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Joseph Pulitzer

domingo, 26 de outubro de 2014

Portugal deve ir buscar doentes estrangeiros infetados com Ébola para os tratar

O colégio da especialidade de Medicina Tropical defende que Portugal deve ir buscar doentes com Ébola a qualquer país que "o solicite", mesmo de outras nacionalidades, para serem tratados em Portugal.


Esta é uma de três linhas de acções equacionadas por estes especialistas num parecer solicitado pela Ordem dos Médicos, para controlar e eliminar o surto de Ébola em África.

"A melhor maneira de combater o risco é eliminar o problema na fonte. Se o surto de Ébola for controlado e eliminado em África, mais ninguém no mundo, incluindo Portugal, tem de se preocupar com casos importados", consideram.

Neste âmbito, estes especialistas defendem que Portugal tenha "preparadas equipas que, a qualquer momento que tal seja necessário, possam ir buscar doentes infectados, ou supostamente infectados, a qualquer país que o solicite, trazendo-os para serviços previamente preparados para os receber em Portugal -- e não apenas doentes portugueses -, mas também de outras nacionalidades, conforme as necessidades".

Outra medida defendida neste parecer sugere a participação de Portugal "na ajuda que a Europa está a preparar para os três países afectados da África Ocidental", através do envio de profissionais de saúde portugueses para o terreno, valorizando assim a sua experiência e dando-lhes mais prática para lidar com a doença.

O documento refere ainda a importância de Portugal colaborar com os países lusófonos mais em risco de introdução da doença: primeiro a Guiné-Bissau e, depois, Cabo Verde.

Sobre a forma como Portugal está preparado para enfrentar eventuais casos de Ébola, estes especialistas consideram que o sistema de saúde está "agora um pouco mais razoavelmente preparado", embora falte ainda algum equipamento de segurança, particularmente importante nos serviços de urgência de Lisboa e Porto, e treino.

No entanto, reconhecem que o risco de casos de Ébola é alto, mas o risco de epidemia é baixo.

Na mesma linha avança o parecer do colégio de doenças infecciosas, que considera que o risco calculado para Portugal implica "a necessidade de todas as instituições e de todos os profissionais de saúde estarem informados, preparados e cumprirem as orientações sucessivamente actualizadas pela Direcção-Geral da Saúde quanto aos procedimentos recomendados".

"Com os meios adequados e se todas as medidas estiverem acauteladas, não vemos no nosso país razões epidemiológicas ou outras para que a doença se comporte de modo diferente do que tem acontecido no mundo ocidental".

Na posse destes pareceres, o bastonário da Ordem dos Médicos concluiu que "há ainda muito trabalho por fazer, quer em termos de preparação e treino, quer em termos de gestão do processo".
 
 
 

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