A nova directora-geral da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), Georgina Melo, afirmou hoje à Lusa que uma das suas principais tarefas será dar "mais conteúdo de sociedade e empresa" à organização lusófona.
Em declarações à Lusa, Georgina Melo explicou que uma das suas
principais funções já definidas nos vários encontros que teve com o
secretário-executivo da CPLP será o reforço da abertura da organização à
sociedade civil e empresarial.
"Os nossos presidentes e chefes de governo estão cientes de que a
CPLP tem sido muito uma organização de Estados e de governos e
manifestaram a intenção de convertê-la numa organização de sociedade e
de empresas para que haja mais comércio, mais circulação de pessoas e
bens, mais tecido económico, para que as pessoas possam sentir que há
uma CPLP que é qualquer coisa que lhe toca", disse a economista
cabo-verdiana, que vai substituir o guineense Hélder Vaz em Fevereiro.
Para atingir este objectivo, Georgina Melo explicou que será preciso
intensificar as relações entre as empresas dos diversos países, entre as
várias ONG e outros organismos da sociedade civil, para que o espaço da
CPLP no futuro tenha mais trocas comerciais, sociais e culturais entre
os povos.
Questionada se este objectivo não irá se esbarrar na dificuldade
existente na circulação de pessoas entre os países, Georgina Melo
reconheceu que essa é uma das grandes preocupações mas espera que possam
ser encontrados mecanismos para facilitar estas trocas.
"É uma grande preocupação do actual secretário executivo: que haja
mais circulação de pessoas, de bens e de serviços. Se se conseguir
mecanismos que permitam que essa circulação se comece a fazer de forma
mais fluida, seguramente teremos mais CPLP e ela vai dizer mais respeito
a cada um dos cidadãos", garantiu.
Sobre um dos grandes temas que tem dominado a agenda da CPLP, a
adesão da Guiné Equatorial, a nova directora-geral da organização afirmou
que "seguramente deverá ser tema da próxima cimeira".
Georgina Melo disse entender que a principal forma de ultrapassar o
problema da adesão da Guiné Equatorial deve passar por um envolvimento
maior da sociedade civil neste processo, nomeadamente das organizações
dos direitos humanos dos países que compõem a comunidade.
"Se as coisas foram equacionadas, as organizações dos direitos
humanos estiverem envolvidas, se se negociar e estabelecer calendários
que permitam que haja respeito pelos direitos que são básicos e que haja
um esforço claramente neste sentido acredito que com mais envolvimento
todos sairão a ganhar", disse.
A economista mostra-se também preocupada com a situação da
Guiné-Bissau, esperando que o país encontre o caminho da paz e da
estabilidade e defendeu que os líderes da organização lusófona tem vindo
a fazer um esforço para aquele país.
"A comunidade tem dito que quer ajudar o povo da Guiné-Bissau e sabe
que o caminho do desenvolvimento passa pela paz e pela estabilidade" e
sem isso "é difícil haver construção económica e sem construção
económica é difícil criar emprego e tirar as populações da pobreza e é o
que todos nós pretendemos para os nosso países", disse a responsável.
O director-geral é recrutado entre cidadãos nacionais dos Estados
membros, mediante concurso público internacional, por um prazo de três
anos, renovável uma vez, por igual período, mediante a decisão do Comité
de Concertação Permanente.
Economista, Georgina Melo actualmente coordena o Quadro Integrado
Reforçado (QIR), que visa ajudar o comércio internacional nos países
menos avançados.
A economista, que também trabalhou em Timor-Leste como consultora,
fez parte do anterior Conselho de Administração da Transportadora Aérea
Cabo-verdiana (TACV).
(in: lusa)
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