O ANO de 2013 na Guiné-Bissau fica marcado pelo adiamento das eleições gerais, agravamento da crise económica e social e pelo aumento de casos de violação de direitos humanos.
As
eleições gerais deviam ter acontecido a 24 de Novembro para o país
escolher um Governo e um Presidente que permitissem o regresso à ordem
constitucional e ao diálogo com o resto do mundo, depois do golpe de
Estado militar de Abril de 2012. Porém, a Guiné-Bissau não se conseguiu
preparar a tempo da data marcada pelo Presidente de transição, Serifo
Nhamadjo, e as eleições acabaram por ser adiadas para 16 de Março de
2014. Pelo meio, o chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas,
António Indjai, tem acusado o governo de “incompetência” e “corrupção”,
defendendo que o país estaria melhor se tivesse ficado entregue aos
militares desde o golpe de 2012.
O
general é procurado pelas autoridades norte-americanas, que o acusam de
tráfico de droga, na sequência da detenção, em Abril, de Bubo Na
Tchuto, antigo chefe da marinha guineense - que aguarda julgamento nos
EUA.
A
indefinição política e o isolamento estão a sair caro: o Orçamento do
Estado perdeu ajudas, o preço dos bens essenciais disparou e, ao mesmo
tempo, as receitas das famílias caem, refere o principal inquérito feito
no país pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e
Alimentação (FAO) e pelo Programa Mundial de Alimentação (PMA).
O
preço do arroz importado (principal alimento dos guineenses), já chegou
a subir 50 por cento em relação ao início de 2012, destaca o relatório
do inquérito.
Do
lado das receitas, a maioria das famílias queixa-se de ter vendido o
caju (principal rendimento da maioria dos agregados) a preços mais
baixos que no último ano, por falta de maior atenção das autoridades
para o sector e devido ao crescimento de outros produtores mundiais. O
relatório conclui que um terço das famílias da Guiné-Bissau vive hoje
com falta de comida e é obrigada a cortar refeições.
O
PMA e a FAO alertam para o possível agravamento da pobreza no início de
2014, tendo em conta que muitas famílias já hipotecaram a produção
futura para terem dinheiro.
Tudo o que é essencial continuou por garantir em 2013: a electricidade e a água potável da rede são bens raramente disponíveis.
No
ensino, as escolas públicas não abriram no início do ano lectivo porque
os professores têm vários salários em atraso - e onde já abriram há
poucos alunos porque os pais não têm dinheiro, revelam os sindicatos e
as associações de estudantes.
Na
saúde, tal como na educação, os salários em atraso afectam o
funcionamento dos serviços, que já por si são muito limitados e
dependentes da ajuda humanitária.
Até
a execução do programa de luta contra o HIV/SIDA (doença que alastra no
país) está a ser afectado, referem os dirigentes do secretariado
nacional, que apontam o dedo à instabilidade e ao congelamento de verbas
por parte de parceiros internacionais.
A
par deste cenário de pobreza crescente, aumentou o número de casos de
violação dos direitos humanos, que culminaram com o espancamento de um
ministro de Estado, no início de Novembro
(in:lusa)
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