O governo de facto oriundo do golpe de Estado de 2012 nunca
escondeu a enorme irritação que lhe causou o facto de Portugal não lhe
ter reconhecido legitimidade política. O trauliteiro Fernando Vaz é o
ponta de lança que dá corpo a essa enorme irritação. O governo oriundo
do golpe militar sabe bem o quão importante é o papel de Portugal. Por
isso a posição do Governo português tem sido uma espécie de espinha
atravessada na garganta.
Neste jogo, em que a paciência conta muito, o desgaste não é homogéneo e
equitativamente distribuído. Portugal pode conviver tranquilamente com o
arrastar da situação, o que não é o caso do governo de facto de
Bissau. À medida que se vai esgotando a paciência da CEDEAO -- o último
presidential statement do secretário-geral da ONU dá algumas pistas
nesse sentido -- o governo oriundo do golpe vai perdendo espaço de
manobra, ficando cada vez mais isolado e dependente dos poucos apoios
que lhe restam.
As eleições, entretanto, poderão voltar a deslizar no calendário. A confirmar-se, a reacção da comunidade internacional será inevitável. Este governo de facto está num beco com uma saída muito estreita. O primeiro-ministro de Bissau sabe isso, Fernando Vaz também, só alguns idiotas úteis portugueses é que parecem não ter ainda percebido o que para os golpistas foi claro desde a primeira hora.
(in: Bloguítica)
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