No seu relatório anual, apresentado hoje em Berlim, a organização de defesa dos direitos humanos identifica como principais alvos da intolerância na Europa os ciganos, imigrantes e candidatos a asilo.
Sob a frase "UE: Muita conversa sobre direitos, poucos resultados", a
ONG critica num comunicado a incapacidade para ações conjuntas dos 28
perante tragédias como a morte de centenas de imigrantes ilegais junto
das costas italianas.
"A prioridade deve ser salvar vidas e, depois, manter a fortaleza
europeia", disse Kenneth Ross, diretor executivo da ONG, numa
conferência de imprensa hoje na capital alemã.
O relatório critica igualmente a UE pela incapacidade em travar as
políticas seguidas na Hungria para "minar o Estado de Direito e os
direitos humanos", assim como "as abusivas expulsões" de ciganos em
França.
Segundo o documento, ciganos, imigrantes e refugiados são
especialmente "marginalizados" na Europa, mas os muçulmanos também são
discriminados em muitas áreas, enfrentando por vezes problemas em
exercer a liberdade de culto.
"O racismo e a homofobia continuam a ser problemas graves na UE,
tendo dado origem a apelos do Parlamento Europeu e do Conselho da Europa
para um esforço maior de combate às formas mais extremas de
intolerância", lê-se no documento.
A HRW reconhece os esforços das autoridades europeias para fixar
regras comuns de asilo, mas sublinha que os refugiados continuam a
deparar-se com legislação protecionista em muitos países da UE, uma
realidade particularmente evidente no caso dos refugiados sírios.
"O respeito pelos direitos humanos mede-se em factos, não em
palavras", afirmou a investigadora sénior para a Europa e Ásia Central
da HRW Judith Sunderland. "Pessoas vulgares, dos sem-abrigo na Hungria
aos adolescentes negros e árabes constantemente parados pela polícia em
França, passando pelos candidatos a asilo sírios na Grécia, estão a
pagar o preço da falta de uma aplicação robusta dos direitos",
acrescentou.
"Apesar do compromisso de pôr os direitos humanos 'no coração' da sua
política externa, a UE parece não ter qualquer política que garanta
avanços em países com uma repressão sistemática dos direitos, assumindo
por vezes abordagens inconsistentes em relação a países de todo o mundo e
não sendo capaz de adotar uma mensagem comum para parceiros
estratégicos como a Rússia e a China", afirma.
(in: lusa)
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