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Joseph Pulitzer

sábado, 12 de setembro de 2015

PM de Cabo Verde defende "choque cultural" para "desestatizar" mentalidades

"O país precisa, ao nível da administração pública, das empresas, da cidadania, de um choque cultural, pela via da 'desestatização' da cabeça das pessoas e das empresas privadas", escreveu José Maria Neves.


"Cabo Verde - Gestão das Impossibilidades" foi lançado na sexta-feira na Praia, tendo novo lançamento agendado para hoje em Assomada, segunda maior cidade de Santiago e terra natal do primeiro-ministro.

Para José Maria Neves, esta mudança de mentalidades passa ainda pela distinção "dos espaços de atuação partidária do Estado para que cada um assuma as suas responsabilidades" no desenvolvimento do país.
"Em Cabo Verde[...] tudo é partidarizado e estatizado, o que condiciona sobremaneira o desempenho individual e da administração pública e as relações entre o Estado a sociedade civil e os cidadãos", escreve José Maria Neves, que há 15 anos lidera o Governo.

"O Estado deve fazer a sua parte, mas o cidadão tem que assumir plenamente o seu espaço de ação, a sua autonomia individual, as suas responsabilidades na sociedade. Talvez seja esta a maior mudança que teremos que realizar nos próximos tempos", considera.
O livro com 134 páginas e dividido em quatro capítulos faz um balanço do percurso de Cabo Verde ao longo dos 40 anos independência, mas centra-se sobretudo nos últimos 15 anos de governação do Partido da Independência de Cabo Verde (PAICV).

A capa do livro é ilustrada pela foto de uma barragem e de turbinas eólicas "dois elementos (água e energia) estratégicos que exemplificam a gestão das impossibilidades e as novas possibilidades" de um país considerado inviável, mas que, depois da independência em 1975, conseguiu o compromisso de todos os governos para "gerir as impossibilidades, tendo vencido algumas delas", adianta o autor.

José Maria Neves, que em 2016 deixará a chefia do Governo, aponta, no livro, os desafios que subsistem em termos de governabilidade do país, sublinhando que "é tempo de fazer uma avaliação cuidada do sistema de governação, com vista à introdução de mais precisão nas competências do Presidente da República e do Governo, designadamente no domínio das relações externas".
O primeiro-ministro e o atual Presidente da República de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, têm interpretações diferentes sobre quem deverá representar o país em eventos internacionais como as cimeiras da União Africana (UA) e da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO).

José Maria Neves aborda ainda a questão do sistema eleitoral, que o primeiro-ministro entende ser preciso revisitar de modo a aproximar ainda mais os eleitos dos eleitores.
Em termos de desenvolvimento, o autor sublinha que o país cresceu e se foi "lentamente libertado do estigma das impossibilidades", mas que isso foi feito com "base na ajuda pública ao desenvolvimento", um modelo que, considera, "não se compadece com os novos tempos".
Por isso, acrescenta, nos últimos 15 anos foram "colocados os alicerces essenciais" e conseguidos "grandes ganhos" num país que é hoje de rendimento médio.

Para José Maria Neves, a 'grande missão' que se segue, passa por tornar Cabo Verde num país desenvolvido até 2030, "aumentando a capacidade para ultrapassar as vulnerabilidades sociais, económicas e ecológicas".
O livro, que José Maria Neves dedica ao líder histórico Amílcar Cabral, tem prefácio do economista e sociólogo guineense Carlos Lopes, secretário-geral Ajunto das Nações Unidas.

"Um país que tinha muito para dar errado acabou não só sobrevivendo, mas dando certo", escreve Carlos Lopes, sublinhando a qualidade da governação e a tolerância política como fundamentais para que Cabo Verde esteja "no quadro de honra dos indicadores africanos".
O livro vai ser apresentado no Funchal, Madeira, a 16 de setembro, em Lisboa a 18 de setembro e em Boston, Estado Unidos, a 21 de setembro.




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