O deputado do MpD para o círculo eleitoral da África, Orlando Dias, apresentou esta quinta-feira, 26, no Parlamento, as preocupações das comunidades crioulas residentes em Bissau e Benguela, Angola, exortando o governo a resolver os problemas destes emigrantes que se queixam de estar a ser discriminados pelo Estado de Cabo Verde. Segundo Orlando Dias, as preocupações mais urgentes têm a ver com as pensões dos idosos, o acesso de jovens às bolsas de estudo e as questões da representação diplomática.
O subsídio atribuído aos idosos da diáspora
africana, além de insuficiente, para Orlando Dias, "é uma autêntica
vergonha a Cabo Verde". Estes idosos recebem, segundo explicou, "1000
escudos de três em três meses ou muitas vezes de seis em seis meses",
situação que considera que já deveria ser resolvida pelo executivo de
José Maria Neves, durante a década e meia de governação. Mais: Sublinhou
que estes idosos cabo-verdianos sentem-se discriminados em relação aos
que vivem em Cabo Verde que recebem 5000 mil escudos mensais e advertiu
que estão à espera do aumento que lhes foi prometido.
Segundo Dias, essas comunidades cabo-verdianas sentem-se
abandonadas, não conseguindo inclusive regularizar os documentos
pessoais (Bilhetes de Identidade e os Passaportes) nem tão pouco os
vistos de permanência. Dias trouxe igualmente as preocupações dos jovens
da diáspora que reclamam não conseguir o acesso às bolsas de estudos, à
semelhança daquilo que se faz com os outros países.
O problema passa também pela representação diplomática,
com especial enfoque para a Guiné-Bissau onde Cabo Verde não tem uma
representação consular, nem tão pouco, um consulado honorário. Motivo
que leva o deputado a estranhar e em reforço afirmou que “por mais
incrível que pareça, a própria Guiné-Bissau tem um consulado em Cabo
Verde”. Uma outra preocupação dos crioulos na Guiné-Bissau é o corte da
ligação aérea por parte da TACV.
As preocupações dos cabo-verdianos em Benguela são,
segundo explicou o deputado, igualmente relativas à representação
diplomática, sublinhando que o consulado de Cabo Verde nessa cidade não
funciona como deve ser e a comunidade não tem tido a necessária atenção
do governo. O resultado deste cenário é, segundo Orlando Dias, a
quantidade de cabo-verdianos ilegais em Angola que pedem o apoio do
governo para a regularização dos seus processos e que não o recebem.
Orlando Dias aproveitou para criticar José Maria Neves
que na recente visita a Angola “não conseguiu reservar uma ou duas horas
para se reunir com a comunidade cabo-verdiana naquele país”. E exortou o
governo a não ficar só nos discursos e nas promessas e a aparecer nas
alturas de campanha para pedir votos, sem apresentar medidas politicas
que possam melhorar a vida dessas pessoas.
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