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domingo, 6 de outubro de 2013

Primeiro-ministro de Timor-Leste lamenta "40 anos perdidos" na Guiné-Bissau e apela à estabilidade


O primeiro-ministro de Timor-Leste, Xanana Gusmão, lamentou hoje que as quatro décadas de independência da Guiné-Bissau tenham sido "40 anos perdidos" e fez vários apelos emocionados para o país encontrar estabilidade.



O líder timorense falava hoje no Palácio da Presidência, em Bissau, depois de ter recebido um "diploma de amizade e solidariedade entre os povos" entregue pelo presidente de transição guineense, Serifo Nhamadjo.
Na sala estavam também o primeiro-ministro de transição, Rui Duarte Barros, representantes de organizações internacionais e o Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, António Indjai, líder dos militares durante o golpe de estado de 12 de abril de 2012.
"Celebrastes os 40 anos de independência e pensámos por nós: não, não é ocasião de mandar felicitações. Não merecem. Como irmãos decidimos isso: não mereceis. Quarenta anos foram perdidos", referiu Xanana Gusmão, numa alusão aos golpes, conflitos militares internos e instabilidade politica no país.
"Chega", referiu em tom mais forte, num apelo feito de lágrimas nos olhos.
Xanana Gusmão comparou a instabilidade na Guiné-Bissau com a história de Timor-Leste, para mostrar que há soluções.
"Nós temos 11 anos e tivermos percalços. Mas levantámos-nos com determinação para que nunca mais, com independência, corra sangue no país", referiu.
"Façam uma profunda introspecção, é para o vosso bem. De longe viemos para sacudir as vossas mentes, os vossos espíritos", acrescentou.
Destacou ainda o facto de estarem na sala três timorenses que podem ter diferentes opiniões sobre a condução do país, mas que ultrapassaram divisões, aconselhando os guineenses a fazer o mesmo.
Xanana referia-se a Mari Alkatiri, que atualmente lidera a oposição em Timor-Leste e que integra a comitiva do primeiro-ministro na deslocação a Bissau, e Ramos-Horta, ex-presidente e governante timorense, hoje representante especial das Nações Unidas em território guineense.
O presidente de transição da Guiné-Bissau, Serifo Nhamadjo, aludiu às quatro legislaturas falhadas do país e fez um apelo aos políticos e autoridades: "a cultura da intriga tem que acabar. Quando houver problemas deve haver uma mesa para conversar".
Nhamadjo desvalorizou ainda o discurso da última semana do chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas, António Indjai, que acusou o governo de transição de corrupção e pediu verbas para as forças de segurança e militares, sob pena de haver instabilidade.
Para o presidente de transição tratou-se apenas de uma reclamação em tempos de "incompreensão e impaciência" de parte a parte.
A Guiné-Bissau está a ser dirigida por um presidente e um governo de transição na sequência do golpe de estado militar de 12 de abril de 2012.
A CEDEAO (Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental) determinou que o período de transição tem que terminar antes do final deste ano com a organização de eleições gerais, marcadas para 24 de novembro.
No entanto, várias figuras públicas do país e da comunidade internacional têm admitido a possibilidade de o escrutínio ser adiado devido ao atraso na preparação do processo eleitoral. 

 (in: lusa)


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