Junho, 2014 - A conclusão é do Relatório do Progresso de África, realizado pelo Africa Progress Panel (APP), que reúne dez personalidades que se preocupam com o futuro de África, incluindo a moçambicana Graça Machel, e é presidido pelo ex-secretário-geral da ONU Kofi Annan.
O documento, que faz uma análise dos recentes progressos do continente africano e dos desafios que se lhe colocam, conclui que havia 493 milhões de africanos a viver em países com taxas anuais de crescimento per capita iguais ou superiores a 3%, entre 2000 e 2012.
Entre estes países, Angola é o 2.º com maior crescimento do PIB per capita (uma taxa anual média de mais de 6%), Cabo Verde o 4.º e Moçambique o 8.º.
No extremo oposto surge a Guiné-Bissau, que com uma taxa de crescimento anual média do PIB per capita negativa surge no sexto pior lugar.
A manter-se este cenário, os Guineenses teriam de esperar mais de 76 anos para duplicarem o seu rendimento médio, enquanto os angolanos, cabo-verdianos e moçambicanos duplicariam os rendimentos médios em menos de 17 anos, conclui o relatório.
Mas os elevados níveis de crescimento económico registados em alguns países africanos não são um bom guia para aferir a severidade da pobreza ali existente, sublinha o relatório.
Com efeito, exemplifica o documento, o angolano pobre consome em média menos do que o etíope pobre, embora Angola seja já considerado um país de médio rendimento.
Segundo o relatório, o pobre médio em moçambique consome diariamente pouco mais de 70 cêntimos de dólar, o angolano quase 80, o guineense mais de 80, o são-tomense mais de 90 e o cabo-verdiano mais de um dólar por dia.
O documento agora divulgado revela ainda que, embora a percentagem de africanos a viver em pobreza extrema tenha diminuído na última década, o número total de pobres aumentou devido ao aumento da população.
O APP alerta ainda que, apesar de a pobreza estar a diminuir em África, não está a diminuir tão depressa como noutras regiões do mundo, pelo que, a manterem-se as tendências actuais, África representará 80% dos pobres extremos do mundo até 2030.
Actualmente, quase metade da população da África Subsaariana - 413 milhões de pessoas - vive abaixo da linha da pobreza extrema (com menos de um euro por dia), embora haja grandes discrepâncias entre países.
Entre os países lusófonos, Moçambique é o mais mal colocado na tabela: Com uma estimativa de 14,3 milhões de pobres, o país tem uma percentagem de pobres superior a 60% da população.
A Guiné-Bissau tem quase 50% de pobres (700 mil), Angola mais de 40% (8,3 milhões), São Tomé e Príncipe cerca de 20% (30 mil) e Cabo Verde menos de 10% (40 mil).
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