O FMI considera que a descida dos preços do petróleo torna mais urgente a diversificação económica dos países da África subsariana. Ente os países africanos da CPLP, Moçambique é aquele mais vai crescer.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) considerou esta terça-feira que a descida dos preços do petróleo torna a diversificação económica e o aumento da competitividade na África subsaariana mais premente num contexto de preços baixos durante vários anos.
O relatório do FMI "Perspectivas Económicas Regionais para a África Subsaariana" intitulado "Lidando com as Nuvens que se Juntam", é fortemente marcado pela descida dos preços do petróleo, em particular, e das matérias-primas, em geral, que tiveram um impacto muito significativo nas economias da África subsaariana, as mais ligadas à exploração e exportações destes recursos naturais.
"A actividade económica na África subsaariana abrandou consideravelmente apesar de o crescimento continuar mais forte que em muitas outras regiões, com o crescimento esperado de 3,75% este ano e 4,25% no próximo", disse o FMI na apresentação do relatório, que atribui esta desaceleração à "combinação da forte queda do preço das matérias-primas e a condições financeiras mais difíceis".
Esta dificuldade geral, "mascara as variações consideráveis de crescimento na região", vinca a directora do departamento africano do FMI, Antoinette Sayeh, que explica que "na maioria dos países de baixo rendimento, o crescimento está aguentar-se, suportado pelo investimento em curso em infra-estruturas e pelo consumo privado sólido".
Mais difícil está a vida nos países mais dependentes da exportação de matérias-primas, como é o caso de Angola, da Guiné Equatorial ou de Moçambique, apesar de neste último o crescimento manter-se incólume à crise, 7% este ano e 8,2% em 2016, depois de o país ter crescido 7,4% em 2014.
De acordo com o relatório, Angola terá o menor crescimento desde os anos da crise financeira e da recessão económica mundial, mas ainda assim consegue aguentar uma expansão da economia na ordem dos 3,5%.
A previsão fica, no entanto, abaixo da média dos países exportadores de petróleo da região, que conseguirão fazer avançar as suas economias em 3,6% este ano e em 4,2% em 2016, liderados pelos crescimentos do Chade (6,9%) e Camarões (5,3%).
"Mais duramente atingidos foram os exportadores petrolíferos da região, incluindo a Nigéria e Angola, porque as receitas da exportação caíram e originaram fortes ajustamentos fiscais que estão a ter impactos na actividade económica", acrescenta Antoinette Sayeh.
São, por isso, necessárias alterações à política económica para acomodar esta nova conjuntura: "Na frente orçamental, para alguns dos exportadores petrolíferos da região, a forte e aparentemente duradoura quebra nos preços do petróleo torna o ajustamento inevitável, e enquanto alguns tiveram espaço para usar as 'almofadas orçamentais' ou pedir empréstimos para suavizar o ajustamento, esse espaço está a tornar-se cada vez mais limitado".
Assim, o FMI defende que é preciso encontrar um equilíbrio entre "considerações sobre a sustentabilidade da dívida, por um lado, e lidar com as necessidades de desenvolvimento, por outro".
Neste ambiente, conclui o FMI, "os esforços para diversificar o crescimento ganham uma renovada importância", até porque "os rápidos crescimento da última década têm escondido a tendência de degradação da competitividade, especialmente entre os produtores de matérias-primas", que precisam de fornecer aos jovens um conjunto de políticas para "aumentar a competitividade, através de progressos no ambiente empresarial, infra-estrutura e educação.
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