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Joseph Pulitzer

sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Tudo por metade... Rivalidades e lutas intestinas continuam a minar clima de confiança

1. A situação política na Guiné-Bissau continua a não inspirar confiança; persiste, sem sinais de abrandamento, um clima de lutas de poder, ditas “intestinas”, opondo o Presidente, José Mário Vaz (JMV), ao ex-Primeiro-Ministro e presidente do PAIGC, Domingos Simões Pereira (DSP), mas envolvendo outras entidades do Estado.

JMV é apontado nos países da região (à excepção da Gâmbia) e entre os principais parceiros internacionais da Guiné-Bissau, como “causador” da crise política declarada em Ago; mas igualmente da indefinição que continua a persistir, em larga escala atribuída a um esforço do próprio no sentido de se impor e reforçar a sua posição.

Olesegun Obasanjo diz em privado que na sua última missão a Bissau, meados Out, na qualidade de emissário da CEDEAO, exortou JMV a “corrigir” a linha de afrontamento interno que vinha seguindo - desabafo interpretado como reflexo de convicções ou instituições do próprio como as seguintes:

- JMV fomentou e/ou precipitou a crise política; a sua quota-parte no arrastamento da mesma tem sido determinante.

- Parece decidido a não desistir enquanto não atingir o fim do reforço do seu poder que traçou para as suas disputas com DSP – que quer isolar politicamente.

A missão de Olesegun Obasanjo em Out. foi precedida de perto por outra, em Set. Ambas foram decisivas para a facilitação/ aceleração de medidas que dependiam da capacidade de decisão de JMV, ou nas quais o mesmo poderia interferir decisivamente, tendo em vista ultrapassar situações de impasse.

Em Set. a exoneração do Primeiro-Ministro recém-nomeado, Bacíro Djá, e o restabelecimento da faculdade da constituição do Governo por parte do PAIGC, partido maioritário.

- Em Out, a ultrapassagem de impasses que estavam a prejudicar a constituição do Governo do PAIGC.

2. Em Dez. 60 dias depois da posse, o governo de Carlos Correia terá de se apresentar na ANP para aprovação do seu programa. O processo já deu lugar a iniciativas, muitas das quais de natureza subtil, opondo as partes representadas por JMV e DSP, ambas agindo movidas pela pretensão de colher vantagens do acto.

A parte de JMV, tendo por protagonistas activos figuras com o mesmo conotadas, está aplicada num esforço destinado a dividir as bancadas do PAIGC e PRS e por essa via desprovê-las de condições aritméticas para garantir a aprovação do programa. DSP, ao contrário, tenta assegurar a lealdade/disciplina na bancada do PAIGC.

Informação verificada.


- O alvo principal das acções de captação de apoios na bancada do PAIGC por parte de JMV, é a chamada ala de Braima Camará principal rival interno de DSP; o próprio e outros dois antigos dirigentes do PAIGC, Soares Sambú e Aristides Ocante da Silva, estão activamente envolvidos nas acções de cativação de elementos da referida ala, e outros.

- Paralelamente, dois altos dirigentes do PRS, Artur Nambeia e Florentino Mendes Pereira, desenvolvem iniciativas, igualmente discretas, no sentido de assegurar que a bancada parlamentar do seu partido, pelo menos na sua maior parte, não votará o programa do Governo de Carlos Correia.

O PRS, numa atitude a que não terão sido estranhas influências exercidas pelos mesmos dirigentes, já se escusara antes a integrar o Governo de Carlos Correia. O PRS é o segundo maior partido, mas aspira vir a ter o estatuto de partido principal – objectivo que julga poder ser facilitado por dissensões internas que enfraqueçam o PAIGC. Uma ala identificada com Artur Sanhá é contrária a esta linha. De acordo com informações abalizadas, a parte de JMV está convencida de que o Governo de Carlos Correia não contará com a aprovação da ANP, ficando assim obrigado a demitir-se. Estima-se que as bancadas do PAIGC EPRS se dividirão o suficiente para inviabilizar a aprovação do programa do Governo.

É atribuído a JMV o intento de fazer com que, entretanto, estale no PAIGC um movimento de contestação de DSP e da sua liderança, capaz de levar ao seu afastamento e secundarização política. JMV vê DSP como elemento contrariador da sua reeleição, dado o seu superior prestígio e preparação geral.

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