Os membros da força de elite do exército do Burkina Faso anunciaram, esta quinta-feira, terem tomado o poder no país. Numa declaração televisiva, um dos responsáveis do poderoso “regimento de segurança presidencial” anunciou a demissão do presidente e a dissolução do governo provisório, com vista a organizar as eleições previstas para 11 de outubro.
Os golpistas, que encerraram provisoriamente as fronteiras do país,
tendo declarado o recolher obrigatório a partir desta quinta-feira,
entregaram o poder ao chefe da força de elite, o general Gilbert
Diendéré.
O homem que pretende agora liderar o país até às próximas eleições é
uma figura próxima do político que governou o território durante 27
anos, Blaise Campaoré.
O golpe de estado ocorre quase um ano após a queda do anterior chefe
de estado, depois de uma vaga de contestação popular que provocou 24
mortos em menos de 48 horas, em outubro de 2014.
Numa entrevista à revista “Jeune
Afrique”=http://www.jeuneafrique.com/265138/politique/exclusif-general-gilbert-diendere-sommes-passes-a-lacte-empecher-destabilisation-burkina/
, o líder da junta militar justificou a decisão de tomar o poder com,
“a grave situação de insegurança pré-eleitoral vivida no país”. Diendéré
afirma também, “ter passado ao ato”, face às, “medidas de exclusão
levadas a cabo pelo governo provisório”.
Desde a queda de Campaoré que os responsáveis do governo transitório
tentam desmantelar a poderosa guarda presidencial do país, uma unidade
composta por cerca de 1.300 homens. O general Diendéré, até hoje o
responsável da força de elite tinha sido demitido em novembro do cargo
de chefe de estado maior do exército, e desde então que vários ministros
exigem a dissolução da força, considerada como “um exército dentro do
exército”.
Na terça-feira, uma comissão para a reforma do estado, tinha voltado
a exigir a dissolução da força militar, ao mesmo tempo que aprovava a
proibição de que candidatos próximos do antigo presidente se pudessem
apresentar às eleições.
Duas razões que justificam hoje a revolta dos militares que, para
já, não contam com o apoio do exército regular, nem da polícia militar. O
apogeu do braço de ferro que dura desde há vários meses ocorreu na
quarta-feira, quando vários elementos da guarda presidencial irromperam
na reunião do Conselho de Ministros, sequestrando o atual presidente do
governo provisório, Michel Kafando, o seu primeiro-ministro e
responsável da Defesa, Isaac Zida, assim como outros dois ministros.
Os quatro homens encontram-se neste momento em paradeiro
desconhecido, embora o general Diendéré, tenha já afirmado que serão
libertados em breve.
O golpe de estado mergulha agora o país na incerteza, a semanas das
eleições concluírem o processo de transição política. A comunidade
internacional, dos Estados Unidos a França, passando pelo Conselho de
Segurança da ONU, condenaram a acção dos golpistas em plena campanha pré-eleitoral.
Desde ontem que a capital, Ouagadougou, é palco de protestos contra o
sequestro do chefe de estado. Há relatos de tiroteios e pilhagens da
sede de vários partidos políticos que teriam provocado pelo menos oito
feridos.
A principal confederação sindical do país convocou uma greve geral,
para sexta-feira, para exigir o regresso do governo provisório e a
retoma do processo de transição.
Em paralelo, alguns meios de comunicação social do país indicam que o
ex-presidente Campaoré, que se encontrava exilado em Marrocos, poderia
ter viajado ontem para a República Democrática do Congo.
Os acontecimentos das últimas horas no país voltam a levantar
questões sobre a responsabilidade do presidente deposto no actual golpe
militar. Girbert Diendéré assegura, para já, que “a proximidade com o
Congresso para o Progresso e Democracia (o partido do ex-presidente) não
é a razão que nos levou a agir”.
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