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quinta-feira, 22 de outubro de 2015

“Redes criminosas” recrutam estudantes africanos no Brasil como “correios de drogas”

Cabo Verde - O director nacional da Polícia Judiciária (PJ), Patrício Varela, alertou esta quarta-feira que grupos criminosos estão a recrutar estudantes africanos, entres eles cabo-verdianos e com necessidades financeiras, como “correios de drogas” entre Brasil e África.


No alerta, que foi feito em declarações aos jornalistas na Cidade da Praia, à margem da abertura do I Conferência Internacional sobre Criminologia e Segurança Pública, promovida pelo Instituto Superior de Ciência Jurídicas e Sociais (ISCJS), Patrício Varela disse que esta é uma “realidade nova”.

“Não temos dados que nos indicam que há um aumento progressivo desses casos, mas que em Cabo Verde já ocorreu um caso, ao contrário da Guiné-Bissau, por exemplo, em que o assunto já é preocupante”, frisou, sustentando que desde que teve conhecimento deste facto que tem alertado às pessoas a fim de os pais prevenirem os filhos.

Segundo o director nacional da PJ, os “grupos criminosos não conhecem limites”, principalmente destes em concreto, que estão a recrutar estudantes no Brasil para fazerem o trabalho de “correios de drogas”, o que está a deixar a polícia criminal “bastantes preocupada”.

“Queremos contribuir para o esclarecimento público e fazer um trabalho de prevenção para que tal não continue, por isso, alerto a todos os cabo-verdianos a estarem cientes desta nova realidade e que de facto é preciso conversar com os estudantes lá fora, tendo em conta que o usual é utilizar as pessoas que têm necessidade financeira para trazerem drogas para o país”, argumentou.

Por outro lado, Patrício Varela disse que, neste momento, apesar da demanda em termos do pessoal e de recursos, a PJ tem feito um “esforço enorme” para fazer as suas investigações criminais e que o resultado é conhecido por todos, visto que os profissionais estão “empenhados, em cada vez mais”, fazer um trabalho “mais apurado” e dar um combate efectivo ao crime em Cabo Verde.

“As demandas são múltiplas, porque temos um corpo de efectivo diminuto, ou seja, cerca de 170, e para reforçar esse corpo há a necessidade de fazer novos recrutamentos a nível dos inspectores para não só responder as demandas na ilha do Boa Vista, mas também expandir para outros municípios, como Santa Catrina de Santiago, a região Fogo e Brava, assim como reforçar a própria direcção central da Praia e departamentos de São Vicente e do Sal”, afirmou.

Conforme o responsável, o último recrutamento feito para a corporação foi há três anos, mas que brevemente vai fazer uma proposta ao Governo no sentido de fazer novos recrutamentos para que, pelo menos no início de 2017, possam entrar novos efectivos na PJ, lembrando que o departamento que foi criado em Santa Catarina de Santiago foi criado e não está a funcionar devido a falta de efectivos.

O requisito para o ingresso na carreira de investigação criminal é ter licenciatura em qualquer curso, mas Patrício Varela disse que Cabo Verde tem cooperação com várias congéneres, nomeadamente com a PJ portuguesa, com a Polícia Federal brasileira, outras entidades policiais como Espanha, Itália, Alemanha, que enviam os seus formadores para ministrar formação prática aos efectivos no país.

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