Hábitos e costumes enraizados na tradição guineense impedem ainda hoje que uma grávida ou criança coma os alimentos que precisa, denunciaram as autoridades nacionais e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).
"Alguns tabus impedem o consumo de determinados alimentos pelas grávidas e crianças, tais como ovos, banana, carne e outros", referiu o documento base da nova política nacional de nutrição até 2025.
Fonte da Unicef em Bissau esclareceu que a prevalência dos casos "não está estudada", mas há relatos de várias crenças.
Se a mãe comer carne, a criança vai nascer com esse hábito, logo, se um dia faltar dinheiro, ela vai roubar ou pedir a terceiros, de acordo com uma das histórias ouvidas por Ivone Menezes Moreira, diretora do Serviço de Nutrição e Sobrevivência da Criança da Guiné-Bissau.
Noutros locais do país, há quem acredite que se a criança comer ovos "vai nascer com a pupila branca e virar ladrão" ou que se as mães ingerirem bananas vão ficar com joelhos moles na altura do parto.
À custa das crenças, "surgem problemas de anemia e desnutrição", realçou.
Segundo dados das Nações Unidas, uma em cada quatro crianças da Guiné-Bissau sofre de má nutrição crónica e acaba por ter problemas fatais - por cada sete crianças que nascem na Guiné-Bissau pelo menos uma morre antes dos cinco anos.
A política dedicada ao tema estabelece diversos objetivos para os próximos 10 anos, entre os quais "reduzir em 40 por cento o número de crianças menores de cinco com atraso de crescimento", referiu-se no documento a que a Lusa teve acesso.
Acabar com problemas de anemia, falta de vitaminas, iodo e falta de peso dos recém-nascidos são outras das metas e para lá chegar são enumeradas dezenas de medidas em cada área de intervenção do Governo (como sejam a educação e saúde).
Para as pôr em prática, a máquina do Estado, praticamente desmantelada após anos de instabilidade política e impunidade face à corrupção, conta com parceiros internacionais e locais, mas o desafio é imenso, referiu-se no documento.
"O mais importante é garantir que o compromisso político continue para colocar a nutrição como uma prioridade nacional", disse Abubacar Sultan, representante da Unicef em Bissau.
O objetivo fundamental passa por "garantir que os primeiros mil dias de vida sejam os mais seguros", ou seja, com nutrição e afetos nos alicerces da formação pessoal.
A dieta alimentar enraizada junto de quase toda a população "está errada", destacaram as autoridades nacionais e a Unicef.
Um terço das crianças não é amamentada, faltam complementos alimentares para os bebés e o consumo de frutas e legumes, ricos em vitaminas e minerais, é raro, segundo dados de 2012 do Programa Alimentar Mundial (PAM).
De acordo com a mesma organização, os adultos também seguem um menu deficiente, baseado essencialmente no consumo de arroz e outros cereais, sem proteínas animais e sem levar à mesa os legumes e frutas abundantes em todo o território.
Mudar o cenário até 2025 implica enfrentar a pobreza que afeta 70% da população - sendo que um terço dela vive em miséria extrema (com menos de um dólar por dia, ou seja, alguns cêntimos de euro).
Metade da população é analfabeta, não há infraestruturas socioeconómicas de apoio ao desenvolvimento local, nem capitais financeiros, humanos, físicos ou sociais.
Se a mãe comer carne, a criança vai nascer com esse hábito, logo, se um dia faltar dinheiro, ela vai roubar ou pedir a terceiros, de acordo com uma das histórias ouvidas por Ivone Menezes Moreira, diretora do Serviço de Nutrição e Sobrevivência da Criança da Guiné-Bissau.
Noutros locais do país, há quem acredite que se a criança comer ovos "vai nascer com a pupila branca e virar ladrão" ou que se as mães ingerirem bananas vão ficar com joelhos moles na altura do parto.
À custa das crenças, "surgem problemas de anemia e desnutrição", realçou.
Segundo dados das Nações Unidas, uma em cada quatro crianças da Guiné-Bissau sofre de má nutrição crónica e acaba por ter problemas fatais - por cada sete crianças que nascem na Guiné-Bissau pelo menos uma morre antes dos cinco anos.
A política dedicada ao tema estabelece diversos objetivos para os próximos 10 anos, entre os quais "reduzir em 40 por cento o número de crianças menores de cinco com atraso de crescimento", referiu-se no documento a que a Lusa teve acesso.
Acabar com problemas de anemia, falta de vitaminas, iodo e falta de peso dos recém-nascidos são outras das metas e para lá chegar são enumeradas dezenas de medidas em cada área de intervenção do Governo (como sejam a educação e saúde).
Para as pôr em prática, a máquina do Estado, praticamente desmantelada após anos de instabilidade política e impunidade face à corrupção, conta com parceiros internacionais e locais, mas o desafio é imenso, referiu-se no documento.
"O mais importante é garantir que o compromisso político continue para colocar a nutrição como uma prioridade nacional", disse Abubacar Sultan, representante da Unicef em Bissau.
O objetivo fundamental passa por "garantir que os primeiros mil dias de vida sejam os mais seguros", ou seja, com nutrição e afetos nos alicerces da formação pessoal.
A dieta alimentar enraizada junto de quase toda a população "está errada", destacaram as autoridades nacionais e a Unicef.
Um terço das crianças não é amamentada, faltam complementos alimentares para os bebés e o consumo de frutas e legumes, ricos em vitaminas e minerais, é raro, segundo dados de 2012 do Programa Alimentar Mundial (PAM).
De acordo com a mesma organização, os adultos também seguem um menu deficiente, baseado essencialmente no consumo de arroz e outros cereais, sem proteínas animais e sem levar à mesa os legumes e frutas abundantes em todo o território.
Mudar o cenário até 2025 implica enfrentar a pobreza que afeta 70% da população - sendo que um terço dela vive em miséria extrema (com menos de um dólar por dia, ou seja, alguns cêntimos de euro).
Metade da população é analfabeta, não há infraestruturas socioeconómicas de apoio ao desenvolvimento local, nem capitais financeiros, humanos, físicos ou sociais.
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