O antigo primeiro-ministro timorense Mari Alkatiri, defendeu hoje o
apoio de Timor-Leste à Guiné-Bissau, após o golpe de Estado de 2012,
decidido contra a vontade da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa
(CPLP).
"Começo por uma questão polémica. O ano passado quando Timor-Leste
decidiu apoiar a Guiné-Bissau fê-lo contra vontade da CPLP e as pessoas
não entendiam porque Timor-Leste decidiu apoiar um povo irmão", afirmou
Mari Alkatiri.
O secretário-geral da Frente Revolucionária do Timor-Leste
Independente (Fretilin) falava na conferência "África/Timor-Leste:
passado, presente e futuro", que decorreu no Ministério dos Negócios
Estrangeiros em Díli, no âmbito da celebração do Dia de África,
assinalado no domingo.
"Fizemo-lo conscientes das relações históricas e culturais que unem
num passado longínquo e recente. Fizemo-lo porque tivemos a perceção de
que era a nossa vez de mostrar a solidariedade", afirmou Mari Alkatiri,
lembrando que a Guiné-Bissau foi o primeiro país a reconhecer a
independência de Timor-Leste.
"Um dirigente de outro país disse que não devíamos ter feito isso
porque o governo era ilegítimo. Respondi que a comunidade era de países e
não de governos", acrescentou.
Timor-Leste apoiou o processo eleitoral na Guiné-Bissau, que conduziu
à realização das eleições legislativas e presidenciais, com mais de
quatro milhões de euros.
Na sua intervenção, Mari Alkatiri recordou também o apoio dado pelos
Países Africanos de Língua Portuguesa à frente diplomática durante a
ocupação indonésia de Timor-Leste afirmando: "Partilharam a sua própria
pobreza para nos ajudarem a fazer o nosso trabalho".
Em declarações à Lusa no final da sua intervenção, Mari Alkatiri
defendeu também uma CPLP mais ativa nas relações económicas
internacionais para deixar de ficar limitada a uma organização para
"matar saudades".
"Não nos limitemos só a fazer da CPLP uma organização para matar
saudades, falar do passado, é preciso que seja uma CPLP que possa
intervir nas relações internacionais de forma sistemática e coerente e
fundamentalmente nas relações económicas internacionais", afirmou Mari
Alkatiri.
Timor-Leste assume pela primeira vez durante a cimeira de chefes de
Estado e de Governo da CPLP, marcada para 23 de julho em Díli, a
presidência da organização.
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