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Joseph Pulitzer

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Repensar o nosso papel enquanto cidadão


Repensar o nosso papel enquanto cidadão

Enquanto não entendermos que a honestidade é a melhor diplomacia, jamais seremos capazes de refrear os nossos anseios e enfrentar, com determinação e coragem, os desafios que a vida nos proporciona.
Esta reflexão não só se aplica a nossa vida em particular, como também coletiva e associada à participação cívica e política, livre e desapegada, enquanto povo que perfilha objectivos e interesses comuns.
Daí salientar que tudo o que tem acontecido na Guiné-Bissau não fosse a mera ausência de uma cidadania forte e exigente, talvez deveria ser repensado o nosso papel no quadro do que tem sido a nossa capacidade de analisar e compreender correctamente o exercício do poder.
Hoje, mais do que nunca, impõe-se que a participação cívica e política seja a base sustentável para uma reforma séria e profunda do conceito Estado e Nação Guineense.
Na realidade, manifestamos as nossas angústias e projectamos a nossa confiança no dia de amanhã, ou no que virá a seguir, esquecendo-se que talvez o momento é agora, a participação cívica e política é agora e que tudo deverá ser feito agora e na base de consensos, tendo como pilares a educação (lato sensu), justiça, organização e disciplina. No entanto, só entenderemos a amplitude destes conceitos se tivermos em conta que a educação permite moldar o comportamento dos indivíduos para uma ordem coerente com o bem colectivo, evitando dessa forma quem persegue unicamente os próprios interesses particulares e reprováveis.
Em boa verdade, o País tem vindo a confrontar-se com uma lógica dominante e característico do sistema, o da especialização em “aldrabice”. Esta lógica foi alimentada durante muitos anos, triunfando assim o mal sobre o bem e aniquilando quaisquer expectativas de que a Nação deveria assentar-se sobre os pilares da justiça, da educação e da formação do homem guineense.
Na nossa sociedade é muito mais fácil criticar do que valorizar, denegrir do que engrandecer, e este tem sido o método utilizado desde a luta de independência até à presente data, criando dessa forma espaço para promoção de indivíduos e de situações como as que tem acontecido de alguns anos a esta parte. Cada vez que surgem falhas no processo de afirmação democrática, automaticamente surgirão indivíduos capazes de utilizar esta falha como proveito próprio e de uma forma abominável.
De quem será então a culpa e/ou responsabilidade? Obviamente de todos nós!
Por isso, é preciso compreender que a virtude cívica está intrinsecamente vinculada à educação. Não são qualidades que nascem com o homem, mas são cultivadas nele através de um processo formativo. A educação pode tanto formar homens dotados das virtudes imprescindíveis para ser um bom cidadão quanto pode fazer dele uma pessoa fraca e arrogante. De alguma maneira os homens são o que a educação fez deles, como bem dizia Nicolau Maquiavel.
Alguém acredita que os que têm governado o País nestes últimos 40 anos são produtos do divino? Claro que não! São produtos gerados por nós enquanto sociedade e povo, pois não conseguimos entender que a essência está na formação do individuo enquanto ferramenta de afirmação de uma nação, esta dada pela educação. É urgente mudar, mas deve ser igual para todos, assim como as oportunidades também devem ser iguais para todos.
Torna-se imprescindível e urgente proceder ao exorcismo da guerra, das ideologias e da singularidade, no sentido de libertar os nossos medos e anseios daquilo que deveria caracterizar a qualidade de cidadãos como um todo.
Talvez seja até necessário refundar o Estado e a Nação, mas então que seja feita rapidamente. Essa refundação deverá ser feita sobre o condão da justiça, defendida por cidadãos com responsabilidades e competências necessárias, que defendem a subordinação dos interesses particulares ao bem púbico, que combatem a tirania e que alimentam o desejo de atingir a glória e a honra para si e para a pátria.
Mas para que isso aconteça é urgente fomentar a cultura do homem guineense com o essencial de patriotismo e virtude cívica, pois desenvolvem nele as capacidades de servir a pátria até com a própria vida, se necessário, pois onde há homens de bem impera a democracia e o sentido de pertença.
É sobejamente discutido e reconhecido o falhanço na edificação do Homem Guineense e pouco se tem feito no sentido de corrigir isso. Será que não existem homens e mulheres a altura deste ideal patriótico?
Claro que existem, apenas devem saber ocupar o seu espaço e afirmarem-se naquilo que mais sabem fazer, cada um na sua área e especialidade, nomeadamente, carpinteiro, pedreiro, camponês, serralheiro, médico, economista, engenheiro, gestor, professor, etc., mas todos imbuídos de um único propósito: Guiné-Bissau em primeiro lugar!
Em suma, é necessário dotar o País com homens e mulheres que façam da vontade do povo a sua força, a carência a sua justiça, para que estes não sejam privados de esperanças.
O importante é pensarmos nos outros e não tanto em nós! LV
09/09/2013

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