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quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Portugal, ONGs têm falta de métodos adequados de prestação de contas

As Organizações Não Governamentais (ONG) têm falta de mecanismos adequados de prestação de contas, concluiu um estudo de diagnóstico destas instituições em Portugal, que aponta pontos fortes, fracos, ameaças e oportunidades.


 
O estudo, feito por uma equipa de investigação da Universidade Católica para a Fundação Calouste Gulbenkian, é divulgado hoje, no âmbito de um seminário sobre “ONG, Mobilizadoras da Sociedade Civil e Promotoras da Inovação Social”.

O trabalho teve por base um inquérito a 153 organizações distribuídas por todas as atividades em que estas operam, e por todos os distritos do país, assim como inquéritos ‘online’ a 65 ONG na área dos Direitos Humanos e Cidadania Ativa (ONG – DH), razão pela qual os autores salvaguardam que as conclusões não podem ser extrapoladas para todo o universo de ONG.

Uma das conclusões é que um dos pontos fracos das ONG inquiridas é a falta de mecanismos adequados de prestação de contas à sociedade, associados e colaboradores.

“Sobretudo para com os doadores, a prestação de contas deve incluir informação económica explicativa de como foram aplicados os donativos na organização ou actividades, resultados e impactos”, lê-se no documento, a que a Lusa teve acesso.

Ainda em matérias de gestão, o estudo mostra, por exemplo, que algumas ONG têm pouca experiência na angariação de fundos junto de particulares ou que não aproveitam todas as potencialidades da presença no mundo virtual ou nas redes sociais.

Outro ponto fraco diz respeito aos recursos humanos, mais concretamente aos trabalhadores remunerados, já que, em muitas ONG, os colaboradores são em número insuficiente, as organizações têm dificuldade em encontrar trabalhadores qualificados e os salários pagos são baixos.

Por outro lado, as fontes de financiamento são pouco diversificadas, algumas ONG têm uma situação financeira precária, outras têm uma grande dependência de fundos públicos, muitas desconhecem o mercado dos doadores particulares, o que faz com que a gestão da tesouraria seja “um desafio constante, quer pela irregularidade, quer pela imprevisibilidade da entrada dos fundos”.

Já os pontos fortes passam, por exemplo, por serem organizações com modelos de gestão participativos, com articulação entre direcções, onde há autonomia de decisão por parte da direcção técnica e onde os membros da direcção não são remunerados.

Em matéria de recursos humanos, “há uma identificação com a causa e forte sentido de missão por parte dos colaboradores” e a maioria das ONG trabalha com voluntários.

No que diz respeito ao financiamento, o estudo mostra um esforço crescente na diversificação dos fundos, sendo que, entre as ONG – DH, a repartição entre fundos públicos, privados e próprios é equilibrada, mas, entre as 153 do inquérito presencial, há um peso superior dos fundos públicos.

Relativamente às ameaças, os autores do estudo constatam uma “crescente exigência dos utentes e maior complexidade dos problemas”, assim como “lentidão na recuperação da crise económica”, que “pode levar à diminuição dos apoios públicos e privados”.

Apontam para uma maior concorrência entre as ONG no acesso aos fundos, para uma tendência de privilégio dos grandes projectos, para a dificuldade na definição de estratégias de longo prazo ao nível da sustentabilidade por causa das alterações legislativas e o aumento das estruturas federativas.
 
 
 
 

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