Infali Biai, 42 anos, recebeu formação e é um dos agentes que explica 16 práticas de saúde essenciais às 50 famílias que tem a seu cargo, mesmo nas aldeias mais remotas - e as quais monitoriza e encaminha para serviços de saúde em caso de doença.
"As famílias já perguntam por mim quando demoro mais até voltar a passar lá por casa", contou Infali Biai à agência Lusa, à margem da cerimónia de aniversário do Programa Integrado para a Redução da Mortalidade Materno-Infantil (Pimi), realizada hoje no Hospital Regional de Canchungo.
O impacto da iniciativa, que se prolonga por mais dois anos, já é visível na redução de algumas doenças, conta Francisco Baldé, delegado de saúde regional adjunto para a região de Cacheu.
Graças à distribuição de medicamentos gratuitos há sinais de abrandamento "nos casos de paludismo e diarreias", problemas de imediato atacados, ao contrário do que acontecia antes, por falta de dinheiro para ir à farmácia.
"É um custo muito elevado para a nossa população", num dos países mais pobres do mundo, reconheceu à Lusa, Valentina Mendes, ministra da Saúde do Governo recém-empossado.
Num cenário difícil, o programa rema contra a maré e "está a levar mais gente aos serviços de pediatria e à maternidade, pelo que deve ter continuidade", sublinhou.
A União Europeia financia 80% do custo total do Pimi, 8,9 milhões de euros, sendo os restantes 20% cobertos por outros três parceiros: Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), Instituto Marquês de Valle Flôr (Portugal) e Entraide Médicale Internationale (França).
O objetivo é que as mulheres grávidas e as crianças com menos de cinco anos beneficiem, através do programa, de melhor acesso a cuidados de saúde básicos nas regiões de Biombo, Cacheu, Oio e Farim - abrangendo 530 mil pessoas, ou seja, cerca de um terço da população do país.
Está também previsto que as estruturas de saúde passem a dispor de recursos adequados à prestação de cuidados de saúde materno-infantil (infraestruturas e equipamentos das salas de parto e de cirurgia).
O Pimi constitui "um espaço apropriado para acelerarmos avanços na gestão integrada das doenças da criança e da mãe e na busca de soluções e medidas adequadas ao nível da saúde comunitária", destacou hoje Abubacar Sultan, representante do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) na Guiné-Bissau, falando em nome dos parceiros da UE no programa.
De acordo com aquele responsável, segundo os dados mais recentes, a taxa de mortalidade infanto-juvenil na Guiné-Bissau é de 129 por 1000 nascidos-vivos e a taxa de mortalidade materna é de 560 por 100.000.
"São das mais elevadas [taxas] da nossa região e do mundo em geral", destacou.
(foto: lusa) |
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