O
presidente de transição da Guiné-Bissau, Serifo Nhamadjo, confirmou, no
seu discurso à Nação de fim do ano, que o "incidente com a TAP"
deteriorou a imagem externa do país.
Além de prejudicar a imagem do país, Serifo Nhamadjo afirmou que a
passagem dos cidadãos sírios pela Guiné-Bissau, de onde partiram para
Portugal e onde acabariam por pedir asilo político complicou também as
relações com Portugal.
"É verdade que o incidente da passagem por Bissau, a caminho de
Lisboa, de 74 cidadãos sírios veio acrescer mais uma acha nas já
deficitárias relações entre o nosso país e Portugal", disse Nhamadjo.
No passado dia 10 deste mês 74 sírios, entre adultos e crianças,
embarcaram à força no aeroporto de Bissau, depois de pressões à
tripulação da TAP, por parte do ministro guineense do Interior, para
Portugal sob alegação de constituírem perigo para a segurança interna da
Guiné-Bissau.
Para o presidente de transição, o incidente complicou as relações com
Portugal, afetou a imagem externa da Guiné-Bissau e ainda "lesa a
dignidade dos guineenses".
Nhamadjo diz, contudo, que aguarda pelo posicionamento da Justiça e
do primeiro-ministro, Rui de Barros, para depois tomar uma decisão.
"Como é do conhecimento público tanto o ministro dos Negócios
Estrangeiros, que tutela as embaixadas, como o ministro do Interior, que
tutela as migrações, colocaram os seus lugares à disposição do chefe do
Governo", lembrou Nhamadjo.
Perante este e outros factos invocados no discurso de fim do ano, o
presidente guineense questionou os seus concidadãos sobre os caminhos a
tomar para o novo ano.
Para Nhamadjo só resta aos guineenses trabalharem para que o país
possa retomar a normalidade constitucionalmente interrompida com o golpe
de Estado militar de abril de 2012.
Nhamadjo instou os guineenses a continuarem "com a mesma
determinação", empenho e "capacidade de sofrimento", mas mantendo sempre
a coesão na diversidade.
"Devemos levar a cabo aquilo que a Nação e toda a comunidade
internacional espera de nós, a realização de eleições gerais (...) bem
como a criação de condições para um efetivo retorno à normalidade
constitucional", observou o presidente guineense.
As eleições gerais (legislativas e presidenciais) estão marcadas para 16 de março.
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