Chama-se Marina Ayres Pereira e faz parte da equipa de investigadores da Universidade de Copenhaga, que esta semana anunciou ter conseguido, quase acidentalmente, uma descoberta importante na luta contra o cancro.
Os cientistas procuravam uma vacina contra a malária em mulheres grávidas, quando perceberam que poderia estar aqui uma nova arma contra o cancro.
Marina Ayres Pereira tem 25 anos e está há dois no Departamento de Imunologia e Microbiologia da Universidade de Copenhaga, que estuda a malária em mulheres grávidas. Em declarações à TSF, a investigadora portuguesa explica que o grupo descobriu que as células da placenta e as do cancro têm uma molécula idêntica e a proteína usada para combater o parasita poderia ser usada para eliminar células cancerígenas.
"Temos um açúcar que é presente na placenta e que faz com que o parasita fique especificamente lá, então se calhar esse açúcar também está presente nas células cancerígenas. Portanto, começamos por mostrar que o açúcar está presente em células cancerígenas e não nas células saudáveis e depois mostramos que usando a proteína que produzimos em laboratório conseguimos marcas as células cancerígenas e não as outras."
Este processo já foi testado, com sucesso, em laboratório e em ratos com vários tipos de tumores.
"O que fizemos foi ligar essa proteína a uma toxina, na esperança de que quando a proteína se ligasse especificamente a esses açúcar presentes apenas nas células cancerígenas, matasse essas células. Foi isso que conseguimos mostrar".
O próximo passo é avançar com os ensaios clínicos. "A complexidade dos organismos é muito importante e o próximo passo é ir para ensaios clínicos e testar a eficácia e os efeitos secundários que poderá ter. Não foram verificados nenhuns em ratos".
Marina Ayres Pereira formou-se na Universidade do Minho, fez a tese de mestrado na Suécia e de seguida mudou-se para a Dinamarca. Diz que em Portugal há oportunidades, mas são poucas.
"As oportunidades não são assim tantas, tive a oportunidade fazer investigação cá fora e aproveitei. O meu sonho seria dar o máximo contributo possível para a cura do cancro".
Os investigadores acreditam que no máximo dentro de 4 anos será possível testar este tratamento em humanos. Este estudo foi publicado na revista científica Cancer Cell.
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