Projecto para iluminar a Guiné-Bissau está na final do concurso internacional
Lisboa - O projecto dos Engenheiros Sem Fronteiras que pretende iluminar as bancas da região de Bafatá, na Guiné- Bissau, através de uma carrinha móvel e de pagamentos por telemóvel, está na final de um concurso internacional.
O
programa Engenheiros Sem Fronteiras -- da organização não-governamental
para o desenvolvimento portuguesa TESE -- concebeu as Lojas Sta Claro
(crioulo para “está iluminado”) e propõe às populações que adquiram um
kit com baterias e painéis foto voltaicos e é uma das dez finalistas do
concurso de financiamento internacional West Africa Forum for Clean
Energy Financing, que decidirá o/s vencedor/es entre hoje e terça-feira,
na República do Gana.
Em entrevista à Lusa, o director do
programa Engenheiros Sem Fronteiras, Miguel Silva, explicou que as Lojas
Sta Claro decorrem de um estudo sobre as possibilidades de pagamento
das bancas e os valores que as famílias já gastam em "velas, pilhas e
todas as outras formas tradicionais de ter iluminação".
As
Lojas Sta Claro vão fornecer energia "a um preço igual ou mais baixo" do
que o actualmente gasto, podendo "não ultrapassar os oito euros
mensais", e garantir uma "maior proximidade", já que uma carrinha móvel
fará a cobrança nas bancas, disse.
A ideia, acrescentou Miguel
Silva, é que as populações não precisem de se deslocar para pagar as
taxas cobradas e, para isso, a TESE pediu a uma operadora africana para
"estudar a forma de fazer o pagamento através de telemóvel".
As
Lojas Sta Claro vão disponibilizar "três níveis de serviço", adequados
às necessidades das famílias identificadas e à sua capacidade
financeira.
O primeiro nível garante apenas um ponto de luz, o
segundo acumula o ponto de luz com um aparelho de rádio, e o terceiro
junta ainda uma pequena arca de refrigeração.
O mercado alvo é
superior a 200 mil clientes, mas o projecto ambiciona abastecer "sete
mil, oito mil pessoas, num primeiro momento", disse Miguel Silva,
acrescentou que, com um investimento global de 688 mil euros, o projecto
prevê ainda a criação de 16 postos de trabalho directos.
"Levar
iluminação a bancas em meios rurais, onde é mesmo muito difícil de o
fazer, tem que ser uma das apostas muito fortes da TESE", sustentou o
responsável, sublinhando, porém, que "o abastecimento de energia não
vale por si só", mas pelo que pode melhorar na "qualidade de vida" das
pessoas.
A "diferença" deste projecto - defende Miguel Silva --
está no financiamento proposto, que "vai fugir bastante do tradicional
das organizações não-governamentais para o desenvolvimento", pois não se
limita a subvenções, alargando-se a "investidores privados ou
públicos".
Um entre 72, o projecto, o único oriundo de
Portugal, foi passando as etapas da selecção até à final do concurso
mundial, no qual compete com nove candidaturas, que serão avaliadas por
um painel de financiadores, investidores e doadores.
Se não
conseguir "convencer os investidores", a TESE vai continuar "a procurar
outras formas de financiar" este projecto, adiantou Miguel Silva,
assumindo que "um dos grandes sonhos" da organização portuguesa é
conseguir "fechar o círculo" de luz, água, tratamento de resíduos e
saneamento em Bafatá.
A TESE actua na Guiné-Bissau desde 2009,
sobretudo na região de Bafatá, onde está já em curso um projecto que
pretende abastecer de luz, através de uma mini central foto voltaica, a
zona de Bambadinca.
(in: angop)
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