COM O TEMPO UMA IMPRENSA CÍNICA, MERCENÁRIA, DEMAGÓGICA E CORRUPTA, FORMARÁ UM PÚBLICO TÃO VIL COMO ELA MESMO
Joseph Pulitzer
sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014
"PUSD" Discurso de Apresentação e Submissão de Candidatura
Eleições
Legislativas 2014
DEPOSITAMOS
HOJE A NOSSA/VOSSA CANDIDATURA PARA AS PRÓXIMAS ELEIÇÕES
LEGISLATIVAS.
Fizemo-lo
com muita ESPERANÇA NO FUTURO e com a certeza de que o PUSD irá
mudar a situação do nosso país.
Porque
somos pela Unidade Nacional e pela Estabilidade do país.
Porque
somos pela Justiça e Reconciliação, e contra a impunidade.
Porque
somos pela pelo Respeito e a cara levantada da Guiné-Bissau.
Porque
somos pela Dignidade da população e pela dignidade da Mulher.
Porque
somos pela Educação e pela Juventude.
Porque
somos pela Saúde, Emprego, e Habitação e Segurança Sociais.
Porque
somos pela Soberania Económica e contra o Subdesenvolvimento;
Porque
somos pela idoneidade da Reforma da Defesa e Segurança.
Porque
somos pelos Direitos Humanos e pela Segurança Pública.
Porque
somos, sobretudo, pelo Desenvolvimento.
POR
ISSO O PUSD DEPOSITOU A NOSSA/VOSSA CANDIDATURA.
Porque
sabemos ser um dos países mais pobres do mundo e que ocupamos a 176°
posição no ranking do Índice de Desenvolvimento Humano.
Porque
sabemos que 45% da nossa população vive em situação de extrema
pobreza.
Porque
sabemos ser um dos países mais instáveis da África e ser o país
das transições de fora da Constituição da República.
POR
ISSO O PUSD DEPOSITOU A NOSSA/VOSSA CANDIDATURA.
Porque
nós, guineenses, queremos e temos o direito de querer um Bom
Presidente, Bons deputados, um Bom Primeiro-Ministro e um Bom
Governo.
Porque
somos por um presidente idóneo e com provas dadas.
Porque
somos por uma ANP de Deputados minimamente capacitados para os
desafios da Guiné-Bissau.
Porque
somos por um governo de patriotas, que não permita a venda não
autorizada do património do Estado, o assalto aos nossos mares, a
devastação das nossas florestas, o desaparecimento das nossas
areias…. Um governo que não nos assalte a bem de interesses
identificados, individuais e desmensurados.
POR
ISSO O PUSD DEPOSITOU A NOSSA/VOSSA
CANDIDATURA.
Porque
lamentamos e enjeitamos a condição da Criança Guineense.
Porque
repudiamos o contexto de abandono em que foi colocada a Juventude
Guineense.
Porque
recusamos a condição da Mulher Guineense.
Ela
a verdadeira arma motora da sociedade, a sofredora.
Ela
que faz parte da maioria da nossa população.
Ela
que é maioria do nosso eleitorado.
A
ela a quem deveria também caber a definição do destino deste Povo.
POR
ISSO O PUSD DEPOSITOU A NOSSA/VOSSA CANDIDATURA.
Pois,
no Estado da Nação, ver tantos e tantos a querer ser Nosso
Presidente. Alguns pondo no chão a Magistratura Suprema da Nação,
por achar poder. Outros mal preparados. Onde tudo vale e numa
permanente tentativa e insistência de nos emitir o certificado de
inabilitação na escolha do líder Supremo.
Pois,
no Estado da Nação, ter tantos partidos, surgidos do nada, outros
do desnorte de 4 décadas da Nação, muitos e a maioria para fazer
nem se sabe o quê, como e quando.
Tantos
e mais concorrentes para fazer perigar, ainda mais, a importância
vital da Concórdia Nacional.
POR
ISSO O PUSD DEPOSITOU A NOSSA/VOSSA CANDIDATURA.
Para
que se ponha o dedo na ferida e se grite um Basta de quase meio
século.
Para
que o PUSD possa TRABALHAR PARA OUTRA E NOUTRA GUINÉ-BISSAU.
Para
o respeito da Guiné-Bissau.
Para
que a Guiné-Bissau se afaste do pior.
POR
ISSO O PUSD DEPOSITOU A NOSSA/VOSSA CANDIDATURA.
Para
apelar aos Jovens.
Para
apelar as mulheres.
Para
apelar à maior força política do país: a Abstenção.
Para
que todos acreditem na Guiné-Bissau.
POR
ISSO O PUSD DEPOSITOU A NOSSA/VOSSA CANDIDATURA.
O
PUSD arrancou e o caminho é para a frente.
Com
Amor por esta terra.
Com
coragem e com a certeza na vitória.
Pa
levantar a Guiné-Bissau.
VIVA
PUSD.
VIVA
A GUINÉ-BISSAU,
VIVA
A REPÚBLICA.
Mais dois à presidência...
Ser jornalista é cada vez mais difícil na Guiné-Bissau
Funcionários da rádio e televisão públicas têm salários em atraso e pedem melhores condições laborais, tendo decretado greve. Há também jornalistas que se queixam de intimidações.
Os dois órgãos de comunicação social estatais da Guiné-Bissau estão em
greve. A paralisação de 30 dias serve para reclamar uma melhoria das
condições de trabalho e o pagamento da dívida contraída pelo Estado
guineense.
No caso da rádio pública, a soma ronda os 150 mil euros, segundo Bacar
Tcherno Dolé, porta-voz dos trabalhadores da Radiodifusão Nacional
(RDN). Os funcionários prometem boicotar a cobertura das eleições gerais
se não forem pagos.
"Com o não pagamento dessas dívidas não haverá tempos de antena dos
partidos políticos, coberturas eleitorais e campanhas de educação
cívica", afirma Tcherno Dolé.
Durante os dias da greve, a RDN tem um serviço mínimo com jornais de 5
minutos, em que são apenas apresentadas notícias internacionais, além da
situação de precariedade da estação.
Na Televisão da Guiné-Bissau (TGB), a greve visa também exigir do
Governo um esclarecimento sobre se a única estação de televisão do país
é, afinal, uma empresa pública. Outros pontos na lista de reivindicações
são a grelha salarial, que não é revista há duas décadas, o pagamento
de vários meses de "complemento salarial" e ainda a melhoria das
condições laborais.
Até agora, não houve negociações com o executivo guineense, segundo
Mamadú Candé do sindicato de base dos trabalhadores. "O Governo não
chamou ninguém."
Exercício "limitado" do jornalismo
Este é o segundo período de paralisação do canal neste ano, depois de os
funcionários não terem conseguido obter respostas satisfatórias em
relação às suas reivindicações. Candé fala de utopia no seio dos
jornalistas da Guiné-Bissau.
"Não havendo condições materiais, laborais, e com uma total
precariedade salarial, estamos limitados para o exercício da profissão",
comenta. "Sem contar com algumas intimidações por pessoas que não
querem a verdade."
Em declarações à DW África, o Governo de transição reconhece dispor de parcos meios financeiros para atender às reivindicações.
"Não há dinheiro", admite Armindo Handem, secretário de Estado da
Comunicação Social. "O Governo tem feito aquilo que pode. Neste momento,
não temos condições de pagar os salários em atraso."
Armindo Handem recorda que toda a Função Pública se depara com esta
situação de salários em atraso. "Não se trata somente dos órgãos de
comunicação social públicos, mas é [toda] a Função Pública que se
encontra numa situação de três meses de salários em atraso."
Intimidações
Também em Bissau, o Tribunal agendou para o próximo mês de março o
julgamento dos jornalistas do jornal "Donos da Bola", envolvidos numa
polémica com o Procurador-Geral da República, Abdu Mané, e o presidente
do Supremo Tribunal de Justiça, Paulo Sanha. Em causa está a publicação
de uma notícia com o título " Abdu Mane e Paulo Sanha pretendem afastar
José Mário Vaz (JOMAV) da política."
José Mário Vaz, antigo ministro das Finanças no Governo de Carlos
Gomes Júnior, foi apontado pela Justiça guineense como suspeito no
desvio de apoio orçamental cedido por Angola ao Estado guineense.
Em conferência de imprensa em Bissau, Pedro Lucas, diretor de informação
do semanário, denunciou que os seus jornalistas estão a ser alvo de
perseguição e de intimidações por parte dos detentores do poder, para os
silenciar.
Segundo Lucas, os jornalistas estão a ser obrigados a revelar fontes
citadas no artigo em causa. Nenhum advogado quereria ficar com o caso,
alegando que são duas figuras de proa da Justiça guineense. Pedro Lucas
vai mais longe nas críticas e questiona também por que razão ainda não
houve um julgamento do caso siríos, em que o ministro do Interior, Suka Ntchama, teria sido um papel central.
Tanto o Presidente do Supremo Tribunal de Justiça como o
Procurador-Geral da Republica prometem falar do assunto só depois do
julgamento marcado para o dia 17 de março.
(in:dw)
O dinheiro é para beneficio do povo e não dos corruptos e outros
Dinheiro para combater pobreza na Guiné-Bissau tem que deixar de ir "para os bolsos das elites” – ONU
A
pobreza na Guiné-Bissau não vai acabar enquanto o dinheiro que devia
ajudar a população continuar a ir para "os bolsos das elites", avisou
hoje a relatora das Nações Unidas, Magdalena Sepúlveda, no final de uma
visita ao país.
ONU Guiné-Bissau deve tratar imediatamente as necessidades críticas dos mais pobres
A autoridades políticas e militares da Guiné-Bissau.
Todas
as autoridades estaduais devem agir com visão para assegurar que todas
as mulheres, crianças, jovens adultos e as futuras gerações. Mudanças
estruturais sistemáticos são necessários para combater a impunidade,
garantir o acesso à justiça, à educação e à gestão de reformas
agrícolas.
Além
disso, desde recomendações específicas nas áreas de saúde, educação,
emprego, proteção social e acesso à terra e igualdade de gênero.
Sendo as mulheres
e meninas o sustentáculo da Guiné-Bissau, a recompensa é uma
negligência de seus direitos e necessidades.
Não ter acesso a serviços como
educação, saúde e justiça e vítimas de violência de acesso sexual,
exploração, casamento forçado, mesmo apesar de seus
esforços incansáveis para garantir o bem-estar de suas famílias e
comunidades, como tambem a gravidez na adolescência.
Polícia Judiciária da Guiné-Bissau detém 13 suspeitos de assaltos à mão armada
A Polícia Judiciária da Guiné-Bissau anunciou hoje a detenção de 13 suspeitos de envolvimento em assaltos à mão armada praticados na capital, Bissau, nas últimas semanas.
Os 13 detidos, com idades entre os 20 e os 27 anos, são todos
naturais da Guiné-Bissau e estão à guarda da PJ até à próxima semana,
altura em que devem ser ouvidos pelo Ministério Público.
Os suspeitos atuavam em grupos organizados em diferentes bairros da
capital, referiu João Alexandre Forbes, inspetor da PJ guineense, em
conferência de imprensa.
Durante a operação que levou às detenções, a polícia apreendeu
"algumas armas brancas e recuperou parte do material roubado",
acrescentou.
Eletrodomésticos, telemóveis, computadores e uma viatura em que os
suspeitos se deslocavam para os assaltos, fazem parte do material
apreendido.
Os piores países lusófonos no que toca aos direitos humanos
Relatório sobre os Direitos Humanos 2014 do Departamento de Estado dos EUA indica Guiné-Bissau, Angola e Brasil como os casos mais preocupantes na lusofonia.
Corrupção, uso abusivo de força, exploração e discriminação de mulheres são algumas das acusações feitas pelo relatório que diz ainda que são praticados impunemente.
As mais graves violações de direitos humanos incluíram detenções arbitrárias, corrupção agravada pela impunidade dos funcionários do governo e pelas suspeitas de envolvimento no tráfico de drogas e uma falta de respeito para com o direito dos cidadãos de eleger o seu governo".
Segundo o Governo americano as autoridades de Bissau "não conseguiram ter controlo efectivo sobre as forças de segurança que cometeram abusos”.
Em contrapartida, o
relatório diz que o Governo de Bissau "não tomou medidas para
processar ou punir os oficiais ou outros indivíduos que cometeram
abusos, seja nas forças de segurança ou em outras estruturas
governamentais".
Em Angola, o Departamento
de Estado no seu relatório anual cita vários casos de violação de
direitos humanos.
Entre outras violações,
o documento cita espancamentos, tortura, assassinatos por parte dos
agentes de segurança e polícia, limites às liberdades de reunião,
de associação, de expressão e de imprensa, corrupção e
impunidade.
Na extensa lista dos
abusos de direitos humanos o relatório cita ainda a privação
arbitrária ou ilegal, condições adversas nas cadeias, prisões e
detenções arbitrárias, prisão preventiva excessiva, infracções
sobre a privacidade dos cidadãos, despejos forçados sem a devida
indemnização, restrições às organizações não-governamentais,
discriminação e violência contra as mulheres, abuso de crianças ,
tráfico de pessoas, limites aos direitos dos trabalhadores e
trabalho forçado.
O Relatório do Departamento de Estado sobre a Situaçao dos Direitos Humanos reconhece que o governo tomou medidas limitadas para processar ou punir funcionários que cometeram abusos, mas falta capacidade para enfrentar uma generalizada cultura de impunidade e corrupção no Governo.
Em relação ao Brasil, a superlotação das prisões brasileiras e os casos de abuso por parte de polícias estaduais são ameaças aos direitos humanos, segundo o relatóro do governo americano.
O Relatório do Departamento de Estado sobre a Situaçao dos Direitos Humanos reconhece que o governo tomou medidas limitadas para processar ou punir funcionários que cometeram abusos, mas falta capacidade para enfrentar uma generalizada cultura de impunidade e corrupção no Governo.
Em relação ao Brasil, a superlotação das prisões brasileiras e os casos de abuso por parte de polícias estaduais são ameaças aos direitos humanos, segundo o relatóro do governo americano.
Assim como em edições
anteriores, o Relatório sobre os Direitos Humanos do Departamento de
Estado dos EUA, com dados relativos a 2013, critica as péssimas
condições sanitárias das prisões brasileiras que, muitas vezes,
“colocam em risco” a vida dos detentos.
O documento cita os
protestos que ocorreram no Brasil desde o ano passado e afirma que as
forças de segurança “ocasionalmente usaram força excessiva
contra manifestantes pacíficos, particularmente durante os protestos
de junho em São Paulo”.
“Durante os protestos
em junho, forças de segurança usaram balas de borracha, spray de
pimenta e gás lacrimogêneo contra manifestantes violentos, mas em
geral as forças de segurança respeitaram os direitos de
manifestantes pacíficos”, diz o texto.
Outros problemas citados
pelo documento são o tráfico sexual de crianças e adolescentes,
trabalho forçado e corrupção.
Segundo o relatório, o
governo continua a processar os que cometem abusos, mas o processo
judicial ineficaz atrasa a justiça para vítimas e autores de
violações de direitos humanos.
O relatório do Departamento de Estado norte-americano denuncia actos que violam os direitos humanos perpetrados pelas forças de segurança em Portugal em 2011, os dados mais recentes disponibilizados pelas autoridades portuguesas.
O relatório do Departamento de Estado norte-americano denuncia actos que violam os direitos humanos perpetrados pelas forças de segurança em Portugal em 2011, os dados mais recentes disponibilizados pelas autoridades portuguesas.
O documento sublinha que
"os mais importantes problemas relacionados com os direitos
humanos incluem uso excessivo da força por parte da polícia e de
guardas prisionais".
O Departamento de Estado norte-americano reporta-se a dados da Comissão de Prevenção da Tortura (CPT) do Conselho de Europa, após visita a Portugal em abril de 2012, tendo concluído que "o sistema de notificação de denúncias de abuso foi quebrado e, portanto, é ineficaz".
Cabo Verde continua a ser descrito como um país que respeita os direitos humanos nas suas mais diversas formas.
O Departamento de Estado norte-americano reporta-se a dados da Comissão de Prevenção da Tortura (CPT) do Conselho de Europa, após visita a Portugal em abril de 2012, tendo concluído que "o sistema de notificação de denúncias de abuso foi quebrado e, portanto, é ineficaz".
Cabo Verde continua a ser descrito como um país que respeita os direitos humanos nas suas mais diversas formas.
No entanto, violência
policial, atrasos em julgamentos e abusos contra crianças foram
alguns dos problemas indicados no relatório.
Em relação à violência
policial, o Departamento de Estado diz que “o governo
(cabo-verdiano) tomou medidas para julgar e punir os funcionários
que cometeram abusos”, lamentando que o processo tenha sido
“longo”.
Adianta que também a
polícia “tomou medidas disciplinares contra funcionários” que
desrespeitaram a lei.
Em relação às
mulheres, o Departamento de Estado indica que, apesar de a legislação
prever direitos iguais para os dois géneros, o feminino é
discriminado em áreas como a política e a economia.
O relatório refere que observadores nacionais e estrangeiros e organizações locais da sociedade civil em Moçambique indicam que o Governo falhou , por vezes, ao não manter o controle efectivo sobre as forças de segurança que, por sua vez, violaram direitos humanos.
O relatório refere que observadores nacionais e estrangeiros e organizações locais da sociedade civil em Moçambique indicam que o Governo falhou , por vezes, ao não manter o controle efectivo sobre as forças de segurança que, por sua vez, violaram direitos humanos.
Segundo o documento, o
Governo fracassou em proteger os direitos políticos e liberdade de
reunião, e permitiu assassinatos e abusos por parte das forças de
segurança.
A corrupção também é
um problema sério e, entre os problemas sociais, o relatório
indicou a discriminação contra as mulheres , abuso , exploração e
trabalho forçado de crianças , tráfico de mulheres e crianças;
O governo tomou algumas
medidas para punir e processar os funcionários que cometeram abusos,
mas a impunidade permaneceu um problema.
Quanto a São Tomé e
Príncipe, a policia é referida como protagonista de casos de
violação dos direitos humanos.
Recorde-se que o
Relatório sobre os Direitos Humanos do Departamento de Estado
Americano é considerado um dos mais importantes documentos sobre o
tema.
OBSERVAÇÕES E RECOMENDAÇÕES PRELIMINARES DA MISSÃO DA RELATORA ESPECIAL DAS NAÇÕES UNIDAS PARA POBREZA EXTREMA E DIREITOS HUMANOS - Magdalena Sepúlveda
Missão à Guiné-Bissau de 24 de fevereiro à 1º de março de 2014
OBSERVAÇÕES E RECOMENDAÇÕES PRELIMINARES
Membros da imprensa, senhoras e senhores,
Eu
vos falo hoje, ao término da minha missão oficial à Guiné-Bissau
a convite do Governo, de 24 de fevereiro à 1º de março de 2014.
Meu objetivo durante esta visita foi avaliar a situação daquelas
pessoas vivendo em pobreza extrema no país, e a seguinte declaração
contém as minhas descobertas preliminares e recomendações. Eu
gostaria de enfatizar que a declaração de hoje cobre todos os temas
urgentes dos quais eu espero que sejam tratados pelo Estado como
prioridade. Eu apresentarei meu relatório final à 25ª sessão do
Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, em junho de 2014. O
relatório final incluirá minhas recomendações de maneira mais
detalhada, para apoiar o Governo a melhorar as vidas das pessoas
vivendo em situação de pobreza.
Dado
o caráter imediato de alguns dos temas levantados comigo por várias
partes interessadas, eu me sinto compelida a tratá-los aqui hoje, e
não esperar pela consideração dos temas no meu relatório final da
missão ao país, para junho de 2014. Embora eu reconheça que muito
mais pode ser dito sobre uma série de assuntos, incluindo o
encorajamento de políticas públicas e programas, essa é uma
escolha deliberada. Como tal, os seguintes comentários são – e
devem ser relatados como – um trabalho em curso.
Introdução
Durante
a minha estadia, reuni-me com várias autoridades governamentais,
incluindo o Presidente de Transição Serifo Nhamadjo; o
Primeiro-Ministro de Transição Rui Duarte de Barros; o Ministro da
Justiça Mamadú Saido Baldé; o Ministro da Economia e Integração
Regional Soares Sambú; o Ministro da Agricultura Nicolau dos Santos;
a Ministra das Mulheres, Família e Solidariedade Social Gabriela
Fernandes; o Secretário de Estado da Segurança Alimentar Bilony
Nhama Nantamba Nhasse; o Ministro da Educação Nacional, Juventude,
Cultura e Desportos Alfredo Gomes Júnior; a Presidenta da Comissão
Nacional de Direitos Humanos Aida Injai Fernandes; e a Comissão
Nacional de Planeamento e Coordenação Estratégica.
Eu
também me reuni com representantes de organizações internacionais,
da comunidade de doadores, instituições financeiras internacionais
e uma gama de organizações da sociedade civil.
Ademais,
reuni-me com comunidades vivendo em condições de pobreza na região
de Biombo, sectores de Quinhamel, Mansôa, Bissorã, Mansaba e
Nhacra. Eu visitei várias instalações de tratamento de saúde,
tais como o Hospital de Mansôa e o Projeto Saúde Bandim na região
de Quinhamel (tabanca de Bucumul).
Eu
gostaria de agradecer o Governo da Guiné-Bissau pela sua excelente
cooperação durante a visita. Eu aprecio muito o espírito de
abertura com o qual eu pude dialogar com as autoridades.
Eu
me reuni com o Representante Especial do Secretário-Geral José
Manuel Ramos-Horta, o Representante Especial Adjunto do
Secretário-Geral e Coordenador Residente Gana Fofang, e outros
representantes da Equipa Nacional das Nações Unidas. Eu gostaria de
estender meus agradecimentos mais sinceros à Secção de Direitos
Humanos do Gabinete Integrado das Nações Unidas para a Consolidação
da Paz na Guiné-Bissau (UNIOGBIS), pela sua excelente colaboração
e assistência a esta missão.
Estou
em dívida com todas as pessoas que tomaram seu tempo para
reunirem-se comigo, uma vez que as suas contribuições à minha
visita foram incomensuráveis. Eu fiquei particularmente tocada
durante a missão, pelo engajamento vibrante e ativo da sociedade
civil trabalhando em direitos humanos e temas relacionados à
pobreza. Eu sou especialmente agradecida à todas as pessoas que
compartilharam as suas experiências pessoais, por vezes traumáticas,
de luta contra a pobreza extrema e exclusão social.
Senhoras
e senhores,
Desde o final do
conflito de quase uma década pela independência em 1973, a
Guiné-Bissau experimentou instabilidade política quase que
constantemente, culminando na guerra civil de 1998-1999, a qual
deixou um quarto da população refugiada. O conflito causou severas
rupturas económicas e destruição generalizada da infraestrutura
pública, um impacto do qual o país ainda recupera-se. Desde a sua
independência, nenhum governo da Guiné-Bissau completou o período
de seu mandato. A Guiné-Bissau tem enfrentado uma instabilidade
contínua, caracterizada por recorrentes assassinatos de altos
funcionários estatais, golpes de estado, perseguições políticas e
renúncias forçadas de agentes públicos, sendo que a última
eleição presidencial foi interrompida por um golpe militar em 12 de
abril de 2012. Essa instabilidade resulta em um declínio no nível
de desenvolvimento, com uma complexa interligação de pobreza,
reforço de normas sociais tradicionais e culturais que prejudicam e
limitam o acesso das comunidades e famílias aos serviços
básicos.
A proporção da
população vivendo em situação de pobreza monetária aumentou
notavelmente entre 2002 e 2010. O número de pessoas vivendo com
menos de dois dólares ao dia aumentou em quatro pontos percentuais,
chegando a 69 porcento (DENARP II, 2011, p. 7). O aumento da pobreza
extrema (menos de um dólar ao dia) foi ainda maior, subindo de 21 a
33 porcento. A grande disparidade entre a capital e o resto do país
também foi incrementada entre 2002 e 2010: a pobreza extrema
aumentou de 25 a 40 porcento nas regiões, em comparação ao aumento
de 9 a 13 porcento em Bissau.
Os níveis de
pobreza extrema e absoluta são excessivamente altos fora da capital.
Entre um terço e metade da população vive com menos de um dólar
ao dia nas regiões, e a pobreza absoluta é endémica no campo. Até
na região com melhor desempenho, Bolama/Bijagós, quase metade da
população vive com menos de 2 dólares ao dia, e em Gabu a pobreza
absoluta é quase universal, afetando 84 porcento da população. A
vulnerabilidade da população é caracterizada pela pobreza
absoluta: uma extrema ausência de recursos financeiros restringe a
habilidade das comunidades em prover as crianças com assistência de
saúde, educação e um ambiente protegido.
Esse
ciclo de instabilidade e consequente declínio social foi ilustrado
recentemente pelo golpe de estado de abril de 2012. A Guiné-Bissau
foi e continua dependente fortemente de assistência externa ao
desenvolvimento, que representa cerca de 15 porcento do seu PIB. Em
2010, a assistência externa chegou a aproximadamente 57 porcento do
total da receita governamental, financiando mais de 50 porcento do
total de gastos da Guiné-Bissau. Ainda que o início desta década
haja testemunhado algumas melhorias dos indicadores sociais,
informações recolhidas no último ano mostram um decréscimo em
vários âmbitos após o golpe, resultando na suspensão de vários
programas de ajuda externa ao desenvolvimento. A Guiné-Bissau será
incapaz de atingir os Objetivos de Desenvolvimento do Milénio em
2015.
Reconhecendo
que este país relativamente jovem tem sofrido de recursos limitados,
a negligência de investimentos em áreas críticas, tais como saúde
e educação, tem-se agravado nos últimos anos, afetando
drasticamente as chances de desenvolvimento, atrasando o país. Como
resultado do limitado orçamento para gastos gerais do governo (22
porcento do PIB, de acordo a estimativas – Relatório do FMI de
maio de 2010), o montante alocado para serviços sociais básicos
está entre os mais baixos da África ocidental. Em 2006, por
exemplo, menos de quatro porcento dos gastos governamentais foram
destinados a educação (10 dólares per capita), contra 6,7 porcento
(14 dólares per capita) no Níger. Em 2007, o gasto público com
saúde foi estimado em quatro dólares per capita na Guiné-Bissau,
em contraste com a média de 11 dólares per capita de países com
baixa renda e 34 dólares per capita da região ocidental africana
(Estatísticas da Saúde Mundial, OMS, 2010). Em 2011, o orçamento
alocado para a saúde e educação representou meramente 20,7
porcento do geral, contrariando a recomendação internacional de 40
porcento.
Tomo nota que a
Guiné-Bissau esteja comprometida em reforçar os seus recursos
legais e, em anos recentes, haja adoptado leis e tratados
internacionais importantes. A assinatura do Protocolo Facultativo à
Convenção sobre os Direitos da Criança relativo aos Procedimentos
de Comunicação, a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com
Deficiências e o seu Protocolo Facultativo, no ano de 2013, e do
Protocolo Facultativo ao Pacto Internacional dos Direitos Económicos,
Sociais e Culturais, no ano de 2009, representam progressos
importantes em várias áreas relacionadas ao meu mandato, não
obstante, insto o Governo a completar o processo de ratificação
desses documentos.
A Guiné-Bissau
tem trabalhado activamente junto aos órgãos de monitoramento de
direitos humanos, tendo participado com sucesso do processo de
Revisão Periódica Universal (RPU); envolvendo-se na revisão dos
Órgãos de Tratados das Nações Unidas; e estendendo convite
permanente a todos os Procedimentos Especiais do Conselho de Direitos
Humanos das Nações Unidas. De acordo às recomendações da RPU, do
Comité sobre Direitos das Crianças e o Comité para a Eliminação
de todas as Formas de Discriminação contra a Mulher, e com o apoio
técnico e financeiro da UNIOGBIS e parceiros da Equipa Nacional das
Nações Unidas, o Governo avançou ao estabelecer marcos legais e de
políticas públicas.
Em 2011, o Governo adoptou a Lei que visa prevenir, combater e reprimir a excisão
feminina (Lei nº. 14/2011), e a Lei da prevenção e combate ao
tráfico de pessoas, em particular mulheres e crianças (Lei nº.
12/2011). O Governo também concluiu a Política Nacional para
Igualdade e Equidade de Género (PNIEG), um marco para promover,
coordenar e dar seguimento a equidade em todos os sectores. A
colaboração com o Comité Parlamentar Especializado sobre Mulheres
e Crianças resultou na adoção pela Assembleia Nacional Popular, da
Lei contra a Violência Doméstica, em Julho de 2013, ainda que falte
a promulgação oficial da Presidência. Recentemente, o Governo de
Transição aprovou o Plano Nacional de Ação contra a Violência
com base no Género (2014-2016), após um amplo diálogo com
organizações de mulheres, defensoras e defensores de direitos
humanos, organizações da sociedade civil e parceiro das Nações
Unidas.
No entanto, são
necessárias medidas adicionais para a incorporação completa da
legislação e normas internacionais na implementação de políticas
públicas nacionais. A legislação frequentemente não se traduz em
garantia de direitos para muitas pessoas Bissau-Guineenses. Há
lacunas graves de implementação legal, incluindo a falta de
promulgação da Lei contra a Violência Doméstica.
Tomo
nota dos esforços envidados para assegurar que a Guiné-Bissau tenha
uma Comissão Nacional de Direitos Humanos que seja verdadeiramente
independente, com suporte financeiro e recursos humanos para actuar.
Nesse sentido, apelo ao Estado que garanta a total adequação do
novo Estatuto da Comissão Nacional de Direitos Humanos aos
Princípios de Paris. Também são necessários investimentos
significativos em recursos humanos e financeiros, particularmente
através da descentralização dos serviços de maneira que estejam
acessíveis à comunidade.
Mulheres
e raparigas
A
desigualdade de género e a discriminação estão entre os
principais fatores de pobreza e vulnerabilidade, particularmente nas
zonas rurais. Esta é uma sociedade extremamente patriarcal, que
historicamente tem sido indiferente aos direitos e às necessidades
das mulheres. Visitando as comunidades rurais, fiquei surpreendida ao
constatar que o bem-estar e a economia das comunidades e das famílias
dependem inteiramente das mulheres.
As
mulheres e as raparigas são responsáveis somente pelo trabalho
doméstico não remunerado, como coletar água e lenha, cozinhar e
cuidar de crianças e doentes, e elas são também as principais
fornecedoras de alimentação e de recursos financeiros. Ainda assim,
elas têm pouco controle sobre os recursos internos ou sobre o
planeamento familiar. Apesar de serem as principais trabalhadoras da
terra como agricultoras e produtoras, a terra não lhes pertence.
Pelo contrário, elas são restringidas a direitos fundiários
secundários, e o direito de uso da terra é obtido apenas através
dos seus maridos e de outros membros masculinos da família.
A
elevada taxa de pobreza entre as viúvas está muitas vezes
relacionada com a discriminação baseada na lei e nos costumes: após
a morte do marido, a viúva não herda o seu terreno nem os seus
recursos, os quais passam a estar sob a responsabilidade da família
do marido. Apesar de serem as principais trabalhadoras da terra,
produtoras de alimentos e dos recursos advindos, as mulheres
solteiras, viúvas ou abandonadas têm menos acesso à terra e menos
oportunidades económicas. Sem direitos garantidos, acesso à terra
ou tampouco recursos produtivos, as mulheres rurais podem facilmente
cair numa situação de pobreza mais acentuada, e enfrentar desafios
ainda maiores para atingir o mesmo nível de subsistência para as
suas famílias.
As
disparidades e a falta de oportunidades para as mulheres podem ser
encontradas em todas as áreas e setores. As mulheres e raparigas
carregam o fardo de cuidar e prover as famílias em situação de
pobreza extrema, e a sua recompensa por uma vida de esforço
incansável é a denegação completa dos seus direitos, tais como o
direito à educação, à saúde e à integridade física.
Em
comparação aos homens, as mulheres sofrem com menos acesso aos
serviços de saúde, maior incidência de HIV/SIDA, níveis
inferiores de escolarização e alfabetização, renda reduzida,
taxas mais altas de desemprego e maiores dificuldades de superação
da pobreza.
Para
agravar mais a sua situação, há uma prevalência generalizada de
violência sexual com base no género no país, e um alto nível de
impunidade. Em todo o país, as mulheres são vítimas de tais
abusos, sem acesso à proteção, justiça ou medicamentos. A
violência física, psicológica e sexual contra as mulheres é
generalizada, mas continua sendo pouco denunciada. A violência
doméstica raramente é levada ao conhecimento das autoridades
judiciais. As normas culturais e os tabus, a ausência de agentes de
segurança e de recursos económicos adequados, muitas vezes
bloqueiam qualquer possibilidade de procurar reparação e justiça
para os responsáveis de tais atos.
A
mutilação genital feminina (MGF), a qual constitui uma agressão à
integridade física das mulheres e raparigas, muitas vezes violando o
seu direito à saúde, também ocorre de maneira generalizada em
certas comunidades. A prevalência dessa prática na Guiné-Bissau
também está diretamente ligada à pobreza. O aumento do número de
casos notificados reflete um retrocesso inaceitável nos direitos das
mulheres. Ao mesmo tempo em que louvo as medidas tomadas nos últimos
anos, tais como a Lei que visa prevenir, combater e reprimir a
excisão feminina, a Declaração adotada pelos Imames após a
Conferência Internacional Islâmica de 2012 para o Abandono da
Mutilação Genital Feminina, ao igual que a assinatura simbólica de
uma fatwa condenando a MGF, deve-se abrir mão de todos os
recursos para garantir que MGF seja erradicada na prática.
As
mulheres jamais poderão ser iguais ou desfrutar dos seus direitos
enquanto persistir a violência com base no género. Ainda que eu
recomende a aprovação da Lei contra a Violência Doméstica e da
Lei contra a Mutilação Genital Feminina. Devem ser envidados
esforços adicionais para assegurar que essas mesmas leis sejam
aplicadas na prática. As comunidades na Guiné-Bissau devem ser
sensibilizadas sobre a existência dessas leis, e as autoridades
locais devem estar à altura de fazer cumprir a lei sempre que
necessário. Campanhas de sensibilização e educação também serão
necessárias para pôr fim às normas culturais discriminatórias e
abusivas, às praticas prejudiciais e aos estereótipos, em
conformidade com a Convenção sobre a Eliminação da Violência
Contra as Mulheres. Tais estereótipos são altamente prejudiciais e
estão na raiz de grande parte da violência, pobreza e privação de
direitos que as mulheres enfrentam – entretanto esses estereótipos
não são inevitáveis ou estáticos. Através de ações coordenadas
de educação, eles podem e devem ser combatidos.
O
nível extremamente elevado de mortalidade materna no país também
constitui uma situação alarmante. A porcentagem de mortalidade
materna da Guiné-Bissau é a oitava mais elevadas do mundo, com uma
estimativa de 790 óbitos maternos a cada 100.000 nascidos. É
deplorável que em 2014, morram duas mulheres por dia ao dar à luz.
Nacionalmente, seis em cada dez mulheres não têm acesso a atenção
qualificada durante o parto, um dos fatores mais importantes para
ultrapassar as complicações durante e após dar à luz. Instalações
insalubres e degradadas, escassez crítica de pessoal de saúde, um
sistema de fornecimento de medicamentos inadequado, barreiras
geográficas, e o custo inacessível permanecem como maiores
obstáculos de acesso ao sistema de saúde.
Outros
fatores que impactam o direito à saúde e à educação das mulheres
são a prevalência de casamentos forçados e gravidez precoce. Em
2011, 31 porcento das mulheres com idades entre 20-24 anos tinham
dado à luz pela primeira vez antes de atingir os 18 anos de idade. A
taxa de gravidez precoce é levemente maior entre adolescentes, 137
nascimentos por 1.000 jovens entre 15 e 19 anos (fonte: UNICEF,
Situação das Crianças no Mundo, 2013). Em 2012, sete por cento das
mulheres com idades entre 20 e 24 anos tinham-se casado antes dos 15
anos, e 22 por cento antes de atingirem os 18 anos de idade (fonte:
UNICEF, Estado das Crianças do Mundo, 2013). Há muito por fazer
para sensibilizar alguns grupos étnicos sobre o impacto negativo
dessas práticas tradicionais ao bem-estar das mulheres. As
autoridades do Estado, os profissionais de saúde, e os agentes de
segurança devem demonstrar um forte compromisso para erradicar todas
as formas de práticas tradicionais nocivas.
O
HIV/SIDA continua sendo um problema considerável na Guiné-Bissau e
a ter um impacto desproporcional sobre as mulheres. Enquanto as
estimativas conservadoras colocam a taxa de prevalência nacional
entre adultos em 5,3 porcento, as mulheres sofrem de forma
desproporcional em relação aos homens: 6,9 porcento entre as
mulheres contra 2,4 porcento. Essas taxas são mais elevadas do que a
prevalência do HIV nas regiões da África Central e Ocidental. A
suspensão do programa do Fundo Global teve um grande impacto em
2013, pois o país sofreu com a falta medicamentos antirretrovirais,
kits de testes e programas de tratamento para prevenir a transmissão
de mãe para filho. Devido à falta de coleta de dados no ano
anterior e a diminuição correspondente nos programas de abordagem
do HIV/SIDA, as taxas atuais provavelmente subestimam a verdadeira
dimensão do problema. Devem ser tomadas medidas adicionais para
garantir que a população tenha conhecimentos mais abrangentes e
corretos sobre a prevenção e o tratamento do HIV/SIDA, e que sejam
tomadas todas as medidas possíveis para a sua prevenção.
Apesar
de constituir o pilar da sociedade guineense, as mulheres na
Guiné-Bissau continuam a estar sub-representadas nos postos de
tomada de decisão, colocando o país entre os estados com pior
desempenho da CEDEAO nesse quesito. O atual Governo de Transição
inclui apenas duas mulheres (comparadas com 28 homens), representando
7,4 porcento do total da população num país onde as mulheres
perfazem 51,5 porcento da população. Esta sub-representação grave
reflete-se também a nível local, da comunidade e do núcleo
familiar, onde as mulheres estão em grande parte impossibilitadas de
participar de forma significativa nos processos de tomada de decisão.
O
país não pode progredir em áreas cruciais como a redução da
pobreza, o desenvolvimento sustentável ou o gozo dos direitos
humanos, se não houver medidas significativas para garantir o
estatuto de igualdade da mulher na sociedade. Essa não é apenas uma
questão básica de justiça e direitos humanos, trata-se também de
um pré-requisito essencial para a melhoria das vidas de todas as
pessoas na Guiné-Bissau. A experiência em vários países
demonstrou que o empoderamento das mulheres é um fator chave no
crescimento económico e desenvolvimento. Este esforço deve começar
já, sem qualquer atraso. Hoje, darei algumas recomendações não
exaustivas para ações prioritárias a esse respeito.
A
fim de progredir na luta contra a mortalidade materna e de respeitar
o direito das mulheres ao mais alto nível possível de saúde, as
mulheres devem ter acesso garantido aos serviços de saúde
reprodutiva e aos cuidados de saúde pré-natal e pós-natal. Ambos
acessos, físico como financeiro, devem ser cuidadosamente prestados,
eliminando por exemplo taxas a usuários e fornecendo serviços de
atenção de saúde mais próximos das comunidades, especialmente nas
áreas rurais.
A
participação política das mulheres em todos os níveis deve ser
melhorada e apoiada sem demora. Embora a presença igualitária das
mulheres nos órgãos de tomada de decisão seja apenas um primeiro
passo à igualdade de género, é um passo necessário para assegurar
que as vozes das mulheres sejam ouvidas em todos os assuntos que lhes
afetem. Devem ser tomadas medidas críticas antes das próximas
eleições, como uma questão de prioridade, caso contrário, será
perpetuada a falta de poder político das mulheres. Apesar do curto
espaço de tempo antes das eleições, deve ser adotado um marco
jurídico para a igualdade de género nas eleições, apoiado por
todos os partidos políticos e pelo Governo de Transição. A
oportunidade e o resultado, são ambos cruciais: a proporção de
mulheres não deve ser aumentada somente nas listas partidárias, mas
também entre os cargos eleitos. Para isso, parece ser inevitável
que o governo e os partidos políticos implementem cotas como um meio
para acelerar o acesso das mulheres aos postos de tomada de decisão.
Não
obstante, enquanto que as cotas podem garantir que as mulheres
estejam presentes no parlamento, não há garantias que as mulheres
serão capazes de usar esse poder de maneira eficaz. Considerando o
histórico limitado de mobilização das mulheres e a integração da
mulher na vida política do país, medidas imediatas devem ser
tomadas para fornecer educação, liderança e outras estratégias
para impulsionar o empoderamento das mulheres. Dada a constante
instabilidade política, isso deveria engajar as mulheres e raparigas
na prevenção e resolução de conflitos, de acordo com a Resolução
1325 do Conselho de Segurança das Nações Unidas. Seria
particularmente importante prestar todo o apoio necessário
(financeiro e outros) às redes de mulheres e organizações da
sociedade civil, para assegurar que os esforços levados a cabo
partam da base para cima.
Adicionalmente,
a carga de trabalho doméstico não remunerado que as mulheres
desempenham deve ser compartilhada e aliviada, para que elas sejam
capazes de participar nos fóruns de tomada de decisão, de grupos
comunitários à assembleia nacional.
Há
numerosos exemplos de países desenvolvidos, incluindo em situação
de pós-conflito, que conseguiram melhorar a participação política
das mulheres exponencialmente e em um curto espaço de tempo. Eu
sugiro que a Guiné-Bissau aprenda desses esforços ao encarar os
seus desafios, embora as suas medidas devam ser escolhidas
cuidadosamente, embasadas nos contextos social, político e cultural.
Depois
das eleições, o novo Governo haverá de priorizar a garantia da
igualdade das mulheres em todas as esferas da vida, consolidando um
marco legal no qual o papel da mulher em todas as instâncias de
decisão, da Comissão Nacional de Eleições aos governos locais,
seja incrementado, facilitado e apoiado. A revisão das leis de
herança, posse e propriedade da terra também serão uma tarefa
urgente e absolutamente essencial para o novo governo, ao buscar
direitos iguais para mulheres quanto à terra e meios de produção,
pré-requisitos para o empoderamento económico e superação da
pobreza.
Crianças
A
taxa de mortalidade infantil de crianças com menos de cinco anos na
Guiné-Bissau é a sétima mais alta do mundo, com 161 óbitos a cada
1000 recém nascidas em 2011. Tragicamente, uma em cada 10 crianças
morre antes do seu primeiro ano de vida, enquanto que uma em cada
seis crianças morre antes de completar cinco anos de idade.
As
principais causas de morte são complicações pré-natal, malária,
infecção respiratória aguda e diarreia – todas
facilmente preveníveis. Além disso, a malnutrição, que sempre tem
sido o maior problema de saúde na Guiné-Bissau, continua sendo uma
das principais causas subjacentes de mortalidade infantil: 27,4
porcento das crianças com menos de cinco anos sofrem de má nutrição
crónica, enquanto que 6,5 porcento sofreram má nutrição aguda. Em
2013, a situação deteriorou-se ainda mais, parte por causa da
insegurança alimentar, afetando principalmente crianças de seis a
59 meses de vida. Apesar de uma melhora significativa quanto à
prevalência do aleitamento materno (de 38 a 67 porcento entre 2010 e
2012), as práticas de alimentação infantil são uma das causas
para essa situação de subnutrição, especialmente para bebés e
crianças pequenas.
O
trabalho infantil prevalece – em 2010, 57 porcento de crianças de
cinco a 14 anos são exploradas em trabalho infantil (Relatório
sobre o Desenvolvimento Humano – PNUD 2013). Isso reflete o
desespero das necessidades económicas de várias famílias na
Guiné-Bissau, assim mesmo, o trabalho infantil apenas perpetua a
pobreza a médio e longo prazo, uma vez que as crianças não têm
oportunidade de receber uma educação adequada. Estudos substanciais
devem ser desenvolvidos para avaliar a viabilidade da implementação
paulatina de alguns mecanismo de proteção social, ao menos aos
membros da sociedade em situação de maior vulnerabilidade, sendo
que essas medidas podiam reduzir significativamente os incentivos
para o trabalho infantil, garantir em certa medida a segurança
alimentar e a promoção de medidas para a inclusão social. Enquanto
esses passos reduziriam significativamente o trabalho infantil,
também seriam críticos para garantir segurança alimentar e
promover inclusão social.
Senhoras
e senhores,
A
Guiné-Bissau é um país excepcionalmente jovem, com 65 porcento de
população com menos de 25 anos de idade. Portanto, o país deve
buscar a melhoria do bem-estar das gerações mais jovens, que são o
futuro do país. Medidas para implementar o direito e dar educação
para todas as crianças e jovens são particularmente essenciais.
Como uma questão de prioridade, o Estado deve assegurar que todas as
crianças em todas as Regiões do país possam gozar seu direito
absoluto ao ensino primário obrigatório e gratuito, através de
escolas de alta qualidade, acessíveis e sem custos adicionais. Há
de empreenderem-se, com urgência, medidas proactivas para atingir
esse fim. O país deve dar prioridade as suas crianças, a
restruturação do sistema de ensino é uma condição necessária
para o desenvolvimento. A saúde de crianças e mães também tem que
ser tratada como prioritária. Durante a minha visita, eu me reuni
com profissionais do ensino, da medicina e enfermagem, que trabalham
incansavelmente para o seu povo, apesar de ficarem sem receber
salários por vários meses. Eu recomendo os seus esforços, mas faço
um apelo ao Estado para garantir que profissionais de sectores
essenciais, como a saúde e educação, recebam seus salários de
maneira consistente, como uma questão prioritária.
Todas
as autoridades do Estado devem atuar com a visão de garantir que as
crianças, jovens, e as futuras gerações tenham uma vida melhor.
Medidas de curto prazo, decisões de alcance limitado com vistas a
satisfação de interesses pessoais sobre a construção da nação e
aproveitamento universal das oportunidade e direitos, ameaçarão
gravemente o futuro do país e não garantirão a estabilidade
política e desenvolvimento equitativo, o desenvolvimento sustentável
que o povo da Guiné-Bissau merece.
Senhoras
e senhores
O
país tem uma oportunidade de progredir. Contudo, isso depende de um
acordo de visão comum, uma visão que mova os políticos nacionais
para longe de disputas de poder a curto prazo e alianças
oportunistas, ao invés de avançar em direção a projetos de
bem-estar de toda a sociedade – em particular da maioria da
população que vive na situação odiosa de pobreza.
Para
assegurar o desenvolvimento sustentável do país, é essencial lutar
contra a impunidade e fazer com que as autoridades verdadeiramente
prestem contas. Para assegurar medidas efectivas para a justiça,
remediação e reconciliação na sociedade, a Guiné-Bissau deveria
considerar seriamente a criação de uma comissão de inquérito
internacional, apoiada pelas Nações Unidas. A coesão social, paz e
estabilidade também dependem da existência do estado de direito,
com independência do poder judiciário e modernização das Forças
Armadas sob o controle civil.
As
políticas publicas têm que buscar fornecer as ferramentas
necessárias para melhorar a vida das pessoas que vivem em situação
de pobreza, e que constituem a maioria de população da
Guiné-Bissau. Isso significa que os investimentos sociais em áreas
como a saúde e educação não devem mais serem negligenciados. A
proporção do (embora limitado) orçamento do Estado que é
destinada aos gastos com saúde e educação deve ser aumentada
consideravelmente para assegurar oportunidades concretas de
desenvolvimento. Esse propósito pode ser atingido através da
transferência de fundos de sectores menos prioritários, como gastos
militares, que não sejam essenciais ao gozo dos direitos. Tal
balanço de gastos é de obrigação legal do Estado, sob vários
tratados, como o Pacto Internacionais de Direitos Económicos,
Sociais e Culturais e o Comité sobre os Direitos da Criança. A
Guiné-Bissau deve utilizar o “máximo de recursos disponíveis”
na realização dos direitos económicos e sociais, como a saúde e a
educação, Em última instância, o país não pode desenvolver-se
sem investir no seu bem mais vital: a sua população.
Também
deve-se prestar particular atenção ao sector económico majoritário
da agricultura, do qual a maioria da população depende para as suas
vidas. Ainda constata-se uma produtividade extremamente baixa em
agricultura e a dependência da monocultura (a castanha de caju), o
que cria um grande risco de insegurança alimentar, e até fome, se a
colheita falhar ou o preço de mercado baixar. Apesar do nível de
produção do sector agrícola, a produção local é insuficiente
para alcançar as exigências nacionais devido a vários factores,
incluindo infraestruturas de transporte precárias, um sistema de
mercado informal subdesenvolvido, falta de acesso ao crédito,
insumos agrícolas e equipamentos para irrigação. Para superar o
alto nível de insegurança alimentar e o flagelo da má nutrição
no país, é crucial dar soluções a esses desafios e a dependência
da colheita da castanha de caju.
O
Estado deve reforçar o investimento na agricultura e economia rural
para aumentar a produtividade. Esse sector pode ser um motor do
crescimento sustentável da economia, porém isso não pode acontecer
sem o reforço do desenvolvimento da infraestrutura agrícola e
rural, o que também poderia contribuir para aumento da capacidade
para a produtividade, melhorando condições de vida e a crescente
segurança alimentar.
Enquanto
o desenvolvimento de infraestruturas é essencial, a sustentabilidade
ambiental deve ser o objetivo. Na Guiné-Bissau, os recursos
florestais e a pesca estão em risco de esgotar. Outras medidas, mais
adequadas, devem ser adoptadas para assegurar a preservação dos
recursos naturais para as gerações futuras e cuidar da degradação
do meio ambiente. Ademais, as autoridades devem tomar medidas
urgentes para evitar o esgotamento sistemático dos recursos
florestais e de pesca por actos de corrupção, atualmente ocorrendo
com impunidade. Tais actos devem ser prevenidos e investigados em
todos os níveis. Os recursos naturais do país pertencem legalmente
a toda população da Guiné-Bissau, e devem fornecer comida e
condições de trabalho à população por muitas gerações futuras.
Aquelas pessoas que encontrem-se esgotando esses bens para o seu
próprio lucro, em detrimento do futuro do país, devem ser
responsabilizados enquanto uma prioridade para o país.
Senhoras
e senhores
Eu
gostaria de aproveitar esta oportunidade para lançar um forte
chamado à comunidade internacional para continuar e reforçar a
assistência internacional e cooperação para o beneficio do povo da
Guiné-Bissau. Tendo em conta a grave situação de pobreza na
Guiné-Bissau, todos os Estados que estejam em condições de apoiar,
devem fazê-lo através de assistências financeira e capacitação
técnica. A recente situação política colocou isso em risco, mas a
comunidade internacional deve redobrar esforços para assegurar que o
povo da Guiné-Bissau, tão necessitado, não seja mais penalizado
pelos actos das elites políticas e militares.
Um
grande esforço deve ser feito no sentido de garantir, em paralelo
com ajuda dada para reerguer as instituições do Estado, que as
organizações da sociedade civil continuem a receber a assistência
que precisam. Apoiar e favorecer as organizações da sociedade civil
ativas no país é uma forma de garantir o controle efetivo aos
cidadãos e canalizar de forma adequada os recursos aos segmentos
mais pobres de população. Apesar de todos os obstáculos, mutas
organizações da sociedade civil são muito efectivas em assistir e
construir o sustento e capacidades das pessoas que conseguem
alcançar, frequentemente com projetos inovadores. Recursos
adicionais são necessários para permitir que essas organizações
aumentem seu impacto, cobertura e apoio e a transição de micro
projetos para uma cobertura abrangente.
Senhoras
e senhores,
Por
fim, eu acredito que as recomendações que fiz hoje não vão apenas
ajudar a reduzir a pobreza e estimular o desenvolvimento sustentável
e o gozo dos direitos humanos na Guiné-Bissau de maneira mais
efectiva, mas também diminuirão consideravelmente o potencial de
futuras tensões e conflitos. Se a pobreza e a desigualdade de género
não forem tratadas como uma questão prioritária, e a impunidade
sistemática não for combatida, as oportunidades para o
desenvolvimento significativo e a coesão social serão ameaçadas.
Se
as autoridades, incluindo as elites políticas e militares, não
priorizarem a construção da nação e respeito pelos direitos
humanos em detrimento de ganhos pessoais, irão inevitavelmente
desenvolver um aumento do ressentimento por parte da maioria da
população, impedindo a consolidação da paz, estabilidade política
e desenvolvimento.
E
vou terminar, reiterando o meu compromisso de continuar o diálogo
iniciado nesta visita. Eu gostaria de mais uma vez agradecer ao
Governo da Guiné-Bissau pela sua excelente cooperação durante a
minha visita. Espero poder continuar a trabalhar com o Governo num
espírito de colaboração para a implementação das recomendações.
--- // ---
(nota editor: Por gentileza da LGDH. Djarama)
Na sequencia do anuncio da candidatura do Presidente de transição Sua excelência Sr. Serifo Nhamadjo, as eleições presidenciais de 13 de Abril, em violação do Pacto de Transição e as duas deliberacoes das cimeiras dos chefes de estados e dos governos da CEDEAO, as organizações da sociedade civil produziram um comunicado de imprensa que segue :
Colectivo
das Organizações da Sociedade Civil
Comunicado
de imprensa
Na
sequência da alteração da ordem constitucional do dia 12 de Abril
2012, a CEDEAO enquanto espaço de integração regional com mandato
para promover a paz e segurança nesta região, assumiu o
protagonismo de resolver a grave crise provocada pelos acontecimentos
supracitados em concertação com outras instâncias internacionais.
Na
esteira destas diligências politicas e diplomáticas com vista ao
retorno à ordem constitucional, foi convocada uma Sessão
Extraordinária da Conferência dos Chefes de Estados e de Governos
da CEDEAO que teve lugar no dia 3 de Maio 2012, em Dakar República
do Senegal. As conclusões finais desta cimeira ditaram a escolha do
presidente da ANP como Presidente de transição, e a constituição
de um novo governo cujo Primeiro-ministro devia ser escolhido com
base nos critérios de consenso.
O
comunicado final desta cimeira sublinha ainda no seu ponto
25, que
o Presidente de Transição e o Primeiro-ministro não podem
candidatar-se às eleições presidenciais imediatamente a seguir a
transição.
Em
virtude da importância deste assunto no restabelecimento de
confiança e credibilidade do processo de transição, a CEDEAO
convocou mais uma Sessão Extraordinária da Conferência dos Chefes
dos Estados e dos Governos no dia 11 de Novembro 2012, cujo
comunicado final,
voltou a reafirmar no seu ponto
21, que o
Presidente e o Primeiro-ministro de Transição não podem ser
candidatos às eleições presidenciais.
Por
forma a fazer face aos imbróglios jurídico-constitucionais
decorrentes da sublevação militar de 12 de Abril de 2012, os atores
políticos assinaram no dia 16 de Maio 2012, um Pacto
Político validada
posteriormente pela
Assembleia Nacional Popular. Documento
esse que suspendeu parcialmente a Constituição da República e
estabelece ferramentas jurídicas para o periodo de transição
politica. Este instrumento jurídico-político tem como objectivo,
criar condições para o normal e pleno funcionamento das
instituições de transição, assim como transpor na ordem jurídica
nacional, as deliberações das conferências dos chefes de estados e
dos governos da CEDEAO, rumo ao retorno à ordem constitucional.
Este
instrumento depositado no Supremo Tribunal de Justiça do qual emana
a legitimidade dos orgãos de transição, dispõe no seu artigo 5º
Nº 3 o seguinte: O
Presidente de Transição e o Primeiro-ministro não podem
candidatar-se às eleições presidenciais e legislativas imediatas.
Atentas
a evolução da atual situação política e social do país
sobretudo nesta fase sensível e crucial para as eleições gerais,
as organizações da sociedade civil foram surpreendidas com as
notícias postas a circular na imprensa nacional e estrangeira sobre
a eventual candidatura do presidente de transição Sr. Serifo
Nhamadjo às eleições presidenciais de 13 de Abril, numa clara
violação das deliberações das cimeiras da CEDEAO e das normas do
Pacto de Transição que ele próprio assinou e sustenta a sua
legitimidade.
Perante
estes factos susceptiveis de comprometer o processo eleitoral em
curso, as organizações da sociedade civil deliberam os seguintes:
- Denunciar e rejeitar a candidatura do Presidente de Transição senhor Manuel Serifo Nhamadjo por se traduzir numa violação grosseira do pacto de transição, das deliberações das duas conferências dos chefes dos estados da CEDEAO, e dos princípios da ética política, da confiança, da transparência e do bom senso que constituem alicerces dos titulares dos orgãos de soberania;
- Responsabilizar o Presidente de Transição e a CEDEAO pelas consequências desta ação solitária e ilegal, no desenrolar de todo o processo eleitoral;
- Exortar o Supremo Tribunal de Justiça à observância estrita e rigorosa das normas legais no processo de analise e validação das candidaturas às eleições presidenciais e legislativas;
- Apelar a Comunidade Internacional e o Conselho de Segurança das Nações Unidas para exigir que se cumpram as regras estabelecidas no pacto de transição para que se possa assegurar que as eleições gerais sejam livres, transparentes, justas e crediveis;
- Repudiar todas as ações e atitudes politicas que visam descredibilizar o processo eleitoral e pôr em causa os esforços concertados a nivel nacional e da comunidade internacional rumo ao retorno à ordem constitucional;
Feito em Bissau
aos 27 dias de Fevereiro 2014
CC/
NAÇOES
UNIDAS
UNIAO
EUROPEIA
UNIAO
AFRICANA
CEDEAO
CPLP
Assinado
Os
subscritores
Associação
dos Amigos das Crianças- AMIC
Acção
para o Desenvolvimento-AD
Associação
FORÇA GUINÉ
Associação
Guineense dos Estudos Alternativos-ALTERNAG
CASA
DOS DIREITOS
Confederação
Geral dos Sindicatos Independentes- CGSI-GB
Federação
Camponesa KAFO
Liga
Guineense dos Direitos Humanos - LGDH
Movimento
Ação Cidadã
Rede
das Associações Juvenis de Bairro Militar-RAJ
Sindicato
Democrático dos Professores
Sindicato
Nacional dos Professores –SINAPROF
Sindicato
dos Trabalhadores da Saúde
TINIGUENA
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