Apesar dos avanços para a equidade de género, ainda existe uma grande lacuna em áreas críticas como representação política, desigualdade salarial e educação, destacaram as Nações Unidas às vésperas da celebração anual do Dia Internacional da Mulher, comemorado em 08 de março.
Pedindo a adopção de uma agenda transformadora, a ONU Mulheres enfatizou a necessidade de estabelecer 2030 como a “data de validade” para a disparidade de género.
De acordo com a agência da ONU, hoje cerca de 50% das mulheres em todo o mundo possuem empregos remunerados – um aumento de 40% em 20 anos. No entanto, essa proporção não se reflecte na equidade salarial, com as mulheres ganhando em média 77% a menos do que os homens.
“As mulheres trabalhadoras estão melhor agora do que há 20 anos? A resposta é um rotundo sim. Este progresso atendeu às nossas expectativas? A resposta é decididamente um não. Precisamos ser inovadores, para reformular o debate e intensificar o foco na garantia dos direitos das mulheres no trabalho”, declarou o diretor-geral da Organização Internacional do Trabalho (OIT), Guy Ryder.
Na esfera internacional, por sua vez, a comunidade global tem reconhecido amplamente a necessidade de aumentar o papel das mulheres na construção da paz nos países pós-conflito. No entanto, os dados ilustram um quadro surpreendente: hoje, apenas uma em cada cinco parlamentares é mulher e estima-se que no ritmo actual de progresso somente em 81 anos as mulheres alcançarão a paridade no mercado de trabalho.
O acesso à protecção da maternidade melhorou – a percentagem de países que oferecem 14 semanas ou mais para licença maternidade aumentou de 38% para 51% – porém mais de 800 milhões de mulheres que trabalham em todo o mundo ainda não contam com a protecção da maternidade adequada, o equivalente a 41% da força de trabalho feminina em todo o mundo.
Pequim+20
A ONU se prepara para o 20º aniversário de adopção da Declaração e da Plataforma de Acção de Pequim – Pequim+20 -, o “projecto internacional” para a igualdade de género e empoderamento das mulheres. A data será marcada por debates sobre as questões de género ao longo da próxima semana, incluindo um debate temático de alto nível sobre a “Promoção a Igualdade de Género e Empoderamento das Mulheres e Meninas para um Agenda de Desenvolvimento Transformador pós 2015″.
“A conclusão que se tem 20 anos depois de Pequim é que, apesar do progresso ainda levaremos anos, até mesmo décadas para que mulheres desfrutem dos mesmos direitos e benefícios no trabalho. Em muitas partes do mundo as mulheres são subvalorizadas em seus empregos, com baixas remunerações. Não têm acesso à educação ou formação e tem poder de negociação e tomada de decisão limitados”. disse a chefe do Departamento de Género, Igualdade e Diversidade da OIT, Shauna Olney.
A boa notícia é que mais países estão reconhecendo as responsabilidades de cuidados dos homens – o número de países que fornecem algum tipo de licença paternidade duplicou, passando de 38% em 1994 para 56% em 2013. Mas, apesar disso, “as mulheres continuam a arcar com a maior parte da responsabilidade pelo cuidado da família, muitas vezes limitando o seu acesso a um emprego remunerado ou as forçando a procurar empregos de meio período, que tipicamente não são bem pagos”, disse a OIT.
Mulheres defensoras dos direitos humanos
O alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Zeid Ra’ad Al Hussein, destacou “a necessidade urgente de que as mulheres participem de todas as discussões para respostas estratégicas à violência extremista, à discriminação e às privações de todo tipo”.
Para ele, os Estados devem aproveitar a comemoração do Pequim+20 para dar um passo além dos pronunciamentos, para desafiar e desmantelar genuinamente as estruturas de poder e as dinâmicas que perpetuam a discriminação contra a mulher. “Em todos os cantos do mundo, pode ser feito mais para preservar e apoiar os direitos das mulheres, o acesso ao trabalho, à saúde, e sua capacidade de tomar controle das decisões que afectam qualquer aspecto de suas vidas”, declarou.
Além disso, Zeid homenageou as mulheres defensoras dos direitos humanos, saudando sua coragem para enfrentar enormes obstáculos “a mudança real não vai ocorrer a menos que mulheres e homens lutem por esses direitos, e na linha de frente desta luta estão as mulheres defensoras de direitos humanos”, disse. “Todos nós, juntos. Homens, mulheres, crianças, temos que agir conjuntamente para erradicar a discriminação de género. Vamos fazer isso acontecer”.
ONU - Um grupo de trabalho da Organização das Nações Unidas (ONU), especializado em discriminação contra a mulher alertou, nesta sexta-feira (06), que as conquistas alcançadas nos últimos cem anos na luta pelos direitos das mulheres está sob ameaça.
“Temos visto sinais de retrocesso, frequentemente em nome de culturas, religiões e tradições, que colocam em perigo o suado progresso em alcançar a igualdade das mulheres”, informou o Grupo de Trabalho sobre discriminação contra as mulheres, antecipando discurso do Dia Internacional da Mulher, celebrado em 8 de Março.
Os especialistas em direitos humanos apontam que “a discriminação contra a mulher persiste tanto na esfera pública quanto na privada, em tempo de paz ou de conflito, em todas as regiões do mundo. Nenhum país no mundo conseguiu alcançar ainda uma igualdade significativa para as mulheres.” A média de participação feminina global na vida pública e política continua muito baixa – cerca de 20% do parlamento e 17% dos chefes de governo. As mulheres continuam recebendo salários menores sendo pouco representadas em cargos de liderança em empresas, instituições internacionais e sindicatos.
“Continuamos a testemunhar estarrecedoras formas de violência em nome da honra, beleza, pureza, religião e tradição”, disse o grupo. “Muitas mulheres têm sido privadas de sua saúde e direitos sexuais e reprodutivos.”
A cada ano, cerca de 50 mil mulheres morrem como resultado de abortos clandestinos e outras 5 milhões sofrem de complicações devido à falta – ou negligência – de serviços de saúde reprodutiva, de acordo com recente estudo da Organização Mundial de Saúde (OMS). Completamente evitáveis, as mortes maternas continuam altíssimas em muitos países.
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