Dificuldades na Guiné-Bissau obrigam meios de comunicação a 'vender-se'
A poucos dias do início da campanha há um "quadro de dificuldades financeiras em que alguns órgãos se estão a vender", referiu Mamadu Candé, presidente do Sindicato dos Jornalistas e Técnicos da Comunicação Social (Sinjotecs) à agência Lusa.
"A comunicação social teve de comprometer a sua independência em troca da sobrevivência financeira" durante a campanha, concluiu na altura o relatório da missão eleitoral da União Europeia (UE) que analisou alguns dos casos.
"Os órgãos de comunicação públicos e privados cobriram o processo eleitoral com condições financeiras extremamente difíceis, o que influenciou a sua capacidade de oferecer uma cobertura equilibrada e imparcial, pondo em causa o pleno gozo da liberdade de imprensa", destacou-se no documento.
No caso do sector público, uma greve calou a televisão e rádios nacionais durante vários dias - afectando inclusivamente a transmissão dos tempos de antena.
Apesar de a situação estar, por agora, pacificada, Mamadu Candé realça que os trabalhadores dos órgãos públicos têm entre quatro a seis meses de salários em atraso, a que se somam alguns subsídios por pagar.
O presidente do Sinjotec faz um apelo à solidariedade dos parceiros internacionais da Guiné-Bissau para que possam ajudar de imediato os órgãos de comunicação social e jornalistas com dinheiro ou equipamento.
"Com o governo não podemos contar, já deram exemplos de que não têm interesse nisso. Dos parceiros da Guiné-Bissau precisamos da solidariedade de todos, senão vamos ter uma comunicação social dependente dos candidatos", realçou.
Os órgãos de comunicação social guineenses receberam nas últimas semanas apoio material das Nações Unidas e os meios estatais beneficiaram de ajuda financeira da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO).
No entanto, Mamadu Candé receia que o auxílio concedido não esteja à altura da responsabilidade dos "media" para "criação de um clima de paz e tranquilidade que o povo merece e precisa de ter".
Imparcialidade em causa
Mas dificuldades financeiras no país fizeram com que alguns órgãos de comunicação social quase se tenham sentido na obrigação de fazer alguns favores aos candidatos às eleições e sejam alvo de manipulação.
Esta denúncia foi feita à agência de notícias Lusa por Mamadu Candé, presidente do Sindicato dos Jornalistas e Técnicos da Comunicação Social (SINJOTECS).
Aquele responsável aponta como exemplo situações em que os candidatos pagam um valor diário aos jornalistas para que os acompanhem em determinadas ações, caso contrário, podem não ter meios para o fazer.
"Um candidato para levar consigo um jornalista e depois pagar perdiem, isto não tem nenhuma independência e objectividade, há riscos enormes", critica Candé.
Mas o presidente do sindicato ressalva que "alguns órgãos, não digo todos, estão a vender-se, o que é perigosíssimo."
Para Mamadu Candé, há outras situações que ocorreram na campanha para a votação de 13 de abril passado que não gostaria que se repetissem para a segunda volta.
O sindicalista exemplifica: "Avançaram com sondagens, que nem científicas são, mas essa é a realidade do país e esperamos que na segunda volta isso não venha a acontecer."
O presidente do SINJOTECS fez um apelo à solidariedade dos parceiros internacionais da Guiné- Bissau para que possam ajudar de imediato os órgãos de comunicação social e jornalistas com dinheiro ou equipamento.
Recorde-se que os órgãos de comunicação social guineenses receberam nas últimas semanas apoio material das Nações Unidas e os meios estatais beneficiaram de ajuda financeira da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO).
No entanto, Mamadu Candé receia que o auxílio concedido não esteja à altura da responsabilidade dos media para "criação de um clima de paz e tranquilidade que o povo merece e precisa de ter".
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