Como luso-guineense e conhecedor profundo do sentir da esmagadora maioria dos guineenses residentes e imigrantes em Portugal, estou profundamente indignado com as asneiras daqueles que estão a desgovernar a Guiné-Bissau, conduzindo-a para o abismo.
O que aconteceu com a TAP
em Bissau foi uma verdadeira palhaçada política sem nenhuma graça, para
entreter a assistência à escala mundial. Aliás, os guineenses habituaram
a comunidade internacional a cenas em nada dignificantes para o país.
Ora,
esses aprendizes da feitiçaria política confundem sistematicamente os
seus interesses pessoais com os legítimos interesses do país,
delapidando o erário público em detrimento do bem comum. O recente
acontecimento veio evidenciar a permeabilidade à corrupção dos
dirigentes guineenses. Daí que alguns deles cobertos de lama da
corrupção pretendem “cobrir o sol com a peneira”, tentando lançar a
culpa sobre as autoridades portuguesas e sem o mínimo de vergonha.
Pois
bem, a TAP agiu em conformidade com o seu sentido de responsabilidade
de zelar pela segurança de pessoas e de bens nos seus aviões, mas viu-se
forçada pelos irresponsáveis e incompetentes governantes a trazer os
refugiados sírios para Portugal, mesmo com documentos falsos.
Assim
este incidente, que poderia ter provocado danos irreparáveis, causou
enormes prejuízos aos passageiros, quer de um lado, quer do outro do
Atlântico, com significativa perda de tempo. Mas, apesar de
incompetência dos governantes guineenses em lidarem diplomaticamente com
casos daquela natureza, a TAP deveria reconsiderar o seu breve regresso
aos voos para a Guiné-Bissau, satisfazendo o desejo do povo guineense.
Aliás, toda a gente sabe que a Guiné não tem governantes à altura dos
seus pergaminhos.
Como é que um país que nem tem dinheiro para a
realização das suas eleições pode ter uma companhia aérea sustentável?
Ouviu-se, mais uma vez, disparate de quem não tem a mínima noção da
realidade do país de que é membro do “governo”, dizer em jeito de
chantagem que a Guiné-Bissau vai criar a sua própria transportadora
aérea, deixando de depender da TAP. Uma coisa que o porta-voz do
“governo” guineense não sabe é que a TAP voa para a Guiné-Bissau por
razões meramente políticas de ajuda ao povo guineense. Mas, já que
querem libertar-se da ajuda generosa de Portugal, então deixem de mandar
para cá as centenas de doentes por ano para tratamento
médico-hospitalar a custo zero. Ora, o acordo estabelecido entre os dois
Estados na área da saúde era que a Guiné deveria comparticipar nas
despesas decorrentes do tratamento hospitalar dos doentes vindos da
Guiné, mas este “país” nunca cumpriu as suas obrigações financeiras.
Como
se isso não bastasse, muitos governantes escudam-se na nacionalidade
portuguesa para se poderem deslocar a Portugal e ao espaço da União
Europeia, quando precisam dos cuidados médicos ou tratar dos assuntos
pessoais. Mesmo assim não têm escrúpulo de falar de Portugal como se
fosse uma “república das bananas”, situada ao mesmo nível da
Guiné-Bissau. É pena que neste país qualquer pessoa julgue poder ser
ministro ou Presidente da República, mesmo não possuindo perfil ético e
competências para exercer cabalmente esses cargos.
Como cidadão
português e guineense de origem, sinto-me indignado com as ofensas
indecorosas proferidas contra o Presidente da República, prof. Cavaco
Silva, e o ministro dos Negócios Estrangeiros, dr. Rui Machete, por quem
não tem idoneidade moral e preparação política para representar o
humilde e honroso povo guineense.
Por isso venho, em meu nome
próprio e no da comunidade imigrante guineense, que tenho servido com
toda a dedicação e que, por sua vez, tem contribuído através das suas
remessas para ajudar o país de origem, manifestar publicamente o nosso
repúdio pelos insultos contra os dois altos dignatários da Nação e, ao
mesmo tempo, mostrar-lhes também a nossa solidariedade na defesa da
causa comum.
Convenhamos que tanto o povo como a comunidade
guineense em Portugal não se revêem nas condutas desviantes dos
salteadores do poder que está na rua e queremos manter os laços
históricos com o povo português independentemente das politiquices dos
(des)governantes do país de faz de conta.
Com os seus
irresponsáveis e criminosos actos a soldo de algum dinheiro, só têm
causado enormes prejuízos ao país e à diáspora guineense em Portugal,
bem como àqueles que se servem de Portugal, provenientes de outros
países, para viajar até à Guiné e vice-versa.
Portugal é o país que mais tem ajudado a Guiné desde a independência até hoje e tem sido o lobby da Guiné junto da comunidade internacional.
(Dirigente da Associação Guineense de Solidariedade Social)
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