C/ a devida vénia o editor do "BR" optou por reproduzir este texto publicado em o blogue http://simintera.com/2014/04/18/eurodeputada-ana-gomes-ou-os-golpistas-e-seus-acolitos/ pela sua pertinência e que o subscreve.
Pude constatar que alguns guineenses ficaram muito sensibilizados com as declarações da eurodeputada Dra. Ana Gomes, sobre as consequências que poderiam advir de qualquer tentativa de perturbação da reposição do estado de direito na Guiné-Bissau, como também ao seu apontar do dedo, pelos vistos certeiro, na identificação do principal patrocinador do golpe de estado de 12 de Abril.
Não me estranhou as reacções coléricas por parte de alguns guineenses, ao comentário da Dra. Ana Gomes, já que vieram de golpistas conhecidos e alguns dos seus acólitos activistas virtuais, que sempre quiseram usar a ferramenta virtual para branquear o golpe de estado de 12 de Abril, usando chavões que podem iludir os guineenses menos atentos, como a paz e a unidade entre os guineenses.
Os golpistas e os seus acólitos sozinhos fizeram a guerra e auto promoveram-se criadores e defensores da paz e de uma transição bem-sucedida! Tentam ocultar o óbvio e tirar partido dele. Ou seja, tentam ocultar que a obrigatoriedade de entendimento da classe política criminosa e não criminosa guineense com o culminar da organização de umas eleições livres e justas, foram impostos de fora para dentro, por uma comunidade internacional cansado e farto das nossas irresponsabilidades.
A Dra. Ana Gomes não fez mais que tornar explícita essa imposição, até então implícita para a maioria dos guineenses, que obriga os irresponsáveis políticos e militares guineenses e da CEDEAO, responsáveis pelo último golpe de estado e pela situação calamitosa em que se encontra actualmente a Guiné-Bissau, a frenarem os seus ímpetos criminosos e golpistas, caso contrário sofrerão graves consequências pelos seus actos…
Identificar e tornar público os verdadeiros problemas de um país e os seus respectivos responsáveis, também é uma forma de prevenção da tentação de novos eventos problemáticos. Julgo que foi o que a Dra. Ana Gomes fez e a bem da Guiné-Bissau e do seu martirizado povo.
Por outras palavras, o que disse a Dra. Ana Gomes foi que os responsáveis pelo golpe de estado de 12 de Abril estão identificados e que a comunidade internacional não os tolerará qualquer tentação de nova manobra desestabilizadora.
A Dra. Ana Gomes faz parte das figuras que interessava a União Europeia mandar como observadora e ser portadora desses recados aos criminosos, pela sua forma de ser e de estar na política, por todos conhecidos.
Tentar fazer outras leituras das declarações da Dra. Ana Gomes revela apenas a impreparação política e cívica dos que vieram manifestar-se ofendidos com essas declarações.
Ainda não percebi se ingenuamente ou maquiavelicamente, esses activistas do teclado tentam acusar a Dra. Ana Gomes de querer desestabilizar o país, num momento de estabilidade!
Para eles a estabilidade é o povo votar ordeiramente, mesmo que nos bastidores os criminosos de costume continuarem a orquestrar mais instabilidade para um futuro próximo!?
Estranhamente, o principal acusado público de ter patrocinado o golpe de estado de 12 de Abril, o presidente da CEDEAO, apenas veio timidamente negar essa responsabilidade, enquanto alguns guineenses assumiram com maior mágoa essas declarações, como se tivessem sido proferidas contra o nosso país ou o nosso povo! Isso só vem revelar quem se sente comprometido com o 12 de Abril e o poder transicionista e quem não está envolvido com golpistas e preocupa-se verdadeiramente com a estabilização do país.
Os ofendidos com a declaração da Dra. Ana Gomes, esforçados em demonstrar o quanto estão empenhados na paz e tranquilidade neste período eleitoral, nunca se manifestaram contra a exclusão de que foram vítimas alguns guineenses exilados a força, impedidos, por um poder ilegal e criminoso, de exercerem nestas eleições todos seus direitos previstos na Carta Magna. Estranhamente, nem se mostraram preocupados com as manobras do prolongamento do “desfalecimento” do Kumba/Mohamed Yalá, que para mim continua a ser uma ameaça a pairar sobre o ambiente pós-eleitoral da segunda volta das presidenciais!
Do porta-disparate dos golpistas, já nada nos deve surpreender nem espantar e acrescentar o que quer que seja às suas declarações, é pura perca de tempo! O povo guineense já lhe deu a respectiva resposta nas urnas e devia apenas aprender qualquer coisa da lição democrática que o povo guineense lhe deu e desaparecer sorrateiramente da cena pública guineense, enquanto aguardar futuros julgamentos e lições da democracia que a estabilização do país terá para lhe dar… Mas, como golpista que se preza, resiste em sair da cena, buscando casos e argumentos para criar instabilidade e dessa forma continuar a “navegar nas águas anárquicas”, que é o único meio onde se sente confortável e consegue ser rei e senhor…
De alguns intelectuais da escrita, esperava menos emoção e primitivismo na análise das declarações da Dra. Ana Gomes e na manifestação sem pudor dos seus complexos de colonizado!
A Dra. Ana Gomes proferiu essas declarações na qualidade de elemento da UE destacada para fiscalizar as eleições guineenses. Tentar tirar ilações com cunho paternalista e tentar envolver e atingir Portugal na sequência dessas eleições, faz parte da estratégia dos golpistas, assente num forte complexo do colonizado, desde que Portugal posicionou-se fortemente contra o golpe de estado de 12 de Abril.
Nesta fase da passagem do poder das armas para um poder democrático, é claro que interessa aos golpistas saírem bem na fotografia e de preferência de forma impune! Mas, nesse jogo, não pode valer tudo! Podem travestir-se de várias formas e feitios, mas estão perfeitamente identificados pelo povo e hão-de ser julgados de diversas formas, conforme o grau do vosso comprometimento com o poder ilegal, quer seja nas urnas, nos tribunais ou até em debates públicos.
Por mais que custe aos golpistas e os seus acólitos travestidos, Guiné tem ku muda. O mundo não vai tolerar mais os desvarios e a impunidade a que se habituaram nesses 40 anos da nossa história.
(por: Jorge Herbert)
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