O Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas da Guiné-Bissau, António Indjai, prometeu hoje a subordinação dos militares ao poder político.
O líder dos militares guineenses, que protagonizaram um golpe de Estado a
12 de abril de 2012, falava hoje aos jornalistas no final de uma
cerimónia na Presidência da República em que recebeu novas insígnias,
passando de tenente-general a general de quatro estrelas.
António Indjai afirmou que as Forças Armadas guineenses não podem continuar a ser foco de problema na Guiné-Bissau.
"Vou-me empenhar mais, vou redobrar as minhas forças para mudar a
situação das Forças Armadas, porque temos que nos subordinar ao poder
político neste país: não podemos ser sempre motivos de problemas",
defendeu, dirigindo-se aos jornalistas em crioulo.
As declarações contrastam com as que Indjai fez há quase três semanas,
em que admitiu que poderia vir a acontecer um novo episódio de
instabilidade no país.
Num discurso em Bissau, a 15 de agosto, lançou o alerta: "não vai haver
uma guerra", mas poderá haver "problemas" se as eleições gerais no país
não forem bem preparadas.
Na mesma intervenção, o líder militar lançou críticas a várias entidades
e acusou a comunidade internacional de empurrar o país "para um beco
sem saída", referindo-se às eleições marcadas para 24 de novembro.
De então para cá, as palavras de Indjai têm sido questionadas na
imprensa nacional e várias figuras públicas apelaram à tranquilidade no
país.
Entre elas, José Ramos-Horta, que lidera a representação das Nações
Unidas na Guiné-Bissau, referiu no dia 21 de agosto que o país "não pode
dar-se ao luxo de continuar em instabilidade".
António Indjai |
Por sua vez, o presidente de transição, Serifo Nhamadjo, também lançou
um apelo na terça-feira, dizendo que todos devem colocar "o país acima
dos interesses pessoais para que não haja fricções".
Nhamadjo presidiu hoje à cerimónia em que foram entregues novas insígnias a 18 oficiais dos diferentes ramos das Forças Armadas.
Segundo explicou, tratou-se de conformar as insígnias com as funções que
os oficiais já desempenham há alguns anos e com o vencimento que já
estavam a receber.
Ou seja, Serifo Nhamadjo referiu que não há custos acrescidos para os cofres do Estado, nem outras pretensões.
"Não há nenhuma pretensão de agradar às forças armadas", não se trata de
"promover por promover, mas simplesmente conformar [a realidade] com as
normas instituídas desde 2000", sublinhou.
Sobre as novas insígnias, o general Indjai disse que em condições
normais não seria ele a ser graduado com a patente mais alta das Forças
Armadas da Guiné-Bissau.
"Se não fosse a situação (do país) não estava aqui hoje a receber esta
patente. Não sou eu quem deve ficar com esta patente, devia ser outra
pessoa, mas que fazer", questionou.
"Tendo em conta a situação em nos encontramos, recebo esta patente. É
uma coisa que já saiu no Boletim Oficial", o equivalente ao Diário da
República português, afirmou Indjai. (in:lusa)
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