Um grupo de mulheres da Guiné-Bissau exigiu ontem, em carta aberta ao Presidente do país, José Mário Vaz, "o cumprimento rigoroso" das promessas eleitorais, designadamente a estabilidade governativa para uma legislatura sem sobressaltos
Na missiva, as mulheres dizem-se imbuídas do espírito de sacrifício para juntarem as suas vozes aos apelos nacionais e internacionais para o bom senso, sensibilidade e sentido democrático para o restabelecimento da estabilidade política e social do país através do diálogo.
"Recusamo-nos a ficar de braços cruzados perante sinais preocupantes de um regresso ao passado, onde as noções de trabalho e de dignidade perderam o seu valor e onde as diferenças sociais agudizam-se, anunciadoras de um futuro sombrio para os nossos filhos e irmãos", refere o texto.
De forma direta, as subscritoras da carta aberta dirigiram-se ao Presidente guineense para lhe dizer que "basta de insegurança, basta de instabilidade, basta de pobreza e miséria".
"Exigimos o cumprimento rigoroso de todas as promessas eleitorais, de entre as quais a de garantia de estabilidade e cumprimento de uma legislatura sem sobressaltos. Exigimos o respeito pelo Estado de Direito, pelas liberdades fundamentais, onde o jogo democrático deve ser respeitado e onde os direitos dos cidadãos são de facto respeitados", lê-se na carta.
Para as mulheres guineenses, assiste-se a uma "tentativa manhosa" de institucionalização de um regime não democrático na Guiné-Bissau e de uma forma não aceite pela constituição para se chegar ao poder e governar o país, o que, dizem, não pode ser tolerado.
Dizem que contam com o Presidente da República, enquanto representante de todos os guineenses, para um compromisso nacional sério com a paz, a estabilidade e o respeito pelas instituições democráticas e pelo povo da Guiné-Bissau.
As mulheres guineenses lembram ao chefe de Estado que, volvidos 42 anos da independência da Guiné-Bissau, o país permanece "com um índice dos mais fracos" mundo, com um pouco mais da população alfabetizada, figurando no lugar numero 177 entre os 187 avaliados nos aspetos globais de desenvolvimento humano
"Apesar das riquezas naturais do país, a grande maioria da nossa população vive na pobreza, pouco usufruindo dos avanços da humanidade", afirmam as mulheres que pedem o Presidente do país para que reflita nesses dados.
A carta é subscrita, entre outras, pela cantora Karyna Gomes, a médica Cadi Seide, Fernanda Tavares, conselheira sénior dos Assuntos Políticos, Joacine Katar Moreira, Investigadora, Fanceni Balde, Dietista, Helena Neves, Jurista, Djanany Proença Mendes, Técnica de Turismo, Filomena Barros, Socióloga, Nancy Cardoso, estudante de Ciências Biológicas.
O grupo subscritor da carta autodenomina-se de Movimento "MINDJERIS DI GUINE NO LANTA" (Mulheres da Guiné Bissau erguemo-nos), criado a 24 de agosto de 2015.
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