Mukandan diz que isto não quer dizer que a pirataria na África Ocidental é segura, ou seja que não existe perigo, uma vez que os barcos são assaltados por homens armados e no ano passado duas pessoas morreram nesses ataques. Mas considera que as autoridades dos países da região podem parar com esses tipos de ataques sem por em causa as tripulações.

“A localização desses barcos pode ser determinada sem muita dificuldade através de vigilância aérea, por exemplo. E a partir dai a marinha ou forças policiais podem ir capturar os piratas assim que libertem os barcos e as tripulações sem riscos para os reféns.”

A marinha nigeriana capturou alguns gangs de piratas e é a única força de policiamento a operar no Golfo da Guiné. Outros Estados da região não dispõem de capacidades e equipamentos para lutar contra piratas em situações de ataques no alto mar.

O Bureau Maritimo Internacional acusa a falta de meios navais no na região, mas na Nigéria algumas vozes afirmam que o crescente descontentamento na região petrolífera do Delta do Níger é também uma das causas desse problema de pirataria. Jackson Timiyan chefia uma organização juvenil nigeriana com forte implantação no Delta do Níger.

“A primeira causa da pirataria marítima é o desemprego. A maioria dos que nela participam, fazem-na porque o único meio do qual podem sobreviver.”

A maioria dos 31 milhões de habitantes do Delta do Níger vive com menos de um dólar por dia, e as revoltas na região têm ganho adesão popular em partes por causa do fim da amnistia governamental à dezenas de milhares de membros de milícias que no passado reivindicavam mais atenção e investimentos do governo federal.

(in: voa)

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