Dakar, a partir desta quarta-feira um seminário internacional no qual o Brasil compartilhará sua experiência em projectos sociais e redução da pobreza com representantes de 14 países da África Subsariana.
A delegação brasileira é integrada por representantes do governo e especialistas do Instituto Lula e da organização Rio+. O encontro é patrocinado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) e a União Africana (UA).
O Brasil transmitirá aos países africanos as ferramentas e métodos necessários para desenvolver estratégias de protecção social para diminuir a pobreza cronica que afecta quase metade da população africana.
Entre 2001 e 2006, o Brasil conseguiu tirar 27 milhões de pessoas da pobreza graças à política social lançada pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, segundo dados do governo.
"Estamos aqui para compartilhar experiências", disse hoje o director para a África do Instituto Lula, Celso Marcondes, em discurso durante o ato inaugural do seminário.
"Falar de protecção social representa uma vontade de desenvolvimento económico e social sem exclusão, cumprindo com as normas ambientais e lutando contra a miséria", afirmou.
"O desafio que o Brasil tinha é o mesmo que estão enfrentando os países africanos", acrescentou Marcondes, para quem "não há desenvolvimento económico sem desenvolvimento social e também não há paz sem estratégias que incluam os pobres".
A ex-ministra do Desenvolvimento Social Marcia Lopes assessora vários países africanos em políticas sociais inspiradas no modelo brasileiro como consultora da Organização Mundial da Agricultura (FAO).
"É possível, a partir das peculiaridades de cada país, elaborar programas de protecção social articulando programas de transferência de renda e de agricultura familiar", disse Lopes.
A directora adjunta para a África do Pnud, Ruby Sandhu-Rojon, disse que com uma população de um bilhão de habitantes a África conta mais de 400 milhões de pobres.
Apenas 20% da população africana tem acesso à protecção social, alertou Sandhu-Rojon, o que justifica a urgência de iniciar políticas sociais que acabem com a exclusão.
Segundo ela, dois de cada três países africanos iniciaram programas de protecção social, embora o número de beneficiados seja pequeno.
Em Madagascar, por exemplo, só 1% da população pobre -que representa 75% da população total- se beneficia do programa de protecção do governo.
O seminário finalizará amanhã com uma série de recomendações para uma reunião da União Africana prevista ainda para este mês em Adis-Abeba (Etiópia).
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