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Joseph Pulitzer

domingo, 18 de maio de 2014

Futuro. O fim dos tempos de proscrição

A GUINÉ-BISSAU tem hoje a segunda volta das eleições presidenciais, nas quais os guineenses deverão escolher entre José Mário Vaz, apoiado pelo PAIGC, e Nuno Nabian, apoiado pelo PRS, o futuro chefe de Estado.


Esta votação é um dos últimos passos para a conclusão do período de transição política que se vive desde Abril de 2012. Dois anos após o golpe militar, o país vive pior em todos os sentidos. As sanções que lhe foram impostas "causam problemas" que só o acto eleitoral de amanhã que não deixe dúvidas à comunidade internacional, pode ajudar a aliviar.

A generalidade da comunidade internacional não reconhece o Governo, nem o Presidente nomeados após o golpe até novas eleições - só a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) suporta a transição.

O isolamento levou ao fim de ajudas financeiras directas à Guiné-Bissau, sem as quais o país nunca se habituou a viver, ao mesmo tempo que as suspeitas de corrupção na administração pública se sucedem, mas só algumas acabam por ser investigadas.

Um dos resultados mais visíveis é o falhanço crónico no pagamento de ordenados que tem provocado greves contínuas em sectores básicos como saúde e educação, além de a electricidade e água das redes públicas serem bens cada vez mais raros.

"Em termos sociais, a degradação é brutal", referiu, segundo a Lusa, o escritor e sociólogo guineense Rui Jorge.

"Não há poder de compra, atrasa-se o pagamento de salários, o que leva a greves sucessivas e à falta de acesso a serviços básicos", disse, ao ilustrar o dia-a-dia guineense.

Falando no início deste mês, o representante das Nações Unidas na Guiné-Bissau, José Ramos-Horta, apelou à comunidade internacional para desbloquear um apoio financeiro de "emergência" ao futuro governo guineense que de ver formado até Junho próximo.

"(…) O povo guineense não pode esperar até 2015. Precisamos de apoio de Junho até Dezembro deste ano. São algumas dezenas de milhões de dólares necessários para os próximos seis meses", explicou o representante da ONU.

Na opinião do analista Rui Jorge, os últimos dois anos ficaram também marcados pela "falta de liberdade de expressão", com restrições a manifestações, espancamentos e actos de intimidação a figuras públicas.

As sucessivas declarações do Conselho de Segurança da ONU sobre o país têm insistido na necessidade de fortalecer o sector da justiça para acabar com a impunidade e têm apelado aos militares para não interferirem com a política.

Num balanço recente do período de transição, Ramos-Horta considerou que foram "dois anos difíceis" em que se abriram "muitas feridas" e em que "as relações entre partidos ficaram exacerbadas".

Foram impostas "sanções que causam problemas" e que só um acto eleitoral que não deixe dúvidas à comunidade internacional pode ajudar a aliviar.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) alertou, numa declaração divulgada em Fevereiro, que a actividade económica na Guiné-Bissau continua a ser "severamente afectada" pelas consequências do golpe de 2012.

De acordo com uma missão que visitou o país, a economia não recuperou da contracção registada em 2012 (o Produto Interno Bruto caiu 1,5 por cento), o país perdeu receitas fiscais, ajudas externas e o preço do caju (maior produto de exportação) caiu.

A esperança numa retoma reside agora na votação de amanhã, que completa o ciclo eleição iniciado com as legislativas e primeira volta das presidenciais realizadas a 13 de Abril.



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