Mal o Sol nasce, Amadú Djaló começa a servir o "mata-bicho" e apesar de não ter inventado nenhuma receita contra o Ébola, explica que os faz bem quentes para "queimar o vírus": ali ninguém é infectado, garante.
Sentado à mesa da pequena sala, onde é difícil estar de pé, junto ao mercado de Gabu (cidade da Guiné-Bissau mais próxima da fronteira com Conacri), Amadú fala com os clientes enquanto corta o pão "cuduro" (espécie de baguete) com as mãos nuas, tira manteiga do pote encaixado entre as pernas e serve café fervido numa chaleira ao fogareiro.
Hoje paga mais pelo açúcar e pelo arroz porque desde meados de agosto que a fronteira com a Guiné-Conacri está fechada, medida que faz parte do Plano de Emergência Sanitária para prevenir a entrada do Ébola na Guiné-Bissau.
Há menos mercadorias e os preços sobem. "Podem ser dois erros num só", disse à Lusa, Aladje Cassamá, presidente da associação de comerciantes local, que defende a reabertura das fronteiras.
A falta de mercadorias dos fornecedores da Guiné-Conacri começa a criar dificuldades aos comerciantes e Cassamá acredita que até o controle da epidemia é prejudicado, porque passam a ser utilizados caminhos secundários, não vigiados.
"As pessoas passam de moto ou a pé", confirma Dicas Cassamá, diretor de um clube desportivo e correspondente em Gabu de várias rádios.
(LUÍS MIGUEL FONSECA) |
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