Nomeado no passado dia 24 e com posse prevista para os próximos dias, o novo líder quer que cada membro do Governo entregue "uma relação de bens" no início de funções, para que se possa verificar se o património que possui no final do mandato é justificado.
Domingos Simões Pereira quer dar o exemplo, defendendo também um
"escrutínio do passado" para assegurar que cada um tem "condições morais
para fazer a gestão dos bens públicos".
"Já pedi à Assembleia Nacional Popular (ANP) que ative rapidamente a
comissão de Ética, porque acho que todos nos devemos submeter à
verificação que essa entidade entender pertinente fazer para clarificar
os nossos atos", justificou.
A medida contrasta com a corrupção e impunidade diagnosticada por
entidades guineenses e estrangeiras e verificável no dia-a-dia do país.
"É preciso conquistar o povo guineense para um desafio nacional e
isso é um propósito perdido à partida se o povo não acreditar nas
autoridades. Nós precisamos do crédito do povo da Guiné-Bissau",
sublinhou.
Domingos Simões Pereira vai governar uma das nações mais pobres do
mundo, com carências a todos os níveis e em que apesar de vários
recursos naturais estarem a ser exportados, fontes estatais referem que
os cofres do tesouro público estão vazios.
O ponto de partida para começar a governar "é fazer uma real
avaliação da situação do país", para se fixarem "metas de curto prazo",
num plano de emergência que o chefe do próximo Executivo quer ver pronto
rapidamente.
Nas ruas reclama-se o pagamento de salários em atraso na função
pública - seis meses, segundo sindicatos e outros organismos -, algum
abastecimento de água e luz e avolumam-se as queixas pelo aumento do
custo de vida.
"Não tenho cheques na mão, tenho promessas de abertura de diálogo e
muitos parceiros disponíveis para trabalharem connosco porque acreditam
no programa que apresentámos", referiu o primeiro-ministro à Lusa.
Domingos Simões Pereira já manteve encontros com vários bancos de
apoio estrutural, duas reuniões com a Comunidade Económica dos Estado da
África Ocidental (CEDEAO) - que poderá "preparar um pacote de
assistência à Guiné-Bissau" - e em julho espera deslocar-se a Bruxelas,
para conversas com responsáveis da União Europeia.
A ajuda externa permitirá ao país sair do "buraco", para a
Guiné-Bissau começar a ser disciplinada na angariação de receitas e
conseguir cuidar de si própria, porque, acentuou: "É a dignidade que
está em causa".
O novo primeiro-ministro admite a participação de instituições
internacionais na administração pública para que haja boas práticas, mas
só "ao nível da implementação" de projetos no terreno - afastando a
ideia de co-assinatura nos gabinetes ministeriais.
"Na definição de grandes políticas, o Governo tem que reter uma
primazia que lhe permite ser o dono do destino do seu país e do seu
povo", destacou.
O primeiro grande exercício está para breve: em condições normais, o
Executivo teria 60 dias para delinear o Orçamento Geral do Estado, mas
segundo Domingos Simões Pereira, perante o cenário de urgência, "temos
que subtrair o máximo de tempo possível e conseguir em tempo recorde
fazer a apresentação".
"O mais importante agora é dar o primeiro passo e não parar de andar no sentido correto", concluiu.
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