A NOVA-BRIGADA-DOS-CORONÉIS-DE-LÁPIS-AZUL
I
nós somos a Nova-Brigada-dos-Coronéis
-de-Lápis-Azul
perfilada em novos quartéis
fazemos o cadastro
toda a folha do artista
se de mau cantor não passa
o péssimo vocalista
a mais doce palavra
sempre é mais subversiva
na sua boca alarve
ainda mais superlativa
feito de casca grossa
mesmo de baixa extracção
altamente decilitrado
sem regra nem excepção
II
nós somos a Nova-Brigada-dos-Coronéis
-de-Lápis-Azul
perfilada em novos quartéis
aguçada na ponta
que mais risca esses papéis
escritos pelos “contras”
contra a lei dos bacharéis
e se a censura aviva
a morte do criador
banido da pantalha
cedo morre esse cantor
e calado na rádio
apagado nos jornais
vai-se à vida a voz canora
há-de morrer um pouco mais
III
e um pouco mais há-de morrer
há-de morrer ainda
se lhe arrojarmos à cabeça
um prémio desta maneira
vai ele direito à carreta
e de ventas às torneiras
e não serão decretados
três dias de luto a mais
mas um só dia de fados
de alegrias nacionais
nós somos a Nova-Brigada-dos-Coronéis
-de-Lápis-Azul
perfilada em novos quartéis
(Fausto Bordalo Dias)
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