O representante especial do Secretário-geral das Nações Unidas na Guiné-Bissau, Ramos Horta, disse hoje numa entrevista que a campanha eleitoral para as legislativas de 13 de Abril, está a decorrer sem quaisquer incidentes de maior.
“A campanha eleitoral tem decorrido
bastante bem, sem quaisquer incidentes de maior, à excepção de um
incidente registado há cerca de duas semanas, agressão a um candidato do
PRS por elementos ligados ao sector militar, mas a situação foi
ultrapassada quase de imediato”, lembrou.
Ramos Horta adianta que o ambiente tem
sido muito festivo, com os políticos a “portarem-se muito bem”, sem que
houvesse registos de ataques pessoais, discursos incendiários de
instigação à violência ou ao ódio racial.
“O tom de discurso, das intervenções
durante esse período de campanha, assim como foi observado por outros
elementos das Nações Unidas e outros parceiros internacionais tem sido
altamente positivo. Não tem havido também interferência por parte dos
militares. Obviamente que não é possível evitar que haja telefonemas,
SMS a insinuar e a ameaçar. Acontece e têm sido reportados, mas é muita
pequena nota”, salientou.
A apesar do súbito falecimento, esta
sexta-feira, do ex-presidente guineense Kumba Ialá, Ramos Horta
sublinhou durante o contacto telefónico com a Inforpress, que a
comunidade internacional presente naquele país defendem que as eleições
não devem ser adiadas.
“O Governo decretou três dias de luto
nacional, há um sentimento de pesar generalizado, mas acredito que não
vai afectar o andamento do calendário eleitoral. O processo continua, a
campanha provavelmente será interrompida durante o período de luto
nacional, mas será retomada para que as eleições aconteçam no dia 13 de
Abril”, disse o representante de Ban Ki Moon na Guiné-Bissau.
Ramos Horta garante que todos os meios
materiais estão providenciados, designadamente os boletins de votos,
equipamentos e dinheiro extra cash para as instituições que trabalham no
dia-a-dia designadamente o Supremo Tribunal de Justiça, a Comissão
Nacional das Eleições, as instituições responsáveis pela segurança.
Questionado sobre as denúncias da
suposta compra de votos nas vésperas das eleições, Ramos Horta disse
acreditar que o povo guineense é “maduro” o suficiente para votar em
consciência e em sintonia com a confiança em relação ao candidato e ao
partido.
“O guineense é muito mais astuto do que
se pensa. Ele ou ela tem a sua preferência, a sua lealdade baseada no
conhecimento que tem em relação ao partido, lealdade e afinidades por
razoes étnicas, tribais e culturais. Mas obviamente que ele vai
recebendo apoio de todos”, frisou.
“Não vejo isso como problema e digo a
eles para receberem tudo que alguém lhes oferecer. O importante é vossa
consciência na hora do voto”, salientou Ramos Horta indicando que as
eleições vão contar com aproximadamente 400 observadores.
A campanha eleitoral decorre desde o dia
22 de Março, com vista às eleições presidenciais e legislativas,
agendadas para o próximo dia 13 de Abril.
Estão a concorrer 15 partidos nacionais,
que procuram conseguir lugares no parlamento local e Assembleia
Nacional, bem como 13 candidatos presidenciais.
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