Uma equipa técnica criada pelo Governo timorense recomenda que o executivo amplie a sua participação na Timor Telecom comprando a participação da Oi na operadora mais antiga de Timor-Leste, confirmaram à Lusa fontes do executivo.
A fonte explicou que essa foi a "única opção" apresentada pela equipa técnica que apresentou na sexta-feira os trabalhos preliminares de um "estudo de viabilidade" sobre a eventual compra, ou não, da participação da Oi na Timor Telecom.
Esta fonte explicou que a apresentação preliminar foi feita na tarde de sexta-feira, 30 de Outubro, no Ministério das Obras Públicas, Transportes e Telecomunicações em Díli e que o estudo será apresentado em Novembro no Conselho de Ministros.
A análise está a ser realizada por uma Equipa Técnica de Trabalho, liderada pelo ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, Gastão de Sousa, pelo seu vice-ministro, Inácio Moreira, e pelo vice-ministro das Finanças, Hélder Lopes.
Documentação obtida pela Lusa confirma que o objectivo é "estudar e elaborar uma apresentação", que terá que estar concluída até final de Outubro, para levar a Conselho de Ministros, sobre a "eventual possibilidade de aumento da participação social do Estado como accionista da Timor Telecom.
Para isso o Governo solicitou já informação detalhada à Timor Telecom em Díli para avaliar exactamente as condições da empresa.
Em causa está a maior fatia de capital da TT (54,01%), controlada pela sociedade Telecomunicações Públicas de Timor (TPT) onde, por sua vez, a Oi controla 76% do capital.
Os restantes accionistas da TPT são a Fundação Harii - Sociedade para o Desenvolvimento de Timor-Leste (ligada à diocese de Baucau), que controla 18% e pela Fundação Oriente (6%).
Na TT o capital está dividido entre a TPT (54,01%), o Estado timorense (20,59%), a empresa com sede em Macau VDT Operator Holdings (17,86%), o empresário timorense Júlio Alfaro (4,49%) e a PT Participações SGPS (3,05%).
Caso o Estado timorense avance na compra da participação da Oi alguns accionistas privados ouvidos pela Lusa indicaram já que estudariam ampliar a sua participação.
Fora de Timor, a compra do antigo capital da PT na Timor Telecom, agora controlado pela Oi - que o quer alienar - suscitou já interesse de pelo menos três candidatos.
Além do Fundo Soberano de Pensões das Fiji, que enviou delegados a Díli em fevereiro para recolher informação sobre a TT (a candidatura mais forte), há pelo menos dois outros candidatos, entre os quais a empresa WebSat Media, com sede em Singapura.
Um outro candidato, também com sede em Singapura, terá manifestado interesse no negócio, desconhecendo-se para já se formalizou ou não uma oferta junto da Oi.
Estimativas sugerem que em 2012, o "melhor ano" da operadora, a empresa (então monopolista no mercado timorense) poderia valer entre 200 e 250 milhões de euros - cálculo feito com base num rácio relativo ao EBITDA (resultados operacionais reais antes de provisões, impostos e amortizações) desse ano, que ascendeu a 41,6 milhões de dólares.
O valor da empresa desceu significativamente nos últimos anos, em grande parte devido à entrada de dois concorrentes no mercado, as empresas estatais indonésia Telkomcel (da Telkom Indonesia) e a vietnamita Telemor (do grupo Viettel).
O EBITDA do ano passado foi de apenas 18,15 milhões de dólares pelo que as estimativas, na actual conjuntura, apontam a um valor total da empresa de entre 55 e 60 milhões de dólares.
Neste cenário a participação que a Oi pretende alienar rondaria os 25 a 30 milhões de dólares.
Valores que têm que ser considerados tendo em conta a dívida da empresa, que no final de 2014 ascendia a 45,4 milhões de dólares, e o que tem a haver de clientes, actualmente cerca de 9,8 milhões de dólares, dos quais a maior fatia corresponde ao Estado que deve à empresa 8,7 milhões de dólares.
Só esta dívida do Estado representa à empresa encargos financeiros anuais de cerca de 700 mil dólares.
Apesar disso a Timor Telecom continua a apresentar contas positivas, o lucro líquido foi de 537 mil dólares em 2014, longe dos anos anteriores, inclusive em 2013 quando foi de 8,12 milhões, mas reflectindo na totalidade o impacto da forte concorrência no mercado.
Situação que levou a uma forte contenção financeira que se evidenciou, por exemplo, na redução de 14,3% nos gastos recorrentes, para 26,8 milhões de dólares.
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