A Conoco Phillips rejeitou a afirmação do Governo, que acusou a empresa de petróleo norte-americana de saber do fundo do ex-assessor do Ministério das Finanças, que foi detido recentemente pela Polícia Federal dos EUA sob a acusação de fraude a Timor-Leste, no valor de mais de 3,5 milhões de dólares.
No final de 2009 o programa de ajuda da Noruega recrutou Bobby Boye, um cidadão norte-americano nascido na Nigéria, dizendo tratar-se de um especialista em direito tributário do petróleo, para ajudar Timor-Leste a receber todo o dinheiro a que tinha direito.
De acordo com o FBI, Boye «terá supostamente enganado representantes de Timor-Leste para a adjudicação do contrato lucrativo para ´Opus & Best Services LLC´, uma firma de direito e contabilidade fictícia de Nova Iorque que, sem o conhecimento de Timor-Leste, foi secretamente controlada por Boye».
«Entre Junho e Dezembro de 2012, Timor-Leste transferiu mais de 3,5 milhões de euros para a conta corrente da ´Opus & Best´ Nova Iorque, que era controlada por Boye. Ele usou o dinheiro para comprar quatro propriedades em Nova Jersey, por mais de 1,5 milhões dólares em dinheiro, três veículos de luxo, um Bentley de 2012 por 172 mil dólares, um Range Rover de 2012 por 100.983 dólares e um Rolls Royce em 2011 por 215 mil dólares, bem como dois relógios por quase 20 mil dólares».
«Os sete crimes de conspiração e fraude electrónica de que Boye é acusado podem resultar numa pena máxima potencial de 20 anos de prisão e uma multa de até 250 mil dólares, ou o dobro do ganho ou perda do delito».
Numa audiência a 2 de Julho, o juiz Cathy L. Waldor declarou os processos suspensos durante 60 dias, para permitir que os promotores e advogados de defesa façam um acordo «no interesse da justiça», evitando os custos de um julgamento.
No entanto, a 12 de Agosto, o tribunal estendeu a permanência até 22 de Outubro porque «tanto os EUA como o réu desejam mais tempo para negociar um acordo de confissão, o que tornaria qualquer procedimento do Júri e qualquer posterior julgamento deste assunto desnecessário».
O Governo de Timor-Leste foi informado de que Boye era da máfia e culpou a empresa ConocoPhillips. Na semana passada, o ministro dos Recursos Naturais, Alfredo Pires, disse que a ConocoPhillips sabia do caso de Boye mas não disse ao Governo do Díli até à sua detenção.
O comentário de Alfredo Pires, publicado num jornal local, foi rejeitado fortemente pelas petrolífera norte-americana.
«As acusações feitas nos últimos artigos dizendo que a Conoco Phillips escondeu factos sobre Bobby Boye estão erradas. A Conoco Phillips tinha levantado a Timor-Leste as preocupações relacionadas com Bobby».
«Além disso dissemos ao Conselheiro de Timor-Leste, Piere Richard Prosper, assim que foi confirmado que Boye era um criminoso condenado sob o seu apelido Boby O. Aziboye», disse o gabinete da Conoco Phillips em Díli, numa declaração por escrito.
«Na nossa opinião tanto o Governo de Timor-Leste como a Conoco Phillips foram prejudicados pela acção de Boye, é sempre decepcionante quando a acção de um indivíduo tem esse impacto».
A ConocoPhillips disse que valoriza a sua relação com o Governo de Timor-Leste e continua empenhada em avançar, na esperança que a relação fortaleça e se torne mais proveitosa do que nunca.
A ONG La´o Hamutuk, em Díli, disse que culpou os Governos da Noruega e de Timor-Leste pela presença de Boye no Ministério das Finanças. Considerou que Oslo enviou uma pessoa errada para Díli para fazer o povo timorense um pouco mais pobre.
O Ministério das Finanças timorense não conseguiu verificar os antecedentes de Boye correctamente antes de lhe dar um novo contrato como consultor da ministra Emília Pires, após o contrato de Oslo ter terminado, disse a ONG La´o Hamutuk.
O ministro dos Negócios Estrangeiros, José Luís Guterres, disse que o país está preparado para prestar as suas declarações no julgamento de Boye, se o tribunal norte-americano entender.
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