A nossa bandeira identifica-nos enquanto Estado e Nação, a cultura é o pedaço da Nação que cada um carrega dentro de si e quase se confunde com a própria vida
Dou as boas vindas a todos e saúdo calorosamente as pessoas que se dignaram, neste Dia Nacional da Cultura e das Comunidades, associar-se a nós, à Câmara Municipal da Praia, à Academia Cabo-verdiana de Letras, à Associação de Escritores Cabo-verdianos e à Sociedade de Cabo-verdiana de Autores, para prestar um tributo à nossa cultura e aos cabo-verdianos espalhados pelo globo.
Hoje é um dia marcante para todos os cabo-verdianos, residentes nas ilhas e no estrangeiro. Celebramos o que, na realidade, nos une na diversidade, nos identifica, nos distingue.
A nossa bandeira identifica-nos enquanto Estado e Nação, a cultura é o pedaço da Nação que cada um carrega dentro de si e quase se confunde com a própria vida, ou, melhor, é o pedaço de vida muito especial e original que existe em nós.
Eugénio Tavares não foi escolhido como bandeira da nossa cultura. Impôs-se naturalmente. Bebeu a nossa alma e a devolveu mais linda, mais perfeita, mais viva, mais alma.
Conferiu às nossas emoções uma natureza que não suspeitávamos existir em nós. Concedeu ao amor uma dimensão inimaginável, infinita e fez da dor e do sofrimento quase sempre ligados ao amor, matéria-prima através da qual a sua criativa sensibilidade personificava o sublime.
No dia de hoje recordamos com muita saudade duas importantes figuras da nossa cultura, desaparecidas recentemente: Corsino Fortes e Arnaldo França. Dois homens de letras que, através do seu talento, deram contributo valioso a Cabo Verde, concedendo à nossa especificidade uma dimensão universal.
Hoje é também dia das comunidades, dessa parte da Nação que, fora da terra-mãe, com o seu esforço, com o seu trabalho e dedicação, a engrandecem. Este dia é também dedicado aos que contribuem para que Cabo Verde seja muito mais conhecido no exterior e a sua dimensão ultrapasse de longe os seus limites territoriais e o tamanho da sua população.
Durante estes anos de cumprimento do meu mandato como Presidente da República e das visitas feitas às nossas comunidades em vários cantos do mundo, tenho verificado, com agrado, que, com trabalho e criatividade, mudaram o rumo das suas vidas, o seu destino, alcançando, em muitos casos, grande prestígio, contribuindo para a afirmação de Cabo Verde, a Pátria de esperança, de ventos e montanhas, de música, canto e alento, de bandeiras, de liberdade e profuso azul a bordejar e a marcar o ritmo do devir colectivo.
Contudo, nos tempos actuais, as condições de vida de parcela importante de cabo-verdianos no exterior, não têm sido as desejáveis, sendo por vezes de grande precariedade.
Estou ciente de que existe, ainda, um conjunto de problemas práticos com que os emigrantes se defrontam e de cuja resolução o Estado cabo-verdiano não pode alhear-se nem demitir-se. Uma saudável integração e afirmação das Comunidades cabo-verdianas nos países de acolhimento; a legalização dos nossos emigrantes na República de São Tomé e Príncipe, uma medida que abre a possibilidade de, querendo, poderem requerer a nacionalidade são-tomense, sem custos; a concretização da anunciada Campanha Nacional para a regularização de crianças indocumentadas de origem cabo-verdiana a residir em Portugal, serão, nos tempos mais próximos, algumas das bandeiras a desfraldar em prol das nossas comunidades emigradas
Caros amigos
É emocionante, inspirador e mobilizador, mesmo para os que residem no território nacional, verificar que reina no seio das nossas comunidades um claro espírito de solidariedade, imediatamente manifestado sempre que o país é posto à prova por vicissitudes naturais ou de outra ordem.
Aproveito esta oportunidade para dirigir aos cabo-verdianos dispersos pelo Mundo, em nome do Povo de Cabo Verde e em meu nome pessoal, um especial agradecimento pela prontidão com que responderam aos apelos de solidariedade para com os nossos irmãos de Chã das Caldeiras, duramente afectados pela erupção Vulcânica de Novembro do ano passado.
Caras amigas e amigos, é com muito prazer e incontido orgulho que, no dia de hoje, dia das comunidades, anuncio, a concretização da decisão tomada aquando da condecoração, no dia Cinco de Julho de personalidades residentes em Cabo Verde, no sentido de agraciar cabo-verdianos que, no exterior, têm contribuído para que o nosso país seja cada vez mais respeitado.
Neste ano em que celebramos o 40º Aniversário da Independência Nacional, e neste dia da Cultura e das Comunidades, vou atribuir condecorações a alguns compatriotas nossos e descendentes, mulheres e homens que se destacaram pela sua contribuição na viabilização do Estado soberano de Cabo Verde, na conquista da Liberdade e na instauração da Democracia, na afirmação de uma cultura própria e na construção da identidade nacional. Entre os agraciados estão personalidades das nossas comunidades em Angola, Côte d’Ivoire e Senegal, Portugal, Espanha, França, Bélgica e Holanda, Brasil e Estados Unidos.
Sem comentários:
Enviar um comentário