As Forças Armadas da Guiné-Bissau concordam com a possibilidade de as eleições gerais marcadas para 16 de março serem adiadas para uma nova data, disse hoje o porta-voz dos militares, Daba Nawalna.
Falando aos jornalistas à saída de um encontro entre o Presidente de
transição guineense, Serifo Nhamadjo, e chefias militares, o porta-voz
das Forças Armadas referiu que a possibilidade de adiamento das eleições
foi tema da conversa.
Questionado sobre o facto de o chefe das Forças Armadas, o general
António Indjai, ter dito a 28 de janeiro que quem ousasse adiar as
eleições seria responsabilizado, Daba Nawalna afirmou que tal
posicionamento é pessoal, pelo que não vincula os militares.
Daba Nawalna lembrou que "a Guiné-Bissau é um país" onde, disse, "a vontade da maioria é que prevalece".
"O desejo pessoal de um indivíduo é importante, mas não deixa de ser
isso mesmo. As condições objetivas no terreno ditaram que as eleições
não podem ter lugar na data prevista", sublinhou.
"Nós, enquanto Forças Armadas, amantes da paz e crentes em que este
país pode avançar, apoiamos de bom grado este adiamento para uma data a
anunciar", afirmou.
O porta-voz das Forças Armadas guineenses não quis especificar se as
eleições serão marcadas para 13 de abril, como defende a maioria dos
partidos políticos e organizações da sociedade civil.
"A entidade competente o fará", assinalou Nawalna, aludindo ao decreto a ser publicado pelo Presidente Serifo Nhamadjo.
Questionado pelos jornalistas sobre a denúncia feita, em carta
aberta, pelo ex-ministro dos Negócios Estrangeiros Faustino Imbali de
que estaria a ser perseguido e ameaçado de morte, o porta-voz disse que
as Forças Armadas não controlam os serviços secretos.
"Nós estamos aqui em representação das Forças Armadas. Os serviços
secretos não pertencem ao Ministério da Defesa e nem ao Estado-Maior das
Forças Armadas", observou Nawalna.
Sobre a ideia defendida pelo representante do secretário-geral das
Nações Unidas, José Ramos-Horta, no sentido de o Presidente a ser eleito
ter que promover uma remodelação das chefias militares, Daba Nawalna
afirmou que cabe ao Governo decidir sobre o assunto.
"Quem tem competência para propor qualquer remodelação nas Forças
Armadas é o Governo e não a representação do secretário-geral das Nações
Unidas", assinalou o porta-voz do exército guineense, lembrando que o
processo de reforma está em andamento há muito tempo.
As eleições gerais na Guiné-Bissau estão marcadas para 16 de março,
mas devem ser adiadas devido a atrasos no recenseamento eleitoral.
Estas eleições ditam o fim do período de transição que se seguiu ao golpe de Estado de 12 de abril de 2012.
(in:lusa)
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