Dois
mil anos atrás os gregos, os romanos, os fenícios, os judeus e os
egípcios já falavam de Estado, de Democracia, de ciência, em suma de
filosofia.
Hoje muitos povos lutam pela sobrevivência, num obscurantismo
inerente, imposto e aceite como um destino irreversível. Nessa inépcia o
Povo Guineense que enfrentou com bravura o colonialismo para o
desalojar cinco séculos depois, se sente
impotente, como se os apoteoses de Amilcar Cabral perderam todo o seu
valor. A resistência contra a implantação do colonialismo durou séculos,
admitindo os invasores que, entre os povos, os guineenses eram caricias.
Se os nossos antepassados , pela força do destino
descobrissem hoje, a situação caótica em que vivem os guineenses, a
vergonha seria monstruosa. A liberdade tão desejada, conquista com suor,
sangue e vidas, nos escapa das mãos como águas. Suplicam hoje
guineenses, a espera da Divina providência, como se o mal que devem
enfrentar fosse o pior de todos os males. A mais nefasta, a
desconhecida, que nenhum ser seria capaz de combater.
A mutação do mundo
deixou a Guiné-Bissau com fome de desenvolvimento e os guineenses com a
fome de filosofia. Na sua piroga o guineense deriva, sem bússola e sem
destino. Animado duma esperança que lhe é intrínseca, ele espera. Ele
espera que a tempestade se calme e que finalmente o destino o leve ao
bom porto. Pura ilusão de óptica numa imaginação cocha e deficiente.
Porque razão viver de sonhos se há possibilidades de realizá-los? Porque
razão esperamos se o tempo urge?
Os nossos doutores deviam valorizar a
nossa liberdade. O sagrado mesmo é essa liberdade que deixamos degradar,
imputando-nos uma parte de nossa dignidade. A demissão dos guineenses à
causa nacional é fruto mesmo da sua ignorância. Quem sabe não teme.
A Guiné-Bissau sobreviverá, o futuro dos guineenses só Deus sabe.
(P.Gomes, dez.2013)
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