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Joseph Pulitzer

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Se me perguntarem, direi apenas que...


Se me perguntarem, direi apenas que...

O pesadelo de um poder hostil cruza-se com o dia-a-dia de uma população ansiosa e desassossegada. A esperança ilusória ganha força e a recompensa de uma luta fratricida corrói a alma de gente sã e fiel aos princípios e valores éticos.
Ainda assim, persiste a firmeza no coração dessa gente martirizada e vontade de um novo esplendor que tarda em florir do horizonte imaginário.
Na essência dessa pátria amada ainda tem lugar o sonho roubado de uma vida de glória e de encanto embalado com o assobio do vento. A amargura do povo colide com a vontade em separar do corpo a alma que corrói e destrói a esperança que tanto crê e mantém aceso o fulgor dessa pátria. 
Dizem que nas mãos do povo reside o sucesso ou o fracasso de uma nação. Sabemos que esse povo atormentado não deve procurar satisfazer a sua sede de liberdade bebendo na taça da amargura e do ódio, mas sim conduzir a luta no alto plano da dignidade e da disciplina.
Sabemos que esse povo não deve aceitar e nem permitir que o protesto criativo suscite violência física, mas essa revolução pacífica da esperança não pode tornar-se presa de poderes hostis. 
Na verdade, o povo acredita que reside no futuro a esperança de uma nova travessia que requer, desde já, uma união plena e um esforço na construção e fortificação das pontes que levarão ao entendimento e ao progresso nacional.
Esse futuro assentará no pilar da verdade, da justeza e da união, pois uma nação dividida pouco pode fazer para enfrentar um poderoso desafio, o tal que faz parte do dia-a-dia de gente humilde e simples, que carrega sobre os seus ombros a idade e a responsabilidade de uma vida de sofrimento.
Se me perguntarem, direi apenas que…
A conjuntura do País é na verdade controversa e atinge a Nação com dureza que não se lembra a história…e que, neste momento, resgatar a pátria é uma missão quase impossível, mas provável.
O sacrifício de uma vida foi mantido pela utopia de um novo começo, tanto pelos que tombaram, como pelos que continuam, e continuarão, afincadamente, na linha da frente do combate por um ideal e um propósito comum.
O pesadelo que persegue e sufoca a jovem nação termina quando a responsabilidade que pende sobre os seus filhos, e filhas, se tornar evidente perante o olhar sincero e inocente de uma criança que apenas conta com um País para viver, crescer e amar.
Se me perguntarem, direi apenas que…
Neste momento o futuro das crianças, da juventude, dos mais velhos e da própria Nação está comprometido e requer uma aproximação da Comunidade Internacional e uma decisão clara sobre o que pretende fazer para salvar este País moribundo e sem esperança.

Se me perguntarem, direi apenas que…
Neste momento morrem dezenas de crianças, jovens e adultos por falta de assistência médica e medicamentosa;
Neste momento, mais uma vez, são espancadas dezenas de jovens e adultos, por se atreverem a enfrentar a classe politica e castrense, lutando pelos seus direitos e por um país livre e justo;
Neste momento a população guineense está a esvair-se sem esperança que o dia de amanhã lhe traga boas novas de um país melhor;
Neste momento a floresta guineense está a sangrar com o corte indiscriminado de árvores centenárias engaioladas nos contentores rumo ao destino incerto;
Neste momento os recursos pesqueiros guineenses estão a ser invadidos com as redes ilegais de pesca retirando o pouco sustento das famílias que vivem dessa atividade;
Neste momento os recursos naturais e minerais estão a ser delapidados com saques indiscriminados e sem proveito para as populações;
Neste momento a fome tomou conta do povo de um país abundante em recursos mas apenas no imaginário da sua gente;
Neste momento a Comunidade Internacional olha para a Guiné-Bissau e abana a cabeça como se estivesse a dizer, “isto não é nada connosco”;
Neste momento o povo morre de desgosto porque já não consegue alimentar-se da esperança.
Sobretudo, se me perguntarem, direi apenas que “todos os que ganham poder têm medo de o perder, e quanto mais medo se espalha mais lucro se ganha”
(L.V., 03/09/2013) 

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