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Joseph Pulitzer

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Burkina Faso...

Os membros da força de elite do exército do Burkina Faso anunciaram, esta quinta-feira, terem tomado o poder no país. Numa declaração televisiva, um dos responsáveis do poderoso “regimento de segurança presidencial” anunciou a demissão do presidente e a dissolução do governo provisório, com vista a organizar as eleições previstas para 11 de outubro.

 
Os golpistas, que encerraram provisoriamente as fronteiras do país, tendo declarado o recolher obrigatório a partir desta quinta-feira, entregaram o poder ao chefe da força de elite, o general Gilbert Diendéré.
O homem que pretende agora liderar o país até às próximas eleições é uma figura próxima do político que governou o território durante 27 anos, Blaise Campaoré.

O golpe de estado ocorre quase um ano após a queda do anterior chefe de estado, depois de uma vaga de contestação popular que provocou 24 mortos em menos de 48 horas, em outubro de 2014.
Numa entrevista à revista “Jeune Afrique”=http://www.jeuneafrique.com/265138/politique/exclusif-general-gilbert-diendere-sommes-passes-a-lacte-empecher-destabilisation-burkina/ , o líder da junta militar justificou a decisão de tomar o poder com, “a grave situação de insegurança pré-eleitoral vivida no país”. Diendéré afirma também, “ter passado ao ato”, face às, “medidas de exclusão levadas a cabo pelo governo provisório”.
 
Desde a queda de Campaoré que os responsáveis do governo transitório tentam desmantelar a poderosa guarda presidencial do país, uma unidade composta por cerca de 1.300 homens. O general Diendéré, até hoje o responsável da força de elite tinha sido demitido em novembro do cargo de chefe de estado maior do exército, e desde então que vários ministros exigem a dissolução da força, considerada como “um exército dentro do exército”.

Na terça-feira, uma comissão para a reforma do estado, tinha voltado a exigir a dissolução da força militar, ao mesmo tempo que aprovava a proibição de que candidatos próximos do antigo presidente se pudessem apresentar às eleições.
Duas razões que justificam hoje a revolta dos militares que, para já, não contam com o apoio do exército regular, nem da polícia militar. O apogeu do braço de ferro que dura desde há vários meses ocorreu na quarta-feira, quando vários elementos da guarda presidencial irromperam na reunião do Conselho de Ministros, sequestrando o atual presidente do governo provisório, Michel Kafando, o seu primeiro-ministro e responsável da Defesa, Isaac Zida, assim como outros dois ministros.

Os quatro homens encontram-se neste momento em paradeiro desconhecido, embora o general Diendéré, tenha já afirmado que serão libertados em breve.
O golpe de estado mergulha agora o país na incerteza, a semanas das eleições concluírem o processo de transição política. A comunidade internacional, dos Estados Unidos a França, passando pelo Conselho de Segurança da ONU, condenaram a acção dos golpistas em plena campanha pré-eleitoral.
Desde ontem que a capital, Ouagadougou, é palco de protestos contra o sequestro do chefe de estado. Há relatos de tiroteios e pilhagens da sede de vários partidos políticos que teriam provocado pelo menos oito feridos.
 
A principal confederação sindical do país convocou uma greve geral, para sexta-feira, para exigir o regresso do governo provisório e a retoma do processo de transição.

Em paralelo, alguns meios de comunicação social do país indicam que o ex-presidente Campaoré, que se encontrava exilado em Marrocos, poderia ter viajado ontem para a República Democrática do Congo.

Os acontecimentos das últimas horas no país voltam a levantar questões sobre a responsabilidade do presidente deposto no actual golpe militar. Girbert Diendéré assegura, para já, que “a proximidade com o Congresso para o Progresso e Democracia (o partido do ex-presidente) não é a razão que nos levou a agir”.


 

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