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Joseph Pulitzer

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

G-Bissau em clima de medo, paralisa e adia eleições com recenseamento a passo de caracol

 Logo no início do ano, a 10 de janeiro, o Governo de transição da Guiné-Bissau admitiu ser impossível realizar eleições em abril, como inicialmente previsto.


O principal partido da Guiné-Bissau, o PAIGC (Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde), decidiu, a 17 de janeiro, juntar-se à transição política em curso no país, iniciada na sequência do golpe militar de abril de 2012. O golpe afastou o PAIGC do poder e interrompeu a realização da segunda volta das eleições presidenciais antecipadas.

O bastonário da Ordem dos Advogados acusou, a 22 de fevereiro, o Ministério Público guineense estar mergulhado em corrupção: “a corrupção instala-se cada vez mais junto dos tribunais, com organizações mafiosas no seu seio, com gente a enriquecer de forma ilícita, muitas vezes com transformação do património público em privado, extravio de documentos incómodos e não execução de sentenças contra certo grupo de pessoas. Por isso exorto o Ministério Público, com urgência, a abrir um mega processo de inquérito dentro do poder judicial”, apelou Domingos Quadé.

A Guiné-Bissau é um dos países mais instabilizados pelo narcotráfico, de acordo com uma relatório da Organização das Nações Unidas, divulgado a 26 de fevereiro.

Numa operação envolvida em secretismo, o ex-chefe da Marinha da Guiné-Bissau, Bubo Na Tchuto, foi capturado em águas internacionais perto de Cabo Verde. Na Tchuto foi detido, a 4 de abril, por uma brigada norte-americana de combate ao tráfico de drogas. Era procurado pelos Estados Unidos por alegado envolvimento no tráfico internacional de drogas. A operação atribulou relações entre os dois países lusófonos. Dirigentes da Guiné-Bissau consideraram Cabo Verde como um “mau vizinho”.

Depois de os maiores partidos da Guiné-Bissau terem chegado a acordo para a remodelação do executivo, o Presidente de transição, Serifo Nhamadjo, nomeou, a 7 de junho, um novo Executivo.

Em junho, o relatório do Programa Alimentar Mundial (PAM) alertou que a má campanha de cajú, principal produto de exportação do país, deixou em penúria alimentar várias populações nas regiões mais pobres do país. José Ramos-Horta, representante do secretário-geral da ONU, pediu a intervenção imediata da comunidade internacional.
Ainda em junho, surgem preocupações quanto à desflorestação do país. De acordo com as organizações não-governamentais de defesa do ambiente guineenses, os chineses estão a retirar madeira de grande valor comercial, como o pau sangue”.

A 2 de setembro, a Guiné-Bissau declarou guerra aos sacos de plástico. Depois dos Camarões e do Ruanda, tornou-se no terceiro país africano a proibir a utilização, fabrico e distribuição de sacos de plástico.

A 4 de setembro, o Presidente de transição Serifo Nhamadjo promoveu vários militares envolvidos no golpe de Estado de abril de 2012, nomeadamente o Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, António Indjai, que passou de tenente-general a general de quatro estrelas.

Mas a 10 de setembro, o Parlamento vetou uma proposta da lei de amnistia aos autores do golpe de Estado de 12 de abril de 2012.

A 30 de setembro, dia em que começavam as aulas, os professores anunciaram uma paralisação. O ano foi, aliás, marcado por inúmeras greves, em vários sectores de atividade, que tiveram como principal reivindicação o pagamento de salários em atraso.

 Em Bissau, no dia 8, três nigerianos acusados de sequestrar uma criança foram linchados até à morte por uma multidão em fúria. Nos últimos meses, vários casos de perseguição, espancamento, intimidação e assassinatos provocaram grande preocupação no seio dos guineenses. As organizações da sociedade civil do país consideram este quadro o reflexo da inoperância do Estado.

O PAIGC não conseguiu realizar o oitavo congresso, em novembro, estando previsto para o próximo ano.

Também foram, mais uma vez, adiadas as eleiões que estavam previstas para 24 de novembro, devido à falta de condições. A 15 de novembro, o Presidente de transição Serifo Nhamadjo anunciou a nova data: 16 de março de 2014. Tendo em vista o pleito, arrancou a 1 de dezembro o recenseamento eleitoral. Inicialmente previa-se o registo de cerca de 800 mil eleitores durante 21 dias. No entanto registaram-se atrasos.

O ano terminou com baixas no executivo de transição: a 13 de dezembro o chefe da diplomacia guineense Delfim da Silva apresentou da demissão e no dia 17 foi a vez do ministro do Interior, Suka N’Tchama, os dois pelo mesmo motivo: o escândalo diplomático entre a Guiné-Bissau e Portugal no caso dos 74 sírios que viajaram de Bissau para Lisboa num voo da TAP, com passaportes falsos, com recurso à intimidação por parte de dirigentes guineenses. Em retaliação, a companhia aérea portuguesa suspendeu depois a ligação com Bissau.


 (in:dw)

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