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Joseph Pulitzer

terça-feira, 11 de março de 2014

Negócio dos passaportes falsos sob escrutínio depois de incidente com avião da Malaysian

É mais fácil passar despercebido com um documento falso ou roubado do que o que se possa pensar – apenas três países usam sistematicamente a base da Interpol.


Antes de entrar num avião, é normal que o passageiro tenha de mostrar o passaporte algumas vezes. Polícia, segurança, check-in, antes mesmo do embarque. Mas raras vezes será verificado se o documento está na lista de passaportes perdidos ou roubados da Interpol. No ano passado, passageiros terão viajado com documentos falsos mais de mil milhões de vezes.

A organização tem, desde 2002, no pós-atentados de 11 de Setembro, uma lista que actualmente tem mais de 40 milhões de documentos ilícitos. Estes podem servir terroristas, contrabandistas de bens, redes de tráfico de seres humanos, ou qualquer outra pessoa que queria viajar sem usar a sua verdadeira identidade. No entanto, apenas três países verificam consistentemente se os viajantes que passam pelo seu território têm um documento legítimo ou um dos que está na lista da Interpol, diz a polícia internacional – Estados Unidos, Reino Unido e Emirados Árabes Unidos.

Entre todos os que passam pelas malhas da segurança, alguns são encontrados: cerca de 60 mil vezes em cada ano, segundo o jornal The New York Times. No entanto, nem sempre que aparece uma correspondência há alguma actividade criminosa: muitos casos são de pessoas que deram o seu passaporte como perdido e que, ao recuperarem o documento, o voltam a usar.
No entanto, já houve algumas detenções importantes graças a esta base de dados: um dos casos mais relevantes foi em Março de 2011, depois de uma operação que juntou investigadores tailandeses e espanhóis, no seguimento da descoberta de que um dos suspeitos dos ataques de 11 de Março em Madrid tinha viajado com um passaporte falso. Acabou com a prisão de vários paquistaneses com uma rede de falsificação de passaportes. Um deles, quando foi detido no aeroporto internacional de Banguecoque, tinha na mala 103 passaportes roubados – europeus, canadianos e israelitas, lembra The Guardian.
A Tailândia é um centro do mercado de passaportes roubados ou falsos. Primeiro, porque é um local  por excelência de cópias de documentos em  e ter especialistas na falsificação de vistos, diz a Reuters. E depois, porque o facto de ter tantos estrangeiros (europeus, americanos, canadianos, israelitas) a passar férias despreocupadamente leva a que seja fácil arranjar documentos.



Deixar documentos como garantia
O até há pouco tempo cônsul honorário da Austrália em Phuket, Larry Cunningham, contou à Reuters como muitas vezes os passaportes chegam às mãos dos grupos que os vendem e falsificam: os documentos ficam como garantia de depósito em empresas de aluguer de motorizadas, skis aquáticos ou outro tipo de equipamento. Quando os turistas o devolvem, o operador diz que estão danificados e exigem o pagamento de depósito. Os turistas sentem-se enganados e recusam pagar, deixando o passaporte na loja, reportando-o como roubado e pendido um novo.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros tailandês diz que entre Janeiro de 2012 e Junho de 2013 foram dados como desaparecidos 60 mil passaportes no país.
Um responsável dos serviços de informação da Tailândia, Tinawut Slilapa, disse à revista The Big Chilli que cada vez mais são vendidos passaportes roubados não falsificados porque há tantos documentos no mercado que os grupos podem dar-se ao luxo de esperar que apareça um comprador com aproximadamente a mesma idade e aparência e quem está no documento.

Um passaporte falso por 500 euros
Um passaporte não alterado poderá custar entre 1500 e 3000 dólares (entre cerca de 2000 e quase 4000 euros) , disse Slilapa. Mas o diário britânico The Telegraph contactou uma série de agências que dizem vender passaportes falsos e que apontavam para um preço de apenas 600 euros para um passaporte completamente falso. “Se tivermos de dar a informação pessoal de uma pessoa real, é muito mais caro”, disse um vendedor. “Mas também é mais seguro”, acrescentou, concluindo: “Claro que não podemos garantir que não vá ser apanhado.”
Com a informação de que dois passageiros da Malaysian Airlines viajavam com passaportes falsos a questão regressou à na ordem do dia, e a Interpol voltou a indignar-se por tão poucos países usarem a sua base de dados de documentos desaparecidos.  
Alguns responsáveis por segurança aérea resistem a ter a base de dados da Interpol integrada nos seus sistemas porque imaginam que será um processo longo e caro, algo que a polícia internacional nega.


 (in: publico)

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