O activista dos direitos humanos Tutu Alicante considera que a situação política na Guiné Equatorial não está melhor do que quando o país entrou para a CPLP, alertando que o Governo "esbanja os recursos a um ritmo alarmante".
Em entrevista à Lusa a partir de Nova Iorque, onde está radicado, este opositor do regime de Teodoro Obiang considera que a situação no país não está melhor, dando o exemplo de três ativistas detidos e presos por protestarem contra a realização da Taça das Nações Africanas no país, e acusa os dirigentes da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) de terem aceitado a entrada da Guiné Equatorial no grupo apenas por razões económicas.
"É difícil imaginar outra razão para a CPLP ter deixado entrar um governo corrupto com uma história tão fraca em termos de direitos humanos e democracia", diz Tutu Alicante, salientando, em tom irónico, que "a CPLP sabe, e muitas nações europeias também, que a Guiné Equatorial é hoje uma potência económica na região, sendo o motor de muitas coisas que acontecem, como por exemplo ser o anfitrião da Taça das Nações Africanas".
Questionado sobre a situação económica do país, que enfrenta uma recessão prevista a rondar os 8% este ano por causa da forte descida dos preços do petróleo, o activista radicado em Nova Iorque explica que apesar do mau momento, "a Guiné Equatorial e outras nações produtoras vão recuperar a boa forma", por isso, "mesmo com poder económico diminuído momentaneamenta, as reservas de gás e petróleo ainda representam um grande potencial na região".
Mais difícil de fazer acontecer é a generalização da língua portuguesa, que Tutu Alicante considera ser uma impossibilidade prática: "Para as pessoas na Guiné Equatorial falarem português, era preciso que o Governo encorajasse e apoiasse a aprendizagem dessa língua; actualmente está a fazer um péssimo trabalho a fomentar a educação em espanhol ou francês, as duas anteriores línguas nacionais, por isso vejo com muita dificuldade que o governo mobilize os recursos necessários para que o português seja falado de forma geral".
Para além da língua portuguesa, o acordo com a CPLP previa também o fim da pena de morte, mas "mesmo que o Governo consiga fazer passar uma lei a bani-la, vai continuar a torturar até à morte e a encontrar formas 'extra-judiciais' de matar os oponentes", diz o opositor do regime, lembrando que já em janeiro "foram detidas três pessoas que protestavam contra a realização da Taça das Nações Africanas no país".
Sem comentários:
Enviar um comentário