O relator especial das Nações Unidas sobre os direitos humanos dos migrantes apelou às autoridades britânicas que recuem da decisão de não apoiar as operações de busca e salvamento no mar Mediterrâneo.
Em nota, emitida em Genebra, François Crépeau declarou que permitir que as pessoas morram nas fronteiras europeias "devido apenas à sua situação administrativa é um completo desrespeito ao valor da vida humana."
Contrabandistas
Esta semana, o Reino Unido anunciou que não vai apoiar "quaisquer tipos de operações de busca e resgate para impedir o afogamento de migrantes e refugiados" na área. O receio é que as acções possam encorajar a tentativa de travessia marítima perigosa de entrada para a Europa.
O relator realça que os governos que não apoiam os esforços de busca e salvamento "reduzem-se para o mesmo nível dos contrabandistas".
Crépeau cita estimativas a apontar a morte de pelo menos 800 pessoas no percurso e dos mais de 130 mil migrantes e requerentes de asilo chegados este ano à Europa por mar. São mais 50 mil pessoas em relação ao ano passado.
Dissuasão
Em sua opinião, atitudes governamentais do género são um aproveitamento da precariedade do tipo de viajantes "retirando-lhes a dignidade e brincando com as suas vidas". Crépeau compara o facto de se tomar o número de migrantes mortos como base das acções para os afastar a "deixá-los morrer por ser uma boa dissuasão".
Apesar de elogiar o aumento das operações de busca e resgate por terem salvo muitas vidas, o especialista pediu ênfase na restrição da entrada de migrantes no lugar de criar novos canais legais para a migração.
Contrariamente ao encerramento de fronteiras, Crépeau defende a abertura regulada e a mobilidade. Conforme defende, caso contrário, poderá aumentar o número de migrantes a arriscar a vida em embarcações que não podem navegar ao longo das rotas marítimas perigosas.
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