"Da forma como está a ser feito, penso que nem todas as pessoas que pretendem se recensear vão conseguir", disse Fernando Ka, presidente da Associação Guineense de Solidariedade Social (Aguinenso).
"Eu acho que existe um objetivo claro de deixar muita gente que quer votar fora do recenseamento", afirmou Fernando Ka.
"Quem está no poder na Guiné-Bissau, não está muito interessado nisso,
por isso condicionam esta participação" no recenseamento eleitoral,
referiu ainda.
Fernando Ka queixou-se do curto prazo que as pessoas terão para realizar
o seu recenseamento e a falta de recursos disponíveis para a
realizá-lo, já que só há um chamado "kit" de recenseamento para a
realização do processo em Portugal.
"Acredito que apenas um ou dois por cento dos guineenses em Portugal
irão conseguir recensear-se, milhares ficarão de fora e não poderão
votar nas eleições de março", lamentou Malam Gomes, presidente da
Associação dos Naturais do Pelundo Residentes em Portugal.
Gomes também disse que "a comunidade está interessada em fazer o
recenseamento", mas com apenas um sistema de registo esse objetivo
torna-se "muito difícil", sobretudo com um prazo tão curto para fazê-lo.
Segundo o conselheiro e encarregado de negócios da embaixada guineense
em Portugal, M´bala Alfredo Fernandes, o recenseamento em Portugal
começou há uma semana e terminará a 31 de janeiro.
"São recenseadas, em média, 130 pessoas por dia e, até ao momento, já foram recenseadas mais de mil pessoas", disse Fernandes.
O "kit" já esteve em Coimbra e Porto. Hoje está na margem sul, no
Barreiro, e irá ainda para o Algarve, segundo o funcionário da embaixada
guineense.
Na Guiné-Bissau, o recenseamento eleitoral começou há mais de sete semanas.
De acordo M´bala Alfredo Fernandes, a demora no envio do "kit" para Portugal deveu-se "a problemas burocráticos".
O funcionário acredita que o processo de recenseamento está a correr
muito bem, apesar das limitações provocadas por haver apenas um "kit".
Há 555 mil eleitores registados na Guiné-Bissau, o que representa 68 por
cento do total previsto, após sete semanas e alguns dias de
recenseamento, de acordo com o Gabinete Técnico de Apoio ao Processo
Eleitoral (GTAPE).
De acordo com a mesma tabela do GTAPE, estão registados na diáspora 6.680 eleitores.
Os últimos dados (2012) do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF)
indicam que residem legalmente só em Portugal 17.759 guineenses, sendo a
sexta maior comunidade estrangeira no país.
As eleições serão as primeiras depois do golpe de Estado de abril de
2012, que colocou no poder um governo de transição, não reconhecido pela
maior parte da comunidade internacional.
(in: rtp)
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