A União Africana (UA) apela aos restantes parceiros da comunidade internacional a levantarem as sanções impostas à Guiné-Bissau na sequência do golpe de Estado de 2012, anunciou hoje em Bissau o representante da organização, Ovídio Pequeno.
Em conferência de imprensa para anunciar o levantamento da suspensão da
Guiné-Bissau decidida na última reunião do conselho de paz e segurança
da organização, Ovídio Pequeno observou que o país está a retomar a
normalidade constitucional com a realização de eleições "livres, justas e
credíveis" em abril e maio.
Na sequência das eleições (legislativas e presidenciais), a UA decidiu
levantar as sanções contra a Guiné-Bissau, permitindo desta forma que o
país "retome imediatamente" a sua participação nas atividades da
organização.
Ovídio Pequeno explicou que o Presidente eleito da Guiné-Bissau, José
Mário Vaz, que deve ser investido no cargo na próxima segunda-feira, já
poderá participar na cimeira de chefes de Estado da organização, que vai
ter lugar nos dias 26 e 27 de junho em Malabo, Guiné Equatorial.
O representante da UA sublinhou, contudo, que o país tem em falta o
pagamento das quotas da organização, situação que deve ser analisada,
tendo em conta o facto de a Guiné-Bissau ter estado dois anos sob
embargo internacional.
Questionado pela Lusa sobre se José Mário Vaz já foi convidado a
participar na cimeira de Malabo, Ovídio Pequeno disse que o assunto está
ser tratado.
Por outro lado, afirmou que a organização africana exorta as autoridades
eleitas a prosseguirem com o processo de reconciliação nacional, boa
governação (que inclui a gestão dos recursos naturais), respeito pelos
direitos humanos, luta contra a impunidade e tráfico de droga.
A reforma do setor da defesa e segurança e o desenvolvimento
socioeconómico do país são outros dos desafios que a UA encoraja as
novas autoridades a não deixar de lado, disse Ovídio Pequeno.
A organização africana exorta igualmente os militares a "romperem
definitivamente com as práticas do passado" de ingerência na gestão do
país e sublinha "com força" o dever de lealdade que devem manter perante
as autoridades civis democraticamente eleitas.
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