Advogado português, Miguel de Serpa Soares dirige departamento com juristas de 60 países; segundo subsecretário-geral, riqueza cultural e linguística ajuda na hora de resolver problemas complexos.
O novo subsecretário-geral da ONU para Assuntos Jurídicos está apostando na diversidade como marca do Departamento que assiste directamente o secretário-geral da organização em assuntos legais.
Miguel de Serpa Soares, que foi nomeado para o posto em setembro passado, acredita que a "riqueza cultural e linguística" de seu escritório ajuda na hora de construir consensos. O departamento dirigido por ele abriga 200 juristas de 60 países.
Diálogo
Português, nascido em Angola, ele estudou direito em Lisboa e na Bélgica. Aos 47 anos de idade, Serpa Soares é o mais jovem subsecretário-geral a ocupar o cargo.
Em sua primeira entrevista à Rádio ONU, o jurista afirmou que a herança portuguesa também é útil no dia-a-dia do trabalho com as Nações Unidas.
"Nós portugueses, na cultura portuguesa, nós estamos habituados a falar com toda a gente (…) É como se o multi-culturalismo já está no nosso sangue, faz parte do nosso código genético. E o português, como o brasileiro, normalmente está sempre à vontade em todo os lados do mundo e sabe falar com toda a gente. (…) Portugal é um país pequeno apesar de ter sido um grande império, tem imigrantes em todos os lados do mundo. É um país habituado ao diálogo, a tentar construir consensos, isso obviamente aqui ajuda. Nós temos uma facilidade a aceitar a cultura do estrangeiro, a cultura dos outros. E aqui, nas Nações Unidas, esse é o nosso dia-a-dia. Isso ajuda de facto", afirma.
Conselho da Europa
Antes de chegar à ONU, Miguel de Serpa Soares trabalhou no Ministério dos Negócios Estrangeiros de Portugal e representou o país em vários fóruns internacionais incluindo o Conselho da Europa, o Tribunal Penal Internacional e a própria Organização das Nações Unidas.
Ao nomear o advogado português para o cargo, Ban Ki-moon ressaltou a experiência de Serpa Soares no que chamou do talento do jurista para com "sensibilidades na política internacional", além de "abordagens inovadoras de negociação".
Serpa Soares substituiu a também jurista Patricia O'Brien, da Irlanda.
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